Metalúrgicos voltam a se reunir após MPT definir que Ford só pode demitir após negociação coletiva

Foto: Reprodução/TV Bahia

Os metalúrgicos que trabalham na Ford voltaram a se reunir na área externa da montadora em Camaçari, região metropolitana de Salvador, desde o início da manhã desta terça-feira (16). Os trabalhadores discutem os próximos passos da negociação coletiva.

Na segunda-feira (15), o Ministério Público do Trabalho (MPT) definiu que a Ford só pode demitir os trabalhadores após fim da negociação coletiva. No dia 5 de fevereiro, a Justiça baiana já havia suspendido as demissões da montadora.

A decisão foi tomada por liminar, que também proíbe negociação individual com os trabalhadores, por causa do assédio moral. Nesta manhã, o sindicato da categoria está no local discutindo os próximos passos a serem tomados e os itens da negociação.

De acordo com Júlio Bonfim, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, apesar das decisões da Justiça e do MPT, a Ford tem convocado trabalhadores.

“Houve uma convocação que o sindicato caracteriza como assédio moral. Em primeiro lugar, a empresa quer transformar essa base de organização dos trabalhadores em uma greve. Olhe o contraditório. Em tudo isso, ela convoca todo o tipo de trabalhador: os trabalhadores que estão lesionados, trabalhadores que já foram demitidos e, se duvidar, porque a gente está fazendo algumas verificações, até trabalhadores que já faleceram. Então, é uma irresponsabilidade que caracteriza claramente um assédio moral por parte da empresa”, disse.

Metalúrgicos voltam a se reunir após MPT definir que Ford só pode demitir após negociação coletiva — Foto: Reprodução/TV Bahia
Metalúrgicos voltam a se reunir após MPT definir que Ford só pode demitir após negociação coletiva — Foto: Reprodução/TV Bahia

Ainda segundo Júlio, os trabalhadores estão cumprindo as ordens judiciais, mas pedem que os critérios sejam melhor definidos pela Justiça, para evitar que profissionais sofram situações de assédio moral.

“O que o Sindicato dos Metalúrgicos está afirmando claramente, é que nós sempre cumprimos e sempre vamos cumprir as ordens judiciais. O que nós estamos querendo são critérios para que não venha caracterizar essa condição que a Ford está impondo aos trabalhadores, de assédio moral, e que a gente tenha possibilidade sim, de uma forma controlada, ordeira e organizada, de trazer esses trabalhadores com a fiscalização do Ministério Público do Trabalho para o retorno ao trabalho de uma forma que a gente dê a continuidade das negociações e consiga, nessas negociações, uma indenização com reparação social a todos os trabalhadores e trabalhadoras aqui da metalúrgica de Camaçari”.

Ainda segundo o presidente do sindicato, os trabalhadores já levaram pontos de negociação para a Ford, especialmente para que seja cumprido o período de estabilidade que a categoria tem.

“Nós já colocamos de novo alguns pontos à empresa, principalmente sobre os 36 meses de estabilidade que nós temos ainda. Queremos discutir todo o processo de pagamento em relação a esses 36 meses, FGTS, INSS, 13º [salário]. Queremos construir uma discussão de negociação que venha dar uma reparação e um valor digno para pelo menos esses trabalhadores terem mais perspectivas de mercado de trabalho, um valor que venha a manter eles por um determinado tempo, decorrente dessa irresponsabilidade que a Ford fez, de encerrar as atividades de trabalho”.

Novas rodadas de negociação devem acontecer com os trabalhadores, a empresa e a Justiça. Além disso, os metalúrgicos têm se reunidos às segunda, quartas e sextas, para discutir pontos que devem ser levados para também serem negociados. Informações do G1.