O candidato de esquerda Gustavo Petro venceu o primeiro turno da eleição presidencial da Colômbia no domingo (29) e enfrentará o empresário Rodolfo Hernández, no segundo turno, em 19 de junho.
Petro, ex-membro do movimento guerrilheiro M-19 que prometeu profundas mudanças econômicas e sociais, teve 40,3% dos votos, segundo os registros oficiais, com 99,9% das urnas apuradas.
Hernández, ex-prefeito de Bucaramanga que prometeu combater a corrupção mesmo sendo investigado por irregularidades, obteve 28,2%.
Pesquisas feitas antes do primeiro turno mostraram que Hernández – que agora tem o apoio do terceiro colocado Federico Gutiérrez e provavelmente de muitos de seus apoiadores – ficaria apenas alguns pontos atrás de Petro no segundo turno.
Ex-prefeito de Bogotá, 62 anos, Petro sempre liderou pesquisas de opinião com promessas de redistribuir pensões, oferecer universidade pública gratuita e começar a mudar o que ele diz serem séculos de profunda desigualdade.
“O que não está em dúvida hoje é a mudança”, disse Petro a apoiadores no centro de Bogotá. “Agora é ver o que faremos com a Colômbia, o que a sociedade colombiana quer para seu próprio país.”
“A corrupção não é combatida com slogans no TikTok”, acrescentou Petro, numa referência à popularidade de Hernández no aplicativo.
Ele prometeu implementar totalmente o acordo de paz de 2016, firmado com os rebeldes das Forças Armadas Revolucionáridasa da Colômbia (Farc) e buscar negociações de paz com os rebeldes do Exército de Libertação Nacional (ELN) ainda ativos, bem como interromper todo o desenvolvimento de petróleo e gás.
Daniela Cuellar, consultora sênior da FTI Consulting em Bogotá, disse que a sede dos colombianos por algo diferente foi claramente demonstrada com dois candidatos que prometem mudanças indo para o segundo turno.
“Esta eleição não é sobre Petro, ou um movimento para a esquerda”, afirmou ela à Reuters. “É que a população colombiana está cansada da classe política tradicional e busca uma vida melhor.”
Hernández subiu nas pesquisas apenas nas últimas duas semanas, impulsionado por sua presença nas mídias sociais. Ele prometeu acabar com os privilégios das autoridades e governar de forma austera.
“Hoje sabemos que os cidadãos têm firme vontade de acabar com a corrupção como sistema de governo”, disse Hernández em vídeo nas redes sociais. “As gangues que pensavam que governariam para sempre perderam hoje.”
Apesar da retórica de Hernández, o empresário enfrenta uma investigação de corrupção, com alegações de que interferiu em uma licitação de coleta de lixo quando era prefeito, para beneficiar empresa para a qual seu filho havia feito lobby. Da Agência Reuters.