A decisão de adiar a análise do projeto de anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro gerou forte repercussão e críticas. O anúncio foi feito pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), após reunião com líderes partidários nesta quinta-feira (24). Segundo Motta, a pauta não será incluída na agenda da próxima semana, apesar do requerimento de urgência protocolado pela oposição.
Durante a reunião, que contou com a presença de líderes representando mais de 400 parlamentares, foi decidido que o tema precisa de mais debate antes de ser levado ao plenário. Motta afirmou que a decisão não significa o encerramento do assunto, mas destacou a necessidade de buscar uma solução que evite injustiças e promova um consenso entre as partes.
O requerimento de urgência, apresentado pelo Partido Liberal (PL) no dia 14 de abril, reuniu 262 assinaturas válidas, cinco a mais do que o mínimo necessário. Caso aprovado, permitiria que o projeto fosse analisado diretamente no plenário, sem passar pelas comissões temáticas. No entanto, cabe ao presidente da Câmara decidir quando — e se — o tema será pautado.
A reunião também foi marcada por tensões entre governo e oposição. Enquanto a base governista defende a priorização de outras agendas, como a PEC da Segurança Pública e a isenção do Imposto de Renda, a oposição pressiona pela aceleração da tramitação do projeto de anistia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou de um jantar com Motta e líderes da base na noite anterior, manifestou-se contrário à anistia ampla.
A decisão de adiar a pauta foi criticada por setores que veem na postergação uma estratégia para evitar o enfrentamento de um tema polêmico. Por outro lado, líderes governistas argumentam que o adiamento é necessário para garantir um debate mais aprofundado e evitar decisões precipitadas.
O adiamento da discussão sobre a anistia mantém o tema em aberto, mas também evidencia as divisões e desafios enfrentados pelo Congresso em um momento de intensos debates políticos. A sociedade segue aguardando uma definição que pode impactar diretamente o cenário político nacional.
