Sem vencer há sete jogos, o Bahia atravessa o seu momento mais conturbado na Série A. Tanto que deixou a primeira parte da tabela de classificação, caiu para a 15ª posição e viu a distância para a zona de rebaixamento encurtar para dois pontos. Nesta terça-feira, o clube apresentou o novo técnico, o argentino Diego Dabove, esperança para um desfecho de temporada mais tranquilo.
Na entrevista de de apresentação de Diego Dabove, o presidente Guilherme Bellintani também falou com a imprensa e comentou o momento difícil da equipe.
– Momento muito difícil. Não existe como classificar diferente disso. Sete partidas sem um triunfo. Um empate e seis derrotas. Momento difícil, a resposta é serenidade e trabalho. Já tivemos outros momentos difíceis ao longo dos últimos quatro anos. Com serenidade e trabalho conseguiremos recuperar. O clube se fortalece com momentos difíceis e sabe sair deles – disse.
– Quem está no futebol tem que estar pronto. Ser presidente do Bahia é para poucos, para quem tem coragem. A coragem é necessária nos momentos ruins. Tenho serenidade para tomar decisões nos momentos ruins. Sei que meu papel agora não é reagir de forma nervosa. A minha experiência me deu capacidade de, nos momentos difíceis, ter serenidade e trabalhar – completa.
Além de Dabove, o Bahia teve como novidade nos últimos dias a contratação do volante Luizão, que estava no futebol da Ucrânia e fechou por empréstimo até o fim de 2022. E mais reforços devem chegar.
– Importante, a gente fala muito de reforço e concordo que precisa. Anunciamos o Luizão e traremos pelo menos mais um, talvez dois. Analisando com a comissão que acaba de chegar, com o departamento de análise. Mas reforço não é a única maneira de resolver problemas. Não basta contratar e não elevar a qualidade do que temos e não olhar para o sub-23. Jogadores jovens, com 18, 19, 20 anos, que conseguem responder coisas que a gente não espera. Temos que olhar para isso, olhar para reforços e ver que ponto precisaremos junto com a comissão técnica.
Até aqui, a gestão Guilherme Bellintani já contratou 16 reforços em um processo de reformulação do elenco que começou no início da temporada. Deste grupo, somente Conti, Luiz Otávio e Mugni eram os titulares do time de Dado Cavalcanti, antecessor de Diego Dabove. O presidente tricolor afirmou que, a princípio, nenhum atleta deve deixar o elenco.
– Os atletas que estão o clube tem contrato, seja até o fim do ano ou mais tempo. Qualquer saída tem que ser acordada com o treinador e em acordo com as circunstâncias econômicas. Não está na pauta imediata. Se acontecer será de comum acordo. O clube tem contrato e costuma respeitar os contratos.
Bellintani também admitiu débitos com os jogadores.
– Não estão em dia. Temos falado bastante sobre isso. Temos o débito do ano passado. Em relação a imagem. Salario sim [está em dia]. Aa imagens do ano passado estão sendo conversadas. O que precisamos é de transparência, diálogo, compreensão. Estamos conversando para tentar encerrar o ano com tudo isso suprido. Apesar do ano ser muito difícil, passamos pelo pior momento financeiro do clube. A expectativa, agora, é ir melhorando – conclui.
Veja outros trechos da entrevista de Guilherme Bellintani:
Críticas recebidas
– O futebol não conseguiu avançar na mesma dimensão das conquistas fora de campo. Entendo que fizemos uma mudança grande na virada da gestão, como propomos aos sócios. O primeiro ciclo foi bem avaliado, começamos bem o Brasileiro. Mas a sequência sem triunfos nos traz a necessidade de mudanças, isso que estamos fazendo.
Placa com metas em vestiário
– Quando estamos na fase ruim, tudo vira polêmica. A gente faz uma meta que serve para, a cada cinco jogos, variável. Não é a mesma meta. Varia de acordo com a análise dos adversários. A gente cria isso e faz com que as metas nos deem o resultado esperado no início da temporada, que é a Libertadores, pelo menos a pré-Libertadores. Quando analisa fora de contexto, a gente pode ter uma avaliação errada. A nossa meta é figurar entre os 10 e, se possível, alcançar uma vaga na pré-Libertadores ou na Libertadores.
Gestão marcada por lutas contra o rebaixamento
– Não concordo. Isso se deu na última participação. Na anterior não figuramos na zona de rebaixamento. Concordo em relação a última participação. Sofremos bastante. Esse ano estamos reagindo de forma diferente, não deixando chegar em crise tão aguda. O momento é ruim, mas nossa capacidade de reação vai nos tirar disso. Pelo trabalho que está sendo desenvolvido, pela estrutura e pela nossa capacidade de enfrentar momentos difíceis.
Pretende mudar sistema defensivo?
– Acho que a correspondência será feita pelo treinador. Também me incomoda muito. No ano passado vimos um time muito aberto, e entre as defesas mais vazadas do campeonato. Agora vemos novamente esse filme. Talvez seja o grande ponto de correção a fazer dentro de campo. Acho errado atribuir isso aos jogadores da linha defensiva. Um time pode ter os melhores zagueiros, mas se joga de maneira exposta, os zagueiros e laterais não podem evitar os gols. Na nossa avaliação, o novo treinador é capaz de superar esse posto de uma das piores defesas do Campeonato Brasileiro.
Montagem do elenco
– Acho que isso procede na leitura do momento. A gente tem uma janela de avaliação com sete jogos sem triunfo. A gente termina sendo mais rigorosos na avaliação dos jogadores que chegaram e dos que estavam aqui. Na crise de sete jogos sem vencer, toda análise é deficitária, seja em relação aos jogadores que chegaram ou os que estavam aqui. O rendimento de todos caiu muito. Diferentemente dos últimos anos, montamos um elenco com folha 30% menor que o ano passado e não investimos na compra de atletas. Desde 2016 estamos com política de aquisição. Esse ano foi o único que não investimos, justamente pela crise financeira. Estamos em um momento delicado. Precisamos de resposta em campo, mas com tranquilidade para não gastar o dinheiro que não tem. Não quero dizer que não faremos novos investimentos. Quero dizer que faremos, mas sem prejudicar a saúde financeira que levamos muitos anos para conquistar. Serenidade, mas com o incômodo necessário, sem desespero, para não achar que podemos gastar o dinheiro que não temos. Estamos muito incomodados. Informações do Globo Esporte Bahia.