Vários países anunciaram uma série de restrições às viagens para a África do Sul e vizinhos nesta sexta-feira, na esperança de impedirem a entrada de uma nova variante da covid-19 de rápida disseminação que está causando alarme entre as autoridades de saúde globais.
Depois do Reino Unido e de Israel, a União Europeia (UE) disse hoje que vai propor a ativação de um “freio de emergência” para interromper as viagens entre o bloco e a região afetada pela variante na África, citando as preocupações com a B.1.1.592, como a nova cepa foi inicialmente batizada.
França, Croácia, Itália, Alemanha e outros países europeus se anteciparam às autoridades do bloco e já agiram para impor suas próprias barreiras a viajantes vindos da África do Sul, Lesoto, Botsuana, Zimbábue, Moçambique, Namíbia e eSwatini. O ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, afirmou que a medida proposta pela EU deve entrar em vigor em toda a região ainda na noite de hoje.
Na Ásia, autoridades de Cingapura, Japão e Hong Kong, onde dois casos da nova variante já foram descobertos, estão implementando novos controles fronteiriços para evitar a entrada de viajantes vindos da região onde a variante foi detectada inicialmente. Já a Índia recomendou que seus governos regionais adotem uma política de testagem rigorosa em pessoas que desembarcarem de voos com origem na África do Sul ou em outros países “sob risco”.
Especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) estão reunidos hoje para decidir se declaram a cepa como uma “variante de preocupação”. A entidade usa essa classificação para identificar mutações que são comprovadamente mais contagiosas, que provocam casos mais graves ou que diminuem a eficácia das medidas de saúde pública, dos testes, dos tratamentos e das vacinas.
Enquanto os cientistas ainda estão descobrindo os efeitos exatos causados pelas mais de 50 mutações identificadas na nova variante, ela tem causado um aumento acentuado nas infecções na África do Sul. A nova versão do vírus também foi identificada em Israel, que detectou a cepa em um viajante do Malaui e está investigando se ele infectou outras duas pessoas.
Após uma reunião com especialistas e autoridades do Ministério da Saúde, o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, disse que o país poderia decretar estado de emergência por causa da nova variante. “Nosso maior princípio agora é agir rápido, firme e agora”, disse ele.
A descoberta da variante ressalta os riscos da evolução do vírus para a comunidade global. Especialistas dizem que os altos níveis de transmissão dão ao Sars-CoV-2, responsável por causar a covid-19, a chance de desenvolver mutações que o tornam mais perigoso.
Dados do Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul mostram como a nova cepa nas últimas duas semanas rapidamente eliminou a variante delta altamente transmissível. A mutação é agora responsável por cerca de 90% das infecções na província mais populosa do país, onde estão as cidades de Pretória e Joanesburgo.
Durante o mesmo período, os casos de covid-19 no país de 60 milhões de pessoas se multiplicaram, passando de cerca de 300 há pouco mais de duas semanas para 2.465 na quinta-feira. Embora essa seja uma contagem muito mais baixa do que a observada em muitos países europeus atualmente, os cientistas e o Ministério da Saúde da África do Sul disseram estar alarmados com a rápida disseminação da nova variante, bem como com seu número excepcionalmente alto de mutações.
As restrições às viagens internacionais pouco antes da temporada de festas de fim de ano, junto com a perspectiva de que novas medidas serão adotadas para conter a disseminação da variante internamente, são um duro golpe para a África do Sul, cuja economia e população foram fortemente atingidas pela pandemia. Informações do Portal Valor Investe.