Revelar jogadores sempre foi uma das principais características do futebol brasileiro. No Bahia, não poderia ser diferente. Grandes nomes passaram pela base do Esquadrão e fizeram ou ainda fazem sucesso no mundo da bola. Da mesma canteira que surgiram Daniel Alves, Anderson Talisca e Carlito, veio Eric dos Santos Rodrigues. Ou Eric Ramires, como é mais conhecido. O apelido veio pela semelhança física com o já consagrado Ramires, volante de 32 anos que defendeu a Seleção Brasileira. Mas o futebol do jovem baiano é para lá de original.
O menino do Bahia fez seu primeiro jogo como profissional no último Brasileirão. No dia 5 de setembro de 2018, na triunfo por 2 a 0 sobre o Sport na Fonte Nova, pela 23ª rodada do Brasileirão. O ponto alto da primeira partida como profissional foi uma bola na trave. Ramires jogou até os 28 minutos do segundo tempo e saiu de campo aplaudido pela torcida. Foi o ponto inicial de uma relação de amor com a massa tricolor.
– Foi muito gratificante ver a torcida me aplaudindo. Foi um momento de muito pressão no começo do jogo, mas depois com o decorrer do jogo pude fazer meu melhor e ajudar minha equipe. Esse jogo foi muito importante pra mim – lembrou.
O primeiro gol como profissional não demorou a sair. No seu terceiro jogo, logo em uma competição internacional, a cria do Esquadrão abriu o placar no 2 a 1 sobre o Botafogo, pela Copa Sul-Americana. Ao todo, já soma 31 partidas com a camisa tricolor e 4 gols marcados.
A perda do pai e a volta por cima
A ascensão meteórica de Eric tem uma inspiração: o pai. Edson Conceição sempre foi presente na vida do filho, desde os tempos em que precisava de carona para treinar. Nascido no dia 10 de agosto de 2000, Ramires se mudou para São Paulo aos dois anos de idade e só voltou para Salvador aos 11. Foi quando entrou na base do Bahia. Mesmo sendo torcedor do grande rival, o Vitória, o pai foi quem o incentivou a não desistir do futebol.
“Meu pai me ajudou bastante. Agora, sempre que eu entro em campo dedico a ele tudo que eu faço”
Edson morreu quando Ramires tinha 16 anos e estava viajando a um jogo da base pelo Esquadrão. Ele foi vítima de um infarto em casa e não resistiu. Foi um baque e tanto para o jovem, que passou a levar o futebol como uma forma de honrar todo o esforço feito por Seu Edson. No último Brasileirão, Ramires marcou o seu primeiro gol em um Ba-Vi como profissional. Na comemoração, dançou reggae, o estilo preferido do pai.
– Foi um jogo na base e logo quando eu cheguei da viagem, eu soube e foi muito difícil, um baque muito grande na minha vida. Meu pai me ajudou bastante e agora sempre que eu entro em campo dedico a ele tudo que eu faço.
As histórias de Ramires e seu pai voltaram a se cruzar no Campeonato Baiano deste ano. No último 21 de março, completaram-se três anos da morte de Edson. No mesmo dia, o Bahia entrou em campo contra o Atlético de Alagoinhas e venceu por 3 x 0. Tomado por muita emoção, Ramires fez o último gol do triunfo tricolor. Um dia que dificilmente será esquecido por ele.
– O momento mais especial foi quando eu fiz o gol contra o Atlético de Alagoinhas. Foi logo depois que fez 3 anos do falecimento do meu pai, aí logo eu pude fazer o gol e ajudar minha equipe. Fiquei muito emocionado, eu acho esse momento muito importante na minha carreira – disse o meia.
Eric Ramires se emociona ao marcar gol contra o Atlético de Alagoinhas. A partida marcou três anos da morte de seu pai
Créditos: Felipe Oliveira / EC Bahia
O sucesso repentino e o sonho da Amarelinha
Diferente do seu estilo calmo e contido na vida pessoal, o camisa 10 do Tricolor é um furacão dentro de campo. Suas boa atuações renderam até mesmo uma vaga na Seleção Brasileira Sub-20. Ramires esteve no elenco que disputou o último Sul-Americano da categoria, em janeiro deste ano. Foi a primeira vez do jovem de 18 anos com a Amarelinha. E ele faz de tudo para que não tenha sido a última. O sonho de Ramires, como o de qualquer jogador brasileiro, é jogar uma Copa do Mundo pela Seleção Brasileira, e o meia é muito grato pela oportunidade que teve no começo do ano.
Ramires em ação pela Seleção Brasileira Sub-20, contra o Chile, no Sul-Americano da categoria
Créditos: CBF
– Foi muito gratificante pra mim e também pro currículo como jogador. Infelizmente os resultados não foram muito bons lá, não conseguimos classificar pro Mundial, mas foi muito bom estar com aquela garotada da minha idade. Todo garoto sonha em ser convocado para a Seleção. Agradeço muito ao Amadeu e todos os profissionais que me ajudaram lá – finalizou sobre a experiência na Seleção.
Fonte: CBF