Uma semana depois da explosão em um porto de Beirute e um dia depois da renúncia do primeiro-ministro do Líbano, o cenário no país continua caótico e a população se prepara para seguir protestando.
O país enfrenta uma crise econômica séria há mais de um ano, com um terço da população vivendo abaixo da linha da pobreza, alto índice de desemprego e insegurança alimentar, já que parte da população não tem como pagar os altos preços dos alimentos básicos.
O episódio da última semana foi a gota d’água em um país que já estava cansado da corrupção e da falta de assistência do governo. Agora, os protestos continuam e a população pede que toda a alta cúpula política mude e exigem eleições o mais rápido possível.
O sistema político no Líbano é liderado por grupos religiosos e cada líder político deve seguir alguma das vertentes religiosas vigentes no país. Esse modelo permite que a corrupção se instaure mais facilmente, com cada grupo governando para os seus aliados e se mantendo no poder.
“Eu disse antes que a corrupção está enraizada em cada nível do estado, mas eu descobri que a corrupção é maior do que qualquer estado”, disse o primeiro-ministro Hassan Diab durante o discurso de renúncia na segunda-feira (10).
Pedidos de mudança
Segundo a Al Jazeera, o discurso pouco mudou a sede de mudança dos manifestantes. Nas redes sociais, postagens pedindo por uma reforma maior viralizaram.
“Isso não acaba com a saída do governo”, disse uma das postagens. “Ainda tem o [presidente Michael] Aoun, [o presidente da Câmara Nabih] Berri e todo o sistema”.
Manifestantes ouvidos pela Reuters concordaram que os protestos só param quando todo o sistema político tiver mudado.
“É uma coisa boa que o governo tenha se demitido. Mas nós precisamos de sangue novo ou isso não funciona”, disse Avedis Anserlian à agência de notícias na frente da loja da qual era dono e que foi destruída durante a explosão.
“Eu não acho que [a saída do governo] vá fazer diferença. Todos os ministros do Líbano são uma fachada. Por trás deles existe uma milícia que controla tudo”, disse o empresário Rony Lattouf à Al Jazeera.
Resposta do governo
Apesar de a população pedir por novas eleições, o governo ainda não anunciou planos de convocar uma eleição popular em um futuro próximo. Mesmo com a saída de todo o governo e de outros ministros na última semana, eles seguem trabalhando até que uma nova cúpula seja formada.
O presidente Michael Aoun não disse em quanto tempo ele espera que esse novo governo seja formado e nem anunciou novas mudanças políticas ou assistenciais para a população. Informações do R7.