Em julho, a Região Metropolitana de Salvador (RMS) teve a maior deflação mensal (queda média de preços) em 33 anos de série histórica (-1,06%), segundo informações divulgadas nessa terça-feira (9), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O recuo do custo de vida na RMS foi mais intenso do que o verificado no país como um todo (-0,68%, também uma deflação recorde) e o 7º entre os 16 locais investigados separadamente pelo IBGE para calcular a inflação oficial do Brasil.
Fazem parte da RMS: Camaçari, Candeias, Dias d’Ávila, Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Mata de São João, Pojuca, Salvador, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Simões Filho e Vera Cruz.
De acordo com o IBGE, todos os locais registraram queda média de preços, liderados pelo município de Goiânia (-2,12%), pela Região Metropolitana de Curitiba (-1,41%) e pela Grande Vitória, no Espírito Santo (-1,31%).
Com o resultado de julho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na Região Metropolitana de Salvador acumulado em 2022 aumentou menos do que no mês anterior pela primeira vez no ano.
O índice ficou em 5,48% frente a 6,60% no primeiro semestre, mas continua acima do índice nacional (4,77%) e é o terceiro maior do país.
Nos 12 meses encerrados em julho, a inflação na Região Metropolitana de Salvador está em 11,38% e também mostrou sua primeira desaceleração desde fevereiro de 2022. Continua, porém, acima do indicador nacional (10,07%) e é a mais elevada do país.
Queda recorde nos preços dos transportes, puxada pela gasolina
Em julho, a deflação mensal histórica na Região Metropolitana de Salvador (-1,06%) foi resultado de recuos nos preços médios em quatro dos nove grupos de produtos e serviços que compõem o IPCA.
O resultado foi fortemente influenciado pela queda verificada no grupo transportes (-5,26%), a mais intensa em 33 anos de série histórica, puxada pelo recuo mensal recorde no preço da gasolina (-16,97%).
Além dela, o etanol também mostrou deflação intensa (-11,99%), fazendo os combustíveis, de uma forma geral, caírem de forma significativa (-15,49%), apesar da discreta variação positiva no diesel (0,10%)
A queda média dos preços de habitação (-2,54%), mais intensa em quase nove anos e meio (desde fevereiro de 2013, quando o IPCA do grupo havia sido de -2,97%), também teve papel central na deflação de julho na RM Salvador.
A principal influência nesse sentido veio da energia elétrica (-10,30%), segundo item que individualmente mais contribuiu para a queda do IPCA no mês.
O recuo nos combustíveis é resultado tanto da redução de R$ 0,20 no preço médio do produto vendido para as distribuidoras, anunciada em 20 de julho, como dos efeitos da Lei Complementar 194/22, sancionada no final de junho, que reduziu o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e comunicações.
Essa lei impactou também na queda do preço da energia elétrica, que teve efeito ainda da aprovação, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), das Revisões Tarifárias Extraordinárias de dez distribuidoras espalhadas pelo país, o que acarretou redução nas tarifas a partir de 13 de julho.
Além de transportes e habitação, também foram registradas deflações nos grupos artigos de residência (-0,31%) e comunicação (-0,35%).
Por outro lado, dentre os cinco grupos de produtos e serviços que seguiram com os preços em alta, a principal pressão inflacionária veio de alimentação e bebidas (0,70%), seguido por saúde e cuidados pessoais (0,74%).
Destaque para o leite
Nos alimentos, o destaque ficou com o leite longa vida (25,22%) que teve o segundo maior aumento dentre as dezenas de produtos e serviços investigados para formar o IPCA na Região Metropolitana de Salvador – ficou abaixo apenas da melancia (que aumentou 27,09%).
Já itens como o tomate (-17,99%, maior deflação), a cenoura (-15,49%), a batata-inglesa (-9,06%) e a cebola (-6,36%) tiveram recuos expressivos nos preços médios, em julho.
Entre as despesas com saúde e cuidados pessoais, a principal pressão inflacionária veio dos planos de saúde (1,07%).
Maior queda do INPC em quase 24 anos
Na Região Metropolitana de Salvador, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação das famílias com menores rendimentos (até 5 salários mínimos), ficou em -0,93% em julho.
De forma semelhante ao IPCA, o INPC de julho na região também apresentou deflação mais intensa do que a nacional (-0,60%). Foi o menor índice, na RMS, em quase 24 anos, desde o registrado em setembro de 1998 (-1,00%).
Ainda assim, nos primeiros sete meses de 2022, o INPC acumula alta de 6,04% na RM Salvador. É o maior índice do país e superior ao nacional (4,98%).
Também é o mais alto nos 12 meses terminados em julho (12,09%), enquanto o índice nacional está em 10,12%. Informações do G1.