A diretoria do Bahia apresentou, na noite da última segunda-feira, em reunião do Conselho Deliberativo, as contas referentes ao exercício 2020. O Conselho Fiscal tricolor recomendou, por unanimidade, a aprovação dos números apresentados. Uma assembleia geral será realizada no próximo dia 30 para que os sócios conheçam o orçamento de 2021 e também votem as contas do último ano.
A assembleia será realizada em plataforma virtual e contará com transmissão da TV Bahêa, no YouTube. A votação será à distância por meio de um programa contratado pelo clube.
Poderão votar os sócios das categorias patrimonial, contribuinte e remido, com 16 anos ou mais, em dia com as obrigações estatutárias. O Bahia divulgou uma lista com os nomes dos sócios aptos a participar da votação. Os associados que não encontrarem o nome na relação podem entrar em contato com o Centro de Atendimento ao Sócio do clube para obter informações.
As contas
A apresentação das contas foi realizada em uma reunião que durou aproximadamente seis horas. Durante o período, funcionários do departamento financeiro do clube explicaram os pormenores do balanço de 2020 e responderam a perguntas de conselheiros.
Após dois anos de crescimento, o Bahia registrou queda na receita. Em 2020, o clube arrecadou cerca de R$ 130 milhões, quase R$ 60 milhões a menos do que em 2019, quando embolsou R$ 189 milhões. Parte do valor que entraria em caixa na última temporada foi remanejado para 2021 por conta da readequação do calendário do futebol nacional.
A situação fica pior. Se a receita caiu, as dívidas aumentaram. Em 2019, o Bahia registrava R$ 209 milhões em débitos. No ano passado, o número subiu para R$ 255 milhões. Apesar do cenário, o presidente Guilherme Bellintani acredita que o clube pode ser recuperar em um prazo curto.
– Se eu pudesse extrair um sentimento nosso, nesse momento, de pandemia, que não chamo de pós-pandemia, porque ela ainda está aqui, eu diria que estamos combalidos, mas ainda estamos de pé. Esse é meu sentimento. Temos um déficit de 2020 na casa de R$ 50 milhões. Sendo que, se consideramos as despesas relativas de 2020, se atribuirmos a 2020 o calendário esportivo e as receitas esportivas de 2020, nosso déficit seria de R$ 20 milhões. Lembrando que ainda tivemos um acúmulo significativo de retenção de verba. No fim de 2019, tivemos uma condenação do processo da BWA, onde, durante o ano de 2020, 10% da receita do clube foi sequestrada para um processo de 2011. Temos retidos R$ 13 milhões. Quando você soma esses R$ 13 milhões, temos um déficit natural e até inferior a outros clubes do futebol brasileiro. Estamos combalidos, passando por uma fase difícil, mas trabalhando para passar por essa dificuldade – disse durante a reunião.
Segundo o balanço apresentado pela diretoria do Bahia, 70% do valor da dívida global do clube correspondem a dívidas de longo prazo e estão equacionados. A maior parte do débito tem natureza tributária e tem pagamento previsto no Profut. Porém, como pagou parcelas menores do programa em 2020, o Tricolor viu esse valor subir por conta dos juros.
Em 2019, o Bahia devia em tributos R$ 109 milhões. No ano passado, o valor alcançou R$ 129 milhões.
No último ano, o Bahia também reduziu os repasses para o acórdão com a Justiça Trabalhista. O Tricolor desembolsou R$ 1,9 milhão de janeiro a março e R$ 300 mil de novembro a dezembro – um total de R$ 2,2 milhões. O valor é consideravelmente menor que o dos últimos anos. Em 2018, o Tricolor pagou R$ 7,5 milhões, já em 2019 repassou R$ 8,4 milhões.
Durante a reunião, o Conselho Fiscal demonstrou preocupação com a falta de recolhimento de alguns encargos trabalhistas e tributos em 2020. Bellintani tranquilizou os conselheiros, embora, após quatro anos de queda, o Bahia tenha registrado um aumento no número de reclamações na Justiça do Trabalho no ano passado, quando nove pessoas processaram o clube.
– Atrasamos 13º e alguns pagamentos. Mas preferimos fazer isso em detrimento de demissão de funcionários. Não demitimos nenhum funcionário do clube, mas estamos trabalhando incessantemente na diminuição de despesas.
– Agora tivemos um atleta, que não vou me aprofundar, que tentou sair do Bahia forçando a barra, com argumentos incoerentes de ponto de vista jurídico. Posso dizer que estamos controlando com maior proximidade possível, principalmente o FGTS, controlando a ferro e fogo, e colocando como prioridade. Não adianta nada deixar de pagar um valor pequeno e ter uma perda grande. Não queremos esse período de volta – comentou o presidente tricolor.
Segundo o vice-presidente do Bahia, Vitor Ferraz, nenhuma das nove reclamações trabalhistas de 2020 foram de jogador ou técnicos da equipe profissional.
No último ano, o Bahia liquidou empréstimos contraídos em 2019. Porém, o clube contratou novos empréstimos com instituições bancárias ao longo de 2020.
Apesar do ano ruim no campo financeiro, o Bahia também registrou pontos positivos. Entre a loja própria, localizada na Arena Fonte Nova, e o comércio de itens em plataformas digitais, o clube conseguiu cerca de R$ 8 milhões. Somente com o e-commerce, o Tricolor arrecadou R$ 5,2 milhões.
Para 2021, o Bahia prevê uma arrecadação total de aproximadamente R$ 171 milhões, valor que conta R$ 22 milhões remanescentes da última temporada e R$ 149 milhões de receita do ano em exercício. Informações do Globo Esporte Bahia.