A mãe do jovem Guilherme de Souza, 21 anos, que morreu após ser agredido com pauladas e pedradas, além de ter o corpo queimado, em Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia, denunciou à polícia que, após enterrar o corpo do filho, recebeu do Departamento de Polícia Técnica (DPT), na terça-feira (17), restos mortais do menino, que não tinham sido entregues anteriormente.
Guilherme foi morto em julho, o corpo dele só foi liberado dois meses após o crime. A família fez o sepultamento ainda em setembro e acreditou que, nesse sentido, o caso já estava encerrado. No entanto, na terça-feira, a mãe de Guilherme, Franciele de Souza, foi ao IML de Barreiras, cidade vizinha a Luís Eduardo Magalhães, após ser acionada pelo órgão, e descobriu que o jovem foi enterrado sem um pedaço do corpo.
Ela conta que foi ao IML acreditando que receberia o resultado do DNA, exame que foi necessário para reconhecimento do filho, já que o jovem foi queimado, mas recebeu um pedaço do fêmur dele, dentro de um saco.
“Como é que um IML manda eu ir lá e, do nada, me entrega um pedaço do corpo do meu filho? Com mau cheiro já, com as moscas em cima, e eu andando desde 10h30, para cima e para baixo, com o pedaço desse corpo sem poder enterrar, sem poder abrir a cova. Sem autorização de juiz, não podia fazer nada. Isso é um absurdo, isso não pode acontecer”, desabafa a mãe do jovem.
Franciele conta que não soube o que fazer ao receber o pedaço do corpo de Guilherme, e procurou a delegacia de Luís Eduardo Magalhães para orientação. Ela não conseguiria enterrar, pois não havia decisão judicial para reabertura do túmulo.
Diante da situação, a polícia orientou que funcionários do IML voltassem à cidade de Luís Eduardo Magalhães e levasse de volta os restos mortais para o IML, em Barreiras. A mãe registrou o boletim e informou que vai comunicar ao Ministério Público (MP-BA).
“Até as pessoas da delegacia de Luís Eduardo, que são excelentes e me atenderam muito bem, ficaram horrorizados com o caso. Um deles me disse que, com mais de 20 anos de profissão, nunca viu algo parecido”, disse Franciele.
À equipe de reportagem da TV Oeste, filiada da TV Bahia na região, o coordenador da Polícia Técnica no oeste da Bahia, Everton Magalhães, lamentou o fato e explicou que parte do corpo com tecido preservado, foi usado para o exame de DNA e deveria ser entregue junto do corpo para o sepultamento. Como a Justiça obrigou a entregar o corpo, previamente, isso, gerou o conflito. Funcionários se equivocaram e foi entregue um pedaço do corpo para a família, que neste caso, deveriam ser descartado. A ‘peça’ foi recolhida pelo IML e será descartada adequadamente.
A família de Guilherme encontrou entraves para sepultamento desde a morte do jovem. Primeiro houve demora em liberação do corpo e, depois, eles precisaram fazer um pedido à Justiça pela liberação do corpo, e assim realizar o enterro.
Investigação
Segundo a polícia, Guilherme foi vítima de homofobia, e o crime, que aconteceu no dia 12 de julho e teve requintes de crueldade, foi premeditado. O suspeito um adolescente de 14 anos, foi apreendido e transferido para Salvador. Ele cumpriu medida socioeducativa e está solto.
Um segundo adolescente, de 16 anos, também participou das agressões a Guilherme. O delegado Rivaldo Luz, coordenador regional de Polícia Civil da região e responsável pelo caso, informou ele não ateou fogo na vítima, mas participou da agressão e também deve responder criminalmente pelo fato. Este adolescente não foi apreendido. Informações do G1.