O ex-presidente da Bolívia Evo Morales classificou nesta segunda-feira como “ilegal e inconstitucional” a decisão do Ministério Público de seu país de processá-lo por supostos crimes de terrorismo e pedir que ele seja preso preventivamente.
“De forma ilegal e inconstitucional, o Ministério Público de La Paz está tentando me acusar de terrorismo com um áudio adulterado e sem me notificar”, disse Evo no Twitter.
Exilado na Argentina desde dezembro do ano passado, o ex-presidente boliviano declarou que a decisão do promotor é “mais uma prova da perseguição política sistemática do governo de facto” em seu país.
“A democracia e o Estado de direito logo retornarão à Bolívia”, acrescentou.
Evo é investigado no chamado “Caso Áudio”, sobre uma gravação telefônica na qual uma voz atribuída a ele ordenava o bloqueio de cidades durante o conflito político e social na Bolívia ocorrido entre outubro e novembro de 2019.
A acusação por supostos crimes de terrorismo e financiamento de atividades terroristas é baseada em uma conversa por telefone com Faustino Yucra, um dos líder dos produtores de coca do país.
“Segundo as investigações, ficou evidente que o ex-chefe de Estado e corréu Faustino Y.Y. tiveram comunicação por meio de ligações telefônicas em 14 de novembro de 2019, a partir da Cidade do México”, diz um comunicado do Ministério Público, indicando a cidade onde Morales estava na ocasião.
De acordo com a acusação, nessa conversa Evo aparentemente instruiu Yucra a cometer atos ilegais durante os violentos eventos ocorridos na Bolívia em 10 de novembro de 2019, quando o então presidente anunciou sua renúncia, denunciando que foi forçado por um golpe de Estado.
Yucra foi preso preventivamente em abril e levado a uma penitenciária na cidade boliviana de Santa Cruz sob acusações de terrorismo e insurreição como parte do mesmo processo judicial, que está em fase preliminar.
Evo, que pediu refúgio à Argentina, é alvo de vários julgamentos na Bolívia, e o Ministério Público já emitiu pedidos à Interpol para que ele seja detido.
O político denunciou em novembro do ano passado que foi obrigado a deixar o poder por um golpe de Estado em meio a pressões dos militares e da polícia, entre outras forças, um mês após ser declarado vencedor de uma polêmica eleição na qual conseguiu o quarto mandato consecutivo. Posteriormente, o pleito foi anulado em meio a acusações de fraude a favor de Evo. Informações do R7.