Ministério da Educação (MEC) lançou, na manhã desta quinta-feira (15/08/2019), o caderno que explica as diretrizes, os princípios e os objetivos da Política Nacional de Alfabetização (PNA), estabelecida em abril deste ano por meio de decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).
A política implementada pelo MEC defende a “priorização”, segundo o próprio decreto, da alfabetização das crianças já no primeiro ano do ensino fundamental, além da utilização de conceitos do método fônico. A proposta é implementar programas e ações voltados à promoção da alfabetização baseados em evidências científicas.
“Qual o resultado desses anos todos de pensamento dogmático da educação brasileira? Vamos insistir mais 20 anos?”, questionou o ministro da Educação, Abraham Weintraub, para logo em seguida responder a própria pergunta. “O resultado é que 50% das crianças brasileiras são analfabetas”, complementou.
O objetivo é atingir as metas previstas no Plano Nacional de Educação(PNE) de alfabetizar todas as crianças até o 3º ano do ensino fundamental e de erradicar o analfabetismo absoluto, além de reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional até 2024.
O documento é formado por 54 páginas que apresenta desde o cenário educacional até a nova política implementada. Entre as mudanças, o MEC prioriza o método fônico de aprendizagem, que leva a criança a aprender as relações entre as letras e os menores sons da fala. A adesão às diretrizes da PNA é voluntária.
Durante a fala, Abraham Weintraub afirmou que o Peru, atual último colocado, vai ultrapassar o Brasil ainda neste ano na qualidade da alfabetização das crianças. “Nós ficaremos na humilhante última colocação dos países latino-americanos”, disse, ao destacar que não está comparando o Brasil com países europeus ou asiáticos, mas com nossos vizinhos.
Segundo Weintraub, a nova política de alfabetização pretende implantar uma abordagem cartesiana, baseada sobretudo nos pensamentos do filósofo francês René Descartes. A proposta é alfabetizar com evidências empíricas. Segundo o ministro, é preciso questionar as atuais formas de educação.
“Por mais bonito que seja a atual teoria feita, a gente não consegue alfabetizar”, explicou. “Se você questionar os itens, você é tachado de nazista. Estaremos usando critérios científicos, baseados em evidências e pensamentos lógicos, em uma abordagem cartesiana”, pontuou o ministro da Educação.
Durante o evento, Weintraub assinou uma portaria para oficializar a formação de um painel com 12 especialistas. Eles terão de elaborar um relatório para ajudar a formular políticas públicas daqui para frente.
Além de Weintraub, o evento contou com a participação de Nuno Crato, ex-ministro de Educação e Ciência de Portugal, e do secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim. As informações são do Metrópoles.