A Coreia do Sul anunciou ontem (22) que vai suspender “condicionalmente” o fim de um acordo militar de compartilhamento de informações com o Japão. Pelo calendário inicialmente previsto, o Acordo Geral de Segurança das Informações Militares (GSOMIA) expiraria às 12h de hoje (23). O monitoramento eficaz da Coreia do Norte depende da continuidade desse pacto.
Em outra decisão, a Coreia do Sul também suspendeu temporariamente processo em que encaminha queixa à Organização Mundial do Comércio contra o Japão. A suspensão vai durar enquanto as negociações com o Japão sobre as políticas de controle de exportação dos dois lados continuarem, disse Kim You-geun, vice-diretor do escritório de segurança nacional de Cheong Wa Dae (sede do Executivo coreano).
Cheong Wa Dae enfatizou que o Japão deveria retirar as medidas comerciais “injustas” e normalizar suas relações com a Coreia do Sul para a continuidade da GSOMIA.
O Japão está retringindo o fornecimento de materiais químicos essenciais para a indústria de alta tecnologia da Coreia do Sul, base para a manufatura das principais exportações do país, como semicondutores, telas de LED, chips de memória e aparelhos celulares.
A restrição ao fornecimento desses produtos, cujo abastecimento é monopólio de Tóquio, foi uma reação direta a decisões tomadas no final do ano passado pela Suprema Corte sul-coreana, ordenando que as empresas japonesas Mitsubishi e Nippon Steel & Sumitomo Metal pagassem indenização pelo uso de mão de obra escrava durante a ocupação japonesa da Península Coreana na Segunda Guerra Mundial .
As decisões e a reação japonesa reacenderam um ciclo de hostilidades entre os dois países. A Coreia do Sul, em resposta, informou que também vai retirar o Japão de sua “lista branca” de parceiros comerciais mais favorecidos, status que permitia aos dois países um processamentos rápido das exportações e importações.
Apesar de a independência sul-coreana ter ocorrido há mais de 70 anos e a colonização japonesa ter durado menos de três décadas, um desconforto ainda encobre a relação das duas nações. Em Seul, além dos usuais protestos antijaponeses nas principais vias públicas da cidade, os efeitos da animosidade passaram a ser notados na vida cotidiana. Diversos supermercados e lojas de conveniência retiraram de suas prateleiras cervejas e outros produtos japoneses. Houve também boicotes organizados a lojas populares de origem japonesa. Centenas de turistas coreanos também cancelaram viagens para o Japão na alta temporada.
Estados Unidos
As preocupações foram generalizadas sobre as possíveis conseqüências do término da GSOMIA, não apenas o futuro dos laços Seul-Tóquio, mas também a aliança Seul-Washington.
Os EUA pediram à Coreia do Sul que mantenha vivo o acordo para cooperação trilateral de segurança.
O funcionário de Cheong Wa Dae enfatizou que as relações entre os países vizinhos ainda estão em uma “situação grave”, mas a decisão de suspender o vencimento da GSOMIA foi tomada em consideração ao “interesse nacional”.
“O governo espera que os laços amigáveis entre Coreia do Sul e Japão sejam restaurados normalmente e continuará os esforços para isso”, disse ele.
*Com informações da Yonhap (Agência pública sul-coreana)