Sem organização, sem compactação, sem ímpeto ofensivo, sem criatividade ou individualidades. O Bahia, em momento algum durante os 180 minutos jogados – somando-se os dois confrontos – na final da Copa do Nordeste contra o Ceará, pareceu estar jogando uma decisão. O torcedor, que teve coragem de assistir ao duelo, por acreditar que o título era possível, viu um Tricolor vencido antes mesmo do apito inicial. Viu o time do coração, sem raça ou poder de reação em campo, ser presa fácil mais uma vez, nesta terça-feira, 4, no estádio de Pituaçu, e teve que assistir do sofá de casa à conquista do bicampeonato do Vovô na competição. Por ironia do destino, mais uma vez em cima do Esquadrão, que não fez por merecer o complemento ‘de Aço’ – o Alvinegro foi campeão do torneio em 2015 em cima da equipe baiana.
Precisando de ao menos dois gols de diferença para levar a decisão para a disputa de pênaltis, o técnico Roger Machado fez apenas uma mudança em relação ao time inicial da partida anterior. Rossi ganhou a vaga do apático Clayson. Na prática, dentro de campo, nada de diferente no desempenho do Bahia ou na atitude. O Tricolor não conseguiu pressionar a saída de bola ou mesmo criar alguma chance real de gol. O que se viu foi um Esquadrão sem vibração, preso na forte marcação do Ceará, o ferrolho armado por Guto Ferreira.
No segundo tempo, sem o esquema tático funcionar, Roger Machado resolveu partir para o tudo ou nada. Mandou o time para cima. Colocou Clayson no lugar de Lucas Fonseca. Botou Nino Paraíba em campo, mas o que treinador tricolor conseguiu foi pior do que o nada. Ele conseguiu perder mais uma vez. O grandalhão Cléber coroou o título cearense aos 15 minutos da segunda etapa, após um vacilo da defesa tricolor: 1 a 0.
Ceará bicampeão da Copa do Nordeste invicto, assim como em 2015. Ao Bahia resta tentar o título do Baiano.
Sem clima de final
Correndo contra o tempo para tirar a diferença de gols do Ceará e tentar jogar a pressão para o outro lado, o Bahia começou jogo como se esperava: com total posse de bola, tentando pressionar a defesa rival e sair em velocidade com Élber e Rossi, quase sempre acionados pelo meia Rodriguinho.
Bem postado defensivamente, com um verdadeiro ferrolho e esperando o Tricolor agredir e vacilar, o Vovô tentou manter a forte marcação da primeira partida da final, na busca de achar uma bola para garantir de vez o bicampeonato. Mas sem pressa para atacar ou arriscar.
Mais atento e errando menos do que no duelo de ida, o Esquadrão demonstrou tranquilidade para tocar a bola e buscar os espaços para tentar surpreender o alvinegro. Porém, encontrou o Ceará com um caminhão de jogadores na entrada da área e sem dar espaço pelos lados do campo. Sem conseguir penetrar na zaga rival, o Bahia passou a arriscar chutes de longa distância.
E o primeiro lance de perigo foi do Bahia e justamente do único jeito possível: de fora da área. Fernandão, fora de suas características, tentou surpreender Fernando Prass com um canudo de longe. O goleiro defendeu em dois tempo. Foi um foguete! Gregore também tentou, mas sem assustar. Rodriguinho pouco depois tirou tinta da trave cearense.
Quando finalmente conseguiu evoluir uma jogada pelo lado de campo, Rodriguinho deu bela assistência pela direita, por cima, e Fernandão testou para baixo. A bola resvalou no braço do zagueiro cearense e o VAR entrou em ação. Mas rapidamente foi descartada a penalidade. Apenas escanteio para o Bahia.
Aos 28 minutos, Fernandão, muito acionado no jogo, tocou de cabeça para Rossi, que deu pelo drible e soltou uma bomba de fora da área, mas a bola subiu e saiu por cima da meta de Fernando Prass.
Assim como no jogo anterior, o faltou intensidade ao Bahia para buscar o gol e compactação do time. Com os jogadores muito distantes uns dos outros, o Tricolor teve dificuldades para fazer tabelas e transições rápidas e facilitou bastante a vida do Vovô.
Nada de gol nos primeiros 45 minutos e poucas chances reais de balançar as redes. Não parecia que o Esquadrão precisava fazer ao menos dois gols para levar a decisão, no mínimo, para os pênaltis.
Golpe fatal
Para acabar com a apatia do primeiro vista no time do Bahia, o técnico Roger Machado voltou do intervalo com duas alterações ousadas: Clayson no lugar de Lucas Fonseca e Nino Paraíba na vaga de João Pedro. Foi pra cima!
As mudanças e o papo no vestiário fez o Tricolor voltar mais pilhado para a partida. Logo nos primeiros minutos, o time foi pra cima do Ceará, amassou o adversário no setor defensivo e passou a pisar mais na área de Prass.
E aos 12 minutos a chuva começou em Salvador. Com o campo molhado, Élber resolveu testar o goleiro em chute forte. Mas Prass pegou sem maiores dificuldades.
Quando o Bahia parecia ir com tudo pra cima, o Ceará jogou a última pá de cal no caixão tricolor. Aos 15 minutos, o time cearense puxou contra-ataque com Leandro Carvalho. Ele tocou para Bruno Pacheco, que cruzou para o meio. A bola desviou em Nino e chegou limpa para Cléber, que, fez o gol e deu o título ao Ceará. Informações do Portal A Tarde.