Estudo inédito do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA), divulgado nesta quinta-feira, 7, mostra qual a disponibilidade dos recursos hídricos do país e as demandas de água nos setores da economia em escala nacional.
Através do cruzamento de dados, as Contas Econômicas e Ambientais da Água mostram que uma família brasileira consumia, em média, 116 litros de água por dia, em 2017, último ano do estudo.
Em 2013, primeiro ano que o instituto começou a pesquisar o consumo de água no país, a média era de 121 litros por dia por família. O período da pesquisa atravessa o ano de 2015, marcado por uma crise hídrica no país, quando a média caiu para 114 litros/dia.
O economista Michel Lapip, gerente de Contas Econômicas e Ambientais do IBGE, lembrou, em entrevista à Agência Brasil, que a retirada total de água da economia tem aumentado de forma progressiva entre 2013 e 2017.
No início da pesquisa, em 2013, por exemplo, o consumo de água para cada R$ 1 de Valor Adicional Bruto mostrava que eram gastos 7,1 litros por real. Em 2017, este valor caiu para R$ 6,3 litros por real.
“O que é uma coisa boa dentro desse indicador. Significa que para gerar R$ 1 de Valor Adicionado na economia, temos precisado no Brasil cada vez menos de água”, explica.
Entretanto, o estudo muda quando se fala exclusivamente de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura: 1.061 litros/R$. Descontado o volume de água do solo utilizado por essa atividade, foram necessários 96 litros/R$ em 2017.
Em contrapartida, o economista do IBGE informou que o custo médio por volume de água e esgoto da economia tem evoluído progressivamente entre 2013 e 2017. Em 2013, o valor foi R$ 2,18 (R$/ m³), chegando a 2017 com valor de R$ 3,06 (R$/m³). O custo médio da água e esgoto nas grandes regiões é calculado da água que vem do setor de abastecimento.
“Vai depender de como a região está fazendo o mecanismo de regulação de preço da água e do esgoto”. Michel Lapip esclareceu que a agricultura, por exemplo, capta a água que utiliza direto no meio ambiente. “Ela não recebe essa água do setor de abastecimento”.
Consumo
Sobre o indicador de eficiência do consumo de água, o melhor resultado foi registrado no Sudeste: R$ 30,47 por metro cúbico. Ou seja, para um metro cúbico usado na economia foram gerados R$ 30,47 de valor adicionado. O pior resultado foi observado no Centro-Oeste do país, com R$ 6,63 por metro cúbico. O custo com a água de distribuição e serviço de esgoto, por sua vez, teve o maior valor na Região Centro-Oeste, com R$ 4,71 por metro cúbico. O menor valor foi encontrado no Norte, R$ 1,92 por metro cúbico.
Em 2017, o consumo total de água, que corresponde à água utilizada menos a água que retorna para o meio ambiente, foi de 329,8 trilhões de litros. As principais atividades responsáveis pelo consumo de água foram agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (97,4%).
Considerando a água do solo, o Centro-Oeste se destacou entre as grandes regiões, em 2017, apresentando a maior intensidade de consumo de água, com 1.511,9 litros para cada R$ 1 gerado na região. Excluindo o volume de água do solo, o Nordeste teve àquele ano o maior resultado, com 151,4 litros para cada R$ 1 gerado.
Com relação ao uso de água de distribuição, o estudo mostra que a região com a maior participação, em 2017, foi o Sudeste (45%), seguido do Nordeste (29%), Sul (14%), Centro-oeste (6%) e Norte (6%). EBC.