A instalação da BYD em Camaçari, na Bahia, continua cercada de incertezas. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Julio Bonfim, levantou um alerta preocupante: há indícios de que a unidade pode não ser uma fábrica de veículos, mas apenas um centro de distribuição, o que afetaria drasticamente a oferta de empregos na região.
Sinais de Mudança no Projeto
Entre os indícios que reforçam a suspeita de que a BYD pode estar priorizando a importação de veículos semi-montados, em vez da produção local, estão:
- Automação elevada na estrutura anunciada pela empresa para a unidade de Camaçari.
- Ampliação da frota de navios da BYD, como o Explorer #1, que transporta milhares de veículos da China para o Brasil.
- Expansão da fábrica da BYD na China, que aumentou sua capacidade produtiva para 1 milhão de unidades por ano.
- Pedido de redução fiscal ao Governo Federal para montagem em CKD e SKD, reduzindo o nível de nacionalização dos produtos.
Impacto na Geração de Empregos
Caso a montadora transforme a unidade baiana apenas em um centro de distribuição, a oferta de empregos será mínima, muito abaixo do esperado pelos trabalhadores e pelo governo estadual. Inicialmente, a BYD havia prometido 20 mil empregos diretos e indiretos, mas um centro logístico exigiria um número significativamente menor de funcionários, causando frustração entre ex-trabalhadores da Ford, que aguardavam a reindustrialização da região.
A Resposta da BYD
Apesar das preocupações, a montadora chinesa reafirma seu compromisso com a produção nacional, garantindo que investirá R$ 5,5 bilhões na unidade de Camaçari. Segundo a empresa, o plano inicial prevê a fabricação de 150 mil veículos por ano, com nacionalização progressiva dos modelos.
Mesmo com essa declaração oficial, sindicalistas continuam cobrando transparência sobre a real finalidade da planta baiana. O receio é que a BYD aproveite incentivos fiscais e a estrutura da antiga fábrica da Ford apenas para logística de distribuição, sem consolidar um polo industrial.
Uma reunião entre representantes da BYD e do sindicato está prevista para as próximas semanas. O desfecho dessa situação será fundamental para o futuro da economia baiana e do setor automotivo no Brasil.
Com informações de Notícias Automotivas e Quatro Rodas