A delegada-geral da Polícia Civil, Heloísa Brito, determinou, via Diário Oficial da Bahia, o afastamento preventivo da também delegada Maria Selma Pereira Lima pelo período de 30 dias.
A então titular do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio está fora das atividades desde setembro de 2020, quando passou a ser investigada pelo Ministério Público pela prática de diversas supostas irregularidades no exercício da função.
O documento, assinado na quarta-feira (24/2), não traz o nome de Maria Selma, apenas a matrícula. Além disso, ela não terá seus vencimentos cortados. “O relatório final do inquérito policial referenciado e a representação do Corregedor Chefe da Polícia Civil, evidenciou que existe o risco de que no exercício do cargo a servidora reitere nas práticas delituosas consubstanciadas no bojo da apuração”, diz um trecho do DOE.
“A servidora afastada, administrativamente, permanecerá, à disposição da Corregedoria, no período acima consignado e deverá indicar endereço, telefone, email e outros meios de contato suficientes para que possa ser encontrada”, completou.
DENÚNCIA
No início de setembro de 2020, a delegada Carla Ramos enviou ao Grupo de Apoio Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público estadual (Gaeco) um documento que apontava supostas irregularidades cometidas pela colega de profissão, à época titular do DCCP.
Maria Selma foi exonerada do DCCP também no início de setembro. Tanto o nome dela quanto de outros 12 delegados constavam na lista publicada no Diário Oficial. Em diversos vídeos publicados nas redes, ela já comentou o caso e ressaltou que não pretende sair da vida policial para outra carreira.
“Estou aqui em respeito a vocês, meus 12 mil seguidores, para dizer que essas calúnias foram inventadas por essa delegada, que foi presa recentemente por tortura [está se vingando], e por esses quatro investigadores que eu tirei da delegacia de veículos [Delegacia de Repressão a Furto e Roubo de Veículos – DRFRV], porque estão respondendo, tanto na Corregedoria, quanto na Justiça, por extorsão. Então, gente, eu vou processar todos”.
Entre outros pontos, o relatório sustenta que Selma, que já foi titular da 16ª Delegacia Territorial (DT/Pituba), usava as dependências da unidade policial para “supostamente cooptar meliantes para integrar a organização criminosa, usando o falso policial civil Claudio Marco Veloso Silva e a pessoa apontada como seu companheiro, Pedro Ivan Matos Damasceno como intermediários”.
Em mais um capítulo da história, um vídeo disseminado nas redes sociais mostra um rapaz, sentado na parte traseira de uma viatura da Polícia Militar, pedindo dinheiro para uma mulher. A pessoa do outro lado da linha seria Selma. Não há detalhes sobre quando o arquivo foi gravado, mas o rapaz que aparece solicitando R$ 4 mil no telefonema seria Pedro Ivan. Ele, que tem várias passagens pela Polícia Civil e estaria, na oportunidade, na frente de policiais da 13ª Companhia Independente (CIPM/Pituba), é apontado como ex-namorado de Maria Selma pela delegada Carla Ramos.
A defesa de Selma Lima, procurada pelo Aratu On, disse, na oportunidade, por meio de um comunicado que “foi ventilado no início das investigações da Corregedoria da Polícia Civil, mas a delegada Selma disse não reconhecer como sendo dela a voz e, consequentemente, não ser verdadeiro o fato, podendo inclusive ser comprovado por uma simples perícia fonológica”.
A nota “atribui esses fatos a pessoas que estavam incomodadas com o trabalho sério que ela vinha fazendo na 16ª Delegacia no combate ao crime. Confia que seus advogados Sérgio Habib e Thales Habib vão conseguir absolvê-la dessas infundadas acusações criadas por fake news na internet, sem que tais fatos estejam nos autos das apurações realizadas no inquérito”, concluiu.
Fonte: Aratu on.