As autoridades regionais da Irlanda do Norte celebram reuniões de emergência nesta quinta-feira (8), depois que uma nova noite de violência e após os distúrbios registrados nos últimos dias em um contexto de tensões exacerbadas pelo Brexit.
Após uma reunião de urgência do governo norte-irlandês, o Parlamento autônomo regional da Irlanda do Norte interrompeu o recesso da Semana Santa para convocar uma sessão especial.
“Conversei com o chefe de polícia, que está informando os partidos políticos”, afirmou a primeira-ministra da Irlanda do Norte, a unionista Arlene Foster. “Meus pensamentos estão especialmente voltados para os agentes feridos pela violência injustificável dos últimos dias”, completou.
“Os responsáveis devem ser submetidos a todo o rigor da lei porque todos devem ser iguais perante a lei”, escreveu no Twitter.
Foster já havia condenado os distúrbios. “Isto não é um protesto. Isto é vandalismo e tentativa de assassinato. Estas ações não representam o unionismo”, afirmou.
Várias pessoas se reuniram na quarta-feira à noite em Lanark Way, uma área de Belfast onde foram instaladas grandes barreiras de metal para separar um bairro católico de outro protestante, e “um ônibus foi incendiado”, informou a polícia da Irlanda do Norte.
“Centenas de pessoas dos dois lados usaram coquetéis molotov”, tuitou um jornalista da BBC no local. Ele também informou que a chegada da polícia reduziu consideravelmente o nível da violência.
Sete agentes ficaram feridos durante a noite – 41 pessoas foram feridas nos últimos dias -, assim como um fotógrafo e um motorista de ônibus, informou a polícia.
Reavivar o fantasma do conflito
A nova noite de violência se une a uma semana de distúrbios que evidenciam o crescente conflito existente nesta província britânica, onde as consequências do Brexit revoltaram os unionistas partidários da coroa britânica.
Na semana passada, a violência explodiu primeiro na cidade de Londonderry, antes de se propagar para uma área unionista de Belfast e seus arredores durante o fim de semana da Páscoa.
Os incidentes reavivaram o fantasma das três décadas de conflito violento entre republicanos católicos e unionistas protestantes, que deixaram quase 3.500 mortos.
O acordo de paz assinado em 1998 acabou com a fronteira entre a província britânica e a vizinha República da Irlanda – país membro da UE -, mas o Brexit abalou o delicado equilíbrio, exigindo a adoção de controles alfandegários entre o Reino Unido e a União Europeia.
Após duras negociações, Londres e Bruxelas alcançaram uma solução, conhecida como “protocolo da Irlanda do Norte”, que evita o retorno de uma fronteira física na ilha da Irlanda e transfere os controles aos portos norte-irlandeses.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou no Twitter que está “profundamente preocupado”. “A forma de resolver as diferenças é o diálogo, não a violência ou a criminalidade”, destacou.
O primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin, considerou que “a única maneira de avançar é abordar as questões que preocupam através de meios pacíficos e democráticos”.
“Agora é o momento de que os dois governos e os líderes de todas as partes trabalhem juntos para reduzir as tensões e restabelecer a calma”, afirmou. Da AFP.