EUA vai aplicar terceira dose das vacinas da Pfizer e da Moderna

No momento em que os Estados Unidos voltam a registrar mais de mil mortes diárias por Covid-19, os Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDCs) anunciaram, ontem, que norte-americanos vacinados com imunizantes à base de mRNA (Pfizer/BioNTech e Moderna) poderão receber uma terceira dose a partir de 20 de setembro. Para justificar a medida, a diretora do órgão, Rochelle Walensky, emitiu um comunicado, assinado por outras autoridades de saúde, destacando que, embora “altamente eficazes para evitar hospitalizações”, as substâncias perdem, com o tempo, o potencial de proteger contra o Sars-CoV-2.

Os CDCs também divulgaram, ontem, três novos estudos que apontam para a queda da efetividade das vacinas de mRNA com o tempo. Um deles, realizado com residentes de casas de repouso, constatou que duas doses desses imunizantes foram 74,7% eficazes contra a infecção no início do programa de vacinação. “Durante junho-julho de 2021, quando a circulação da variante B.1.617.2 (Delta) predominou, a eficácia diminuiu significativamente para 53,1%”, diz o artigo.

Outra pesquisa, com dados do estado de Nova York, indicou que a efetividade das vacinas contra hospitalizações caiu de 91,7% entre maio e julho, para 79,8%. O terceiro estudo divulgado pelos CDCs, com 1.129 pacientes que receberam duas doses do imunizante da Pfizer ou da Moderna, não encontrou declínio na proteção das substâncias em 24 semanas.
“A eficácia da vacina foi de 86% entre 2–12 semanas após a vacinação e 84% entre 13–24 semanas. A eficácia da vacina foi mantida entre os grupos de risco para Covid grave”, diz o artigo. O resultado foi considerado “excelente” por Rochelle Walensky.

Segundo o comunicado conjunto — endossado pela Agência Federal de Drogas e Medicamentos (FDA), a quem cabe a palavra final —, quem recebeu a segunda injeção há oito meses terá indicação para o reforço. “Os dados disponíveis deixam muito claro que a proteção contra a infecção por Sars-CoV-2 começa a diminuir ao longo do tempo após as doses iniciais de vacinação e, em associação com a dominância da variante Delta, estamos começando a ver evidências de proteção reduzida contra a doença leve a moderada”, diz o comunicado.

“Por esse motivo, concluímos que uma injeção de reforço será necessária para maximizar a proteção induzida pela vacina e prolongar sua durabilidade.”

De acordo com os CDCs, os primeiros beneficiados com o reforço são os moradores de casas de repouso, idosos de “idade avançada” e profissionais de saúde, como no início do programa de imunização contra a Covid, em dezembro passado. Além das vacinas de mRNA, o comunicado destacou que o reforço, provavelmente, será necessário para as pessoas que receberam o imunizante da Janssen, de dose única.

OMS

A ideia de uma dose extra antes que se complete um ano da segunda injeção não agrada a Organização Mundial da Saúde (OMS) que, ontem, se manifestou, novamente, contrária ao reforço. “Acreditamos claramente que os dados atuais não indicam que as doses de reforço sejam necessárias”, declarou a cientista-chefe Soumya Swaminathan, acrescentando: “É preciso esperar que a ciência diga quando os reforços serão necessários, para quais grupos de pessoas e para quais vacinas.” A crítica da OMS é que nações ricas administrem a terceira dose, enquanto muitos países não conseguiram “sua primeira injeção”.

Apesar de os estudos divulgados pelos CDCs demonstrarem queda na eficácia das vacinas de mRNA com o tempo, os percentuais de proteção continuam satisfatórios — para um imunizante ser considerado efetivo, ele precisa ter um nível de proteção acima de 50%. Israel anunciou a terceira dose para idosos, e o Reino Unido pretende administrar, em breve, o reforço na população em geral.

Alguns especialistas, porém, não estão convencidos dessa necessidade. “A primeira questão científica é: temos evidências de que é necessário um reforço da terceira dose? A real necessidade não é reduzir o número de casos leves, embora seu impacto não deva ser minimizado, mas, sim reduzir internações e óbitos entre aqueles que já receberam duas doses”, destaca Stephen Evans, professor de farmacoepidemiologia da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.

Evens lembra que nenhuma vacina para Covid é 100% eficaz para prevenir todas as infecções. “Mas não temos evidências de que agora haja um forte aumento de hospitalizações e mortes entre aqueles que tomaram duas doses”. Informações do Correio Braziliense.