O governo brasileiro decidiu estender por três meses uma cota de importação de etanol sem tarifa, em movimento que visa ganhar tempo para negociação de uma posição melhor para a exportação de açúcar aos Estados Unidos, informou o MRE (Ministério das Relações Exteriores) nessa sexta-feira (11).
As conversas também abordarão “maneiras de garantir que haja um acesso justo ao mercado paralelamente a qualquer aumento no consumo de etanol”, acrescentaram.
A medida vem após o presidente Jair Bolsonaro ter se reunido nesta semana com representantes do setor sucroalcooleiro e com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para tratar das negociações.
A cota de importação de etanol com tarifa zero, que beneficia basicamente os Estados Unidos e venceu no final do mês passado, não havia sido renovada pelo governo brasileiro a pedido do setor agropecuário.
De acordo com o MRE, o Brasil manterá uma cota tarifária pro-rata durante os 90 dias, a partir de 14 de setembro, proporcional ao volume anual total da tarifária pro-rata vigente em 30 de agosto de 2020.
“É uma solução que tenta equilibrar interesses por meio de criação de comércio, e não restringindo comércio”, disse uma fonte que participou da decisão, sob a condição de anonimato.
O próprio Bolsonaro avisou ao setor sucroalcooleiro na terça-feira sobre a proposta de renovação da cota por três meses. Do outro lado, os empresários ficaram de apresentar ao governo o que consideravam uma proposta de negociação sobre o açúcar, produto que encontra barreiras tarifárias para entrar nos EUA.
“Nesse período (de 90 dias) teremos tempo para negociar sobre comércio do açúcar brasileiro nos EUA”, disse a fonte. “São 90 dias para se buscar benefícios recíprocos e proporcionais entre os países”, acrescentou.
As conversas entre brasileiros e norte-americanos acontecem antes de eleições presidenciais nos EUA, agendadas para o início de novembro.
A extensão da cota por três meses permite ao presidente Donald Trump passar pelas eleições sem afetar suas chances nos Estados produtores de milho, matéria-prima do etanol norte-americano. A cota de importação anual, negociada no ano passado, era de 750 milhões de litros com tarifa zero. A partir do fim do acordo, a tarifa passa a ser de 20%.
“O Brasil e os Estados Unidos concordaram em continuar a tratar construtivamente dos efeitos das crises geradas pela pandemia da covid-19 em seu comércio bilateral e na sua produção doméstica”, acrescentou o comunicado. Da Agência Reuters.