A Itália pode precisar de eleições antecipadas para superar o atual impasse político, avaliaram autoridades governamentais nessa sexta-feira (15), depois que o primeiro-ministro Mario Draghi apresentou sua renúncia após motim de um partido de coalizão.
O presidente da Itália, Sergio Mattarella, rejeitou a renúncia de Draghi na quinta-feira (14) e pediu a ele que se dirigisse ao Parlamento na próxima semana para obter uma imagem mais clara da situação política.
Se a unidade não puder voltar rapidamente às fileiras do governo, a única alternativa seria que uma eleição fosse convocada entre setembro e dezembro deste ano, disse o ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, advertindo que uma votação antecipada seria bem recebida pela Rússia, mas prejudicaria a economia italiana.
“Se Draghi cair, nós votaremos”, disse ele à rádio RTL, acrescentando que, sem um governo em pleno funcionamento nos próximos meses, a Itália correria o risco de perder bilhões de euros em fundos de recuperação pós-pandêmicos da União Europeia e não seria capaz de promulgar medidas para combater os altos custos de energia.
“Uma eleição antecipada é um problema para o país”, completou.
O governo de Draghi, com duração de 18 meses, entrou em colapso depois que o pelo Movimento 5-Estrelas boicotou uma moção de confiança parlamentar sobre os planos de Draghi para enfrentar o crescente custo de vida, argumentando que eles não foram suficientemente longe.
Os críticos dizem que o partido, dilacerado por uma cisão no mês passado, estava agindo meramente por interesse próprio, ansioso para elevar seu perfil junto aos eleitores após uma queda nas pesquisas de opinião.
Os riscos do caos político enervaram os mercados financeiros.
Credibilidade europeia
Uma eleição nacional na Itália está prevista para o primeiro semestre de 2023 e a antecipação do pleito daria aos partidos pouco tempo para elaborar manifestos e preparar suas listas de candidatos.
Com as eleições antecipadas, Draghi poderia permanecer na função como interino, mas não seria capaz de elaborar um Orçamento para 2023 ou decretar reformas exigidas pela Europa em troca dos fundos de recuperação.
“A Itália não pode passar sem Mario Draghi”, disse Renato Brunetta, ministro da Administração Pública e membro do partido de centro-direita Forza Italia. “Não podemos perder a credibilidade e a confiança que ganhamos na Europa e no mundo em tempos tão difíceis”, escreveu ele no Twitter.
Draghi, um ex-presidente do Banco Central Europeu amplamente respeitado, desempenhou um papel proeminente na resposta da União Europeia à invasão russa na Ucrânia, ajudando a elaborar sanções econômicas contra Moscou e enviando armas para Kiev.
“Temos agora cinco dias para trabalhar para que o Parlamento confirme sua confiança no governo Draghi e a Itália saia o mais rápido possível da crise dramática em que está entrando”, disse Enrico Letta, chefe do Partido Democrata, de centro-esquerda. Da Agência Reuters.