A manutenção do pagamento do valor de R$ 600 para os beneficiários do programa de auxílio emergencial passou a ser defendida pelas centrais sindicais e movimentos sociais, com base em estudos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). É que o valor previsto de R$ 300 não cobre as despesas da cesta básica mais barata do país, referente a Aracaju, no valor de R$ 374.
Segundo o centro de estudos, dos R$ 186,90 bilhões transferidos para a população por meio do auxílio, cerca de R$ 100,74 bilhões retornaram aos cofres públicos por meio da arrecadação de impostos, porque a maior parte desse dinheiro é utilizada em bens de consumo. E esse tipo de transferência tem efeito multiplicador no Produto Interno Bruto – cada R$ 1 para as famílias resulta em crescimento de R$ 1,78 no PIB. Isso quer dizer que os R$ 186,90 bilhões investidos no pagamento do benefício podem impactar positivamente o PIB de 2020, com cerca de R$ 332,68 bilhões (4,6% do PIB de 2019).
E isto é um alento, diante do fato de a economia brasileira ter encolhido -9,7% no segundo trimestre de 2020, na comparação com o trimestre anterior, o pior resultado desde o início da série histórica, iniciada em 1996. Houve redução intensa do consumo das famílias (-12,5%), da formação bruta de capital fixo (-15,4%) e do consumo do governo (-8,8%), demonstra o Dieese.
Por setor
Setorialmente, destacaram- -se negativamente o segmento de Transporte, armazenagem e correio (-19,3%), a Indústria de transformação (-17,5%) e o Comércio (-13,0%). Com isso, no segundo trimestre, a economia brasileira estava em um patamar 15,1% abaixo do nível do início de 2014. O número de desocupados era de 12,8 milhões no segundo trimestre de 2020, mas, o número de ocupados diminuiu em 8,9 milhões de pessoas e o contingente de pessoas fora da força de trabalho aumentou 10,5 milhões, copilou a entidade.
E a massa de rendimentos do trabalho caiu 5,6% no segundo trimestre, em relação ao trimestre anterior, segundo o Boletim de Conjuntura do Dieese, set/out 2020.
Insegurança alimentar
Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017/2018 mostra que mais de 10,3 milhões de brasileiros já viviam, antes da pandemia, em situação de insegurança alimentar grave, ou seja, passavam fome. Nas regiões Norte e Nordeste, os percentuais de insegurança alimentar chegam a 57% e 50,5% respectivamente. Do total de domicílios com crianças e adolescentes, 64,7% e 58,5%, respectivamente, viviam em situação de insegurança.
E apesar de o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) estar próximo de zero (0,7%) no acumulado entre janeiro a agosto de 2020, houve uma variação de preços expressiva nos alimentos, especialmente na alimentação no domicílio. Os alimentos básicos tiveram aumentos expressivos: o preço do feijão subiu 35,89%, do leite longa vida, 23% e do arroz, 19,24%, todos itens mais consumidos pela população das menores faixas de renda.
O valor atual do auxílio emergencial equivale ao custo da cesta básica nacional, pesquisada pelo Dieese, e nos gastos básicos de um orçamento familiar, com taxas de água, luz, internet. E o valor da cesta básica, pesquisada pelo departamento em 17 capitais, subiu em 16 delas em agosto de 2020, exceto em Brasília. Informações do Portal A Tarde.