Camaçari: A duplicação do Viaduto do Trabalhador; uma obra que se arrasta

Foto: Reprodução

A duplicação do Viaduto do Trabalhador, sem dúvida, será um equipamento que vai mudar a cara da cidade e melhorar a mobilidade no trânsito de Camaçari. A obra foi anunciada ainda em 2019, quando o prefeito assinou a ordem de serviço, em outubro daquele ano, com previsão de entrega para metade do ano seguinte.

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2019 era ano pré-eleitoral, e, sendo entregue na metade de 2020, a obra da Avenida Jorge Amado mais o viaduto do trabalhador se tornaria o carimbo da gestão de Elinaldo e, consequentemente, o reelegeria o prefeito para o segundo mandato. Mas o prazo previsto não se cumpriu e o governo estendeu a previsão para o final do ano de 2020, que também não conseguiu entregar a duplicação do viaduto. Mesmo assim, o demista venceu as eleições.

No início deste mês (março), outro anúncio sobre as obras atrasadas do viaduto: 80% dos serviços concluídos, quase um ano depois da primeira previsão. Onze meses, para ser preciso. Se seguissem os prazos iniciais, a obra deveria ser entregue pelo menos em abril de 2020.

“A parte mais cara de uma obra é a mão-de-obra. Quando fazemos algum serviço em casa ou numa empresa, a gente tenta otimizar ao máximo os recursos e o tempo. Na empreita ou na diária, a gente fica de olho para que o serviço termine logo. Sinceramente, eu não consigo entender como uma obra dessa, aparentemente tão simples, pode demorar tanto”, disse o empresário José Silva, morador do Parque Nascente do Rio Capivara.

E desde que a região do viaduto, na avenida onde está situado o Hospital Geral, precisou passar por intervenções para o início das obras, somado aos atrasos nos serviços, mais os problemas corriqueiros como maior número de veículos circulando por aquela região nos horários de pico, isso tudo gerou transtorno para motoristas e usuários do transporte público que tiveram que esperar mais tempo no congestionamento que se formou por várias vezes começando da altura do IFBA, passando pelo gargalo do viaduto e só ia melhorar após o equipamento, chegando na Av. Jorge Amado.

A modificação no trajeto também foi outro agravante. A STT (Superintendência de Trânsito e Transporte de Camaçari) fez algumas intervenções, quando bloqueou o acesso ao viaduto e levou o motorista que ia para o centro, a fazer o retorno na BA-535, mesmo com um trânsito mais “fluido”, a viagem se tornava mais demorada.

Para a servidora pública Nice Damasceno, a demora em concluir a obra, amplia também os transtornos causados em uma região que precisa de fluidez. “A prefeitura tem que lembrar que ali, próximo ao viaduto, está instalado o Hospital Geral de Camaçari, onde, principalmente agora, nessa pandemia, é um entra e sai muito grande de ambulâncias e as obras acabam dificultando esse acesso”.

Em 2018, durante a comemoração do aniversário de 260 anos da cidade, no tradicional Desfile Cívico que marca a cerimônia, o então secretário de habitação do município, hoje presidente da Câmara, Júnior Borges (DEM), explicou sobre o não andamento do serviço no curso da Avenida Jorge Amado. Ele falou sobre a famosa frase: “põe asfalto, tira asfalto”, se referindo ao trabalho da empresa que ganhou a licitação para execução da obra, que vez ou outra era vista removendo o asfalto já posto, para repor outra vez: “Não é que tire asfalto e ponha asfalto, o que acontece é que a prefeitura fez um processo licitatório, nesse processo, uma empresa ganha, e a empresa vai realizar a obra, se essa obra não estiver a contento, ou seja, sem as especificações técnicas adequadas, a empresa é obrigada a refazer. Então, ela não recebe duas, três vezes, ela só recebe quando o serviço estiver pronto. Isso é zelo e respeito pelo dinheiro público”.

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Júnior esclareceu ainda que o fato de a empresa vencer a licitação, não lhe dá o direito de fazer o serviço mal feito: E isso é importante que as pessoas saibam, por que é dinheiro público que está sendo investido, não é porque uma empresa ganhou (a licitação) que tem que fazer de qualquer jeito, ela tem que fazer com as especificações corretas para que o asfalto dure por muitos anos”.

Apesar de estar quase pronta a segunda parte do equipamento, o período chuvoso pode atrapalhar as obras, caso tenhamos um início de outono como tradicionalmente acontece de ser úmido.

No meio do ano passado, a prefeitura de Camaçari anunciou um distrato com a empresa Andrade Mendonça, vencedora da licitação para realização das obras, e justificou que a quebra de contrato estava acontecendo devido a descumprimento de prazos por parte da empresa e que a organização estaria com dificuldades financeiras, o que levaria a segunda colocada na disputa, a assumir o serviço.

O valor da obra, contratado pela prefeitura, garantido via empréstimo junto ao Banco de Desenvolvimento Econômico da América Latina (CAF), foi de R$ 13.456.940.05 e o prazo para a execução da obra foi de seis meses e vigência de 12 meses tendo como base a data de assinatura da O.S. Vale deixar claro, que o montante destinado à duplicação do viaduto é verba carimbada e não pode ser desviada para outra finalidade, como o combate a pandemia do novo coronavírus, por exemplo.

Procurada pela nossa equipe, a Secretaria de Infraestrutura de Camaçari (Seinfra), não deu retorno até o fechamento desta matéria. No contato, nós pedimos explicações, entre outras coisas, sobre o atraso na entrega da obra; sobre possíveis aditivos no montante destinado ao serviço; sobre o novo prazo para entrega do equipamento.