Censo 2022: Cerca de oito a cada dez pessoas moravam em casas, mas cresce proporção de moradores em apartamentos

Em 2022, havia no país 59,6 milhões de casas ocupadas, nas quais residiam 171,3 milhões de pessoas. Ou seja, a maioria da população (84,8%) morava nesse tipo de residência. O segundo tipo mais encontrado foi apartamento, categoria de domicílio na qual residiam 12,5% da população.

As informações foram publicadas hoje (23) pelo IBGE na divulgação “Censo 2022: Características dos domicílios – Resultados do universo”. O evento de divulgação, em parceria com a Prefeitura de Diadema e do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, ocorre hoje (23/02), às 10 horas, no Teatro Clara Nunes, localizado na rua Graciosa, 300. 

Haverá transmissão ao vivo pelo IBGE Digital, que será reproduzida nas redes sociais (YoutubeInstagramFacebook e Tiktok) do instituto. Leia também a notícia sobre existência de banheiros e sanitários, tipos de esgotamento sanitário e destinos do lixo no Censo Demográfico 2022.

Os domicílios do tipo “casa de vila ou em condomínio”, que em 2010 abrigavam 1,6% das pessoas residentes no Brasil, passou a abrigar 2,4% em 2022. Dessa forma, em conjunto, os tipos “casa” e “casa de vila ou em condomínio” reuniam 87,2% da população.

O amplo predomínio das casas entre os tipos de domicílios já havia sido registrado nos Censo Demográficos anteriores, assim como a tendência de aumento da proporção de apartamentos: em 2000, 7,6% da população residia nesse tipo de domicílio, número que passou para 8,5% em 2010 até chegar aos 12,5% registrados em 2022.

Bruno Perez, analista da pesquisa, explica que esse aumento é expressivo e nacional, sendo registrado em todas as regiões do país, embora seja mais típico dos grandes centros urbanos. “Essa verticalização é uma resposta ao adensamento da população dos municípios, principalmente nas áreas de região metropolitana e nos centros das cidades maiores”, afirma.

As demais categorias são residuais. Um grupo de 494 mil pessoas (0,2% da população) residia em domicílios do tipo “habitação em casa de cômodos ou cortiço”. As outras duas categorias abrigavam menos de 0,1% da população: “habitação indígena sem paredes ou maloca”, com 52 mil pessoas, e “estrutura residencial permanente degradada ou inacabada”, com 81 mil pessoas.

Piauí tem a maior proporção de pessoas em casas; Distrito Federal lidera em apartamentos

Na comparação entre o Censo de 2010 e o de 2022, a proporção da população residindo em apartamento” teve expansão em todas as regiões. O maior percentual segue no Sudeste (16,7%), seguido pelo Sul (14,4%). Na outra ponta, aparece o Norte (5,2%).

Entre as unidades da federação (UF), o Piauí teve a maior proporção da população residindo em domicílios do tipo “casa” (95,6%), seguido de perto pelo Tocantins (95,3%) e Maranhão (95,1%). Já a menor foi no Distrito Federal (66,14%), que por sua vez, liderava o ranking de percentual da população residindo em apartamentos (28,7%), enquanto o Tocantins (2,5%) teve a menor proporção no quesito.

A maior ocorrência dos domicílios do tipo casa de vila ou em condomínio foi registrada no Rio de Janeiro (5,9%), seguido por Roraima (5,3%). Espírito Santo (0,5%) apresentou o menor percentual.

Santos (SP), Balneário Camboriú (SC) e São Caetano do Sul (SP) são os únicos municípios com predomínio de moradores em apartamentos

Apesar de registrar uma expansão dos domicílios do tipo apartamento, o Censo Demográfico 2022 mostra que, dos 5.570 municípios brasileiros, em apenas três predominava essa modalidade. São exceções nacionais, mas com características peculiares e diferentes entre si. Um desses municípios é Santos (SP), o único da lista no Censo 2010, quando 57,8% da população morava em apartamentos. Esse percentual passou para 63,4% em 2022. “É um município com boa parte de sua área em uma ilha, onde fica a parte urbana já totalmente ocupada. Por isso, a tendência de expansão é a verticalização. Parte do que poderia ser a periferia e regiões menos adensadas de Santos estão em municípios vizinhos”, explica Bruno.

Já Balneário Camboriú (SC) segue uma lógica diferente. Com uma atividade mobiliária intensa nos últimos anos e sendo um destino turístico importante da região Sul, o município catarinense viu o percentual de moradores em apartamentos saltar de 48,9% para 57,2% do Censo 2010 para o Censo 2022. A cidade do litoral norte de Santa Catarina tem chamado a atenção pelo grande número arranha-céus construídos recentemente. “É uma tendência de áreas litorâneas valorizadas economicamente: um adensamento que gera verticalização para atrair mais pessoas que querem estar próximas às praias”, justifica o pesquisador.

Completa a lista São Caetano do Sul (SP). O município, diz Bruno, tem uma área relativamente pequena, com população de porte médio e muito inserida na Região Metropolitana de São Paulo, estando consideravelmente próxima ao centro da capital. “Ou seja, tem características semelhantes à área do chamado Centro Expandido de São Paulo: bastante adensado e tem verticalização considerável”, completa o analista.

Municípios com maior percentual de apartamentos

#Município(%)
1Santos (SP)63,45
2Balneário Camboriú (SC)57,22
3São Caetano do Sul (SP)50,77
4Vitória (ES)45,4
5Porto Alegre (RS)42,36
6Viçosa (MG)41,68
7São José (SC)41,05
8Niterói (RJ)40,2
9Itapema (SC)38,76
10Florianópolis (SC)38,64

Em 2022, rede geral de distribuição de água foi a forma principal de abastecimento de água para 82,9% dos habitantes

A divulgação de hoje do Censo 2022 também apresenta resultados quanto à principal forma de abastecimento de água dos domicílios no Brasil. A rede geral de distribuição apareceu em 60,8 milhões de domicílios, onde residiam 167,5 milhões de pessoas (82,9%). Esse percentual é superior a ocorrência da opção registrada no Censo Demográfico de 2010 (81,5%), em que pese alterações realizadas no questionário para tornar mais rigorosa a classificação.

Poço profundo ou artesiano foi a segunda forma principal de abastecimento, aparecendo em domicílios que representam 9,0% da população. Na sequência, aparecem poço raso, freático ou cacimba (3,2%) fonte, nascente ou mina (1,9%).

Em conjunto, essas quatro formas, consideradas adequadas para fins de monitoramento do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB), atendiam 96,9% da população em 2022.

Com menor ocorrência nacional, encontram-se o abastecimento por “carro-pipa” (1,0%), rios, açudes, córregos, lagos e igarapés (0,9%), e água da chuva armazenada (0,5%). Um conjunto de 0,6% da população utilizava principalmente formas de abastecimento que não se encaixavam nas opções do questionário.

Censo 2022: diferenças regionais na forma de abastecimento de água

A rede geral era a forma principal de abastecimento de água predominante em todas as regiões, mas com desigualdade nas proporções. Enquanto no Sudeste o percentual era de 91,0%, no Norte foi de 55,7%, e no Nordeste, de 76,3%. O Norte, inclusive, foi a região que apresentou as maiores proporções da população utilizando, principalmente, as formas de abastecimento poço profundo ou artesiano (24,3%) e poço raso, freático ou cacimba (11,8%).

O Nordeste apresentou as maiores proporções das formas de abastecimento “Carro-pipa” (3,5%) e “Água da chuva armazenada” (1,8%), enquanto a Região Norte apresentou a maior proporção da forma de abastecimento “Rios, açudes, córregos, lagos e igarapés” (5,3%). Entre as UFs, apenas São Paulo (95,6%) e Distrito Federal (92,8%) passavam dos 90% de moradores em domicílios com rede geral de abastecimento de água como forma principal. Na parte debaixo, Pará (48%), Rondônia (45,3%) e Amapá (43,7%) não chegavam a 50%.

“Já entre os municípios”, ressalta Bruno, “há peculiaridades regionais que mudam a lógica de atendimento das formas de abastecimento de água de maneira expressiva”. Em 4.753 municípios, 50% ou mais da população era abastecida principalmente por rede geral e em 5.157 municípios a rede geral era a forma principal predominante de abastecimento de água. Porém, uma das marcas das diferenças regionais citada pelo pesquisador está no quesito “carro-pipa”. Apesar da sua baixa expressão nacional, em 2022, foi a forma de abastecimento principal predominante em 68 municípios brasileiros, todos localizados no Nordeste.

O Censo 2022 também registra que em 69,3 milhões de domicílios, nos quais moravam 192,3 milhões de pessoas (95,1%), a água chegava encanada na residência. Para 2,5% da população, a água chegava encanada, mas apenas até o terreno. Para outros 2,4%, a água não chegava encanada.

No comparativo entre regiões, o Sul apresentava os maiores índices de moradores com água canalizada (99,4% na residência e 0,3% no terreno), enquanto o Norte apresentou os menores índices (87,1% e 6,4%, respectivamente), também apresentando o maior índice de residências sem água canalizada (6,4%)

Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal foram as UFs que ultrapassaram os 99% de moradores com água canalizada até a residência. Amazonas (9,6%), Acre 9,6%) e Pernambuco (9,2%) foram os estados com mais moradores sem água canalizada

Mais sobre a pesquisa

O Censo Demográfico 2022: Características dos domicílios – Resultados do universo traz informações referentes à forma de abastecimento de água, destino do lixo, tipo de esgotamento sanitário, existência de banheiro ou sanitário e existência de canalização de água, permitindo uma caracterização de elementos importantes dos domicílios e das condições de vida da população. Os dados estão disponíveis para Brasil, grandes regiões, estados e municípios. As informações serão desagregadas também segundo a cor ou raça e os grupos de idade da população. Os dados podem ser visualizados na Plataforma Geográfica Interativa (PGI) e no panorama do Censo 2022.

Fonte: IBGE Notícias