Em meio ao aumento de casos de coronavírus no estado, diversas medidas estão sendo aplicadas para barrar o avanço do vírus. Há cerca de uma semana, os serviços não essenciais tiveram funcionamento suspensos em toda a Bahia, mediante decreto estadual, ficando liberado apenas o comércio de serviços essenciais como o de alimentação, serviços de saúde, dentre outros. No final de fevereiro, o governo do estado anunciou toque de recolher, como uma forma de diminuir o contágio da covid-19.
E o lockdown, ainda que parcial, acaba por afetar toda a população, porque muitos empregos serão perdidos nesse meio tempo, comércios serão fechados, impactando diretamente quem está na ponta, como o pequeno empresário e por fim o trabalhador.
Levando em consideração o não funcionamento dos serviços não essenciais, motoristas questionam o funcionamento normal dos pedágios. Aqui não se questiona o funcionamento das cabines, ou o serviço em si dos pedágios, já que os prestadores de serviços dessas concessionárias, quase nem têm contato direto com o público externo, e quando em caso positivo, os cuidados já conhecidos estão ao seu dispor. Mas o fato de os motoristas e usuários das vias pedagiadas terem de pagar o pedágio mesmo em tempos em que todas as camadas estão apertando os cintos.
Para o engenheiro José Júnior, a cobrança dos pedágios nesse momento deveria ser suspensa, frente ao problema: “pedágio é um serviço não essencial, e que nesse momento de crise, deveria não estar cobrando, temos vários setores sendo afetados e infelizmente esses valores cobrados fazem diferença a população num momento como esse”, declarou.
A estudante Geane Trindade que mora em Camaçari e trabalha em Simões Filho, e para isso utiliza o transporte público todos os dias, reclama do preço do pedágio que reflete na tarifa de ônibus: “com tantos impostos arrecadados, acho desnecessário (que o pedágio continue funcionando normal), com a pandemia, os valores de quase todos os setores aumentaram consideravelmente (…) não tem lógica que apenas essa atividade esteja trabalhando naturalmente nos últimos dias”.
“É absurdo o que se faz com o cidadão que paga tantos impostos: IPVA, tinha o DPVAT também aí, naqueles valores exorbitantes e ainda vem o tal do pedágio e as vias em condições absurdas. Aí chegamos na pandemia, suspendem vários serviços, que não são considerados essenciais, e o pedágio é mantido, incrível, né? E o cidadão orientado a fazer isolamento, mas o pedágio não é para isolamento, o pedágio é para trânsito, tem que ser suspenso. Absurdamente se mantém. Por isso que muitas pessoas vão se cansando de cumprir a lei, porque a lei ela chega, às vezes, a ser uma piada para o cidadão”, classificou o assistente social Samuel Miranda.
Teófilo Matos é caminhoneiro e já rodou por todo o país a trabalho, para ele, estados da região sul do Brasil tem os melhores serviços com relação a concessionárias de pedágio, mas critica os valores exorbitantes cobrados por empresas que administram esses pedágios: “Eu acho também que são preços exorbitantes, porém, pelo fato de ser uma cultura diferente, um atendimento diferenciado, a meu ver, para o lado de lá, vale a pena você pagar pedágio, mas também o que nós, caminhoneiros, reclamamos é o preço absurdo, enfim, é tudo isso aí que eu tenho para falar, eu acho desnecessário também o tanto de praças de pedágios que há em todos esses estados”.
O caminhoneiro criticou ainda a condição das rodovias federais na Bahia que são administrada por concessionárias, e avaliou a BR-324 como a pior rodovia sob comando de pedágio no Brasil: “você tem pedágio na BR-116, você paga o pedágio, não tem uma contrapartida e não tem uma pista dupla; então aí já é uma aberração. Em se tratando da BR-324, pelo fato de eu ter rodado praticamente o país todo como caminhoneiro, acho uma aberração. Eu classifico a BR-324 como a pior rodovia pedagiada do país, sem sombra de dúvidas”.
A Bahia tem sete praças de pedágios, cinco em rodovias estaduais e outras duas em estradas federias, são elas: BA-093 (Simões Filho-Pojuca); BA-099 (Camaçari – divisa com Sergipe); BA-524 (Rótula Copol – Porto de Aratu); BA-526 (BR-324 – Rótula do Aeroporto); BA-535 (BA-526 – Camaçari); BR-116 (Feira de Santana – Divisa com Minas Gerais) e BR-324 (Salvador – Feira de Santana). As rodovias são administradas pelas concessionárias Litoral Norte (099), Bahia Norte (demais) e Via Bahia (federais).
O valor pedágio da BA-099, por exemplo, é o mais caro da Bahia e em janeiro deste ano anunciou novo aumento. O valor do reajuste foi de 2,44% e correspondente à readequação tarifária anual, prevista no contrato de concessão, segundo a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba).