O acesso é restrito, em área reservada. Quem passa pela Via Atlântica, mais conhecida como Estrada da Cetrel, dificilmente vai imaginar, mas ali está sendo erguido o que deve ser o maior centro de desenvolvimento de tecnologia para a indústria no Brasil. Aqueles quatro milhões de metros quadrados que abrigariam uma montadora de automóveis finalmente começam a ganhar vida. O Cimatec Industrial, braço do respeitado centro de tecnologia baiano, está praticamente pronto.
À exemplo da estrutura mais antiga, as soluções implementadas ali em Camaçari também vão ultrapassar as fronteiras da Bahia e mesmo do Brasil. Muitas vezes envoltos em sigilo industrial, tratam-se de projetos que têm ajudado a revolucionar setores como o de petróleo e gás, energia, automotivo e de mineração. Sem dar muitos detalhes, o diretor adjunto do Senai Cimatec, Luis Breda, cita, por exemplo, que um dos projetos vai simplesmente “mudar radicalmente” a indústria do aço no mundo. Outro terá impacto na produção do pré-sal. E tem ainda aqueles em que nem mesmo as áreas de atuação podem ser mencionadas.
A primeira parte da estrutura, que recebeu investimento de aproximadamente R$ 60 milhões, vai ocupar apenas 1,5% da área total. Os responsáveis calculam um prazo de até 30 anos para a utilização de todo o potencial do espaço, com investimentos que podem chegar à casa dos bilhões. Agora, serão entregues 60 mil metros quadrados, com 9 galpões, área administrativa e mais uma central de utilidades.
Para entender o impacto que a implantação do Cimatec Industrial pode ter para a economia baiana, vale a pena recorrer a um exemplo externo, o Vale do Silício, na Califórnia. Assim como aconteceu na região da Baía de São Francisco, espera-se que o centro de pesquisa se torne um atrativo para atrair indústrias de base tecnológica.
E quando os responsáveis pelo empreendimento dizem que ali se poderá implantar uma verdadeira cidade da indústria, não há exagero. O espaço conta com plano piloto e é dividido em eixos, norte e sul, leste e oste.
Olho no futuro
Muitas vezes, o processo de ampliação do Cimatec é focado em demandas que ainda nem existem, explica Luis Breda. “O desenvolvimento tecnológico não para. A gente tem um trabalho pensando em cinco anos à frente, pelo menos”, explica Luis Breda. Isso funciona em relação à formação de pessoas, identificação de parceiros e a busca pela melhor solução, diz.
“Temos áreas reservadas, setores em que já preveem a expansão. Vai ser como uma cidade”, conta o diretor, e com grandes espaços reservados para cada uma das áreas de competência com potencial de desenvolvimento. Neste sentido, alguns destaques ficam para as indústrias química, petroquímica, de energia, de materiais, automotiva, de óleo e gás, manutenção e mineração, entre outras.
E se o centro tecnológico mantiver o nível de evolução dos últimos anos, o Cimatec Industrial pode atingir o seu ápice muito antes do tempo previsto. De 2012 para cá, o volume de projetos mais do que quadruplicou, atingindo 93 atualmente. “Isso mostra uma penetração no mercado, aceitação por projetos do tipo, a maturidade que o país vai ganhando em investimentos em tecnologia e inovação”, acredita Breda.
O diretor adjunto do Senai Cimatec explica que o desenvolvimento vai acontecer de acordo com a demanda do mercado. Em um segundo momento, existe a expectativa de implantação de unidades industriais dentro do espaço. As oportunidades serão para empresas de base tecnológica.
A Nexa Resources, que atua na produção de metais não ferrosos –zinco, cobre e chumbo – há mais de 60 anos está entre as empresas que contam com o Cimatec no desenvolvimento de soluções. A mineradora possui cinco minas subterrâneas, duas localizadas no Brasil e três no Peru, e opera três unidades de metalurgia. Rodrigo Gomes, gerente geral de inovação da empresa, lembra que a Nexa contou com o apoio do Cimatec para o desenvolvimento de um projeto para a combustão de óleos renováveis na unidade da empresa em Três Marias (MG).
O bio-óleo usado nos fornos foi criado a partir da biomassa de eucalipto, que praticamente zera as emissões de gases de efeito estufa nesses equipamentos.
Desde 2013, foram 12 projetos. Nove já estão finalizados e três estão em andamento. Entre os destaques, o uso de bio-óleo nos fornos de zinco, o que utiliza sucata metálica para a produção de metais, um outro que remove impurezas na produção do zinco, além de um coletor geoquímico de gases. “Temos orgulho de ter participado desta história desde o início, e certamente a Nexa e o próprio Brasil terão excelentes resultados a partir da nova estrutura”, destaca Rodrigo Gomes.
“O Cimatec tem uma das melhores estruturas para projeto, construção e operação de plantas piloto no Brasil e creio que até no mundo”, destaca. Para ele, o instituto faz “pontes sobre o vale da morte da inovação”, que é quando uma nova tecnologia desenvolvida precisa ser escalada para a produção efetiva.
O superintendente de Atração e Desenvolvimento de Negócios da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), Paulo Guimarães, considera muito importante a presença de um instituto como o Cimatec para a Bahia. “É algo que pode ajudar a atrair empresas que desenvolvem tecnologia, que trabalham em áreas como a de energia, automotiva, petroquímica e mineração”, diz.
Ele lembra que inovar é importante para garantir a competitividade das empresas. “É importante ter massa crítica em ciência e tecnologia para que consigamos atrair empresas com um perfil tecnológico mais avançado”, diz.
Os investimentos em novas tecnologias serão discutidos no Fórum Agenda Bahia 2019, na próxima quinta-feira (3), no Senai Cimatec, na Avenida Orlando Gomes. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo endereço bit.ly/agendabahia2019.
O evento é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Sotero Ambiental, apoio institucional da Prefeitura de Salvador, Federação das Indústrias da Bahia (Fieb) e Rede Bahia e apoio da Braskem e DD Education.
Espaço vai ampliar atuação do Cimatec
A criação do Cimatec industrial em Camaçari vai permitir ao instituto de pesquisa baiano ampliar a sua atuação na área de pesquisas de novas tecnologias para a indústria. Atualmente, a unidade do Senai Cimatec, na Avenida Orlando Gomes, possui estrutura para desenvolver os trabalhos até a chamada fase de bancada.
Quando há necessidade de montagem de uma planta-piloto, é necessário alugar um espaço, ou a empresa parceira acaba tendo que usar uma área dentro de sua planta industrial. “Aqui no Cimatec Industrial, é diferente, trata-se de um ambiente industrial, dentro da poligonal do Polo Industrial de Camaçari, isso facilita em relação a questões ambientais e de segurança”, explica o diretor adjunto do Senai Cimatec, Luis Breda.
Os empreendimentos que irão rodar no local têm características industriais.
Os projetos de inovação normalmente nascem nas bancadas de laboratórios de pesquisa e muitos precisam passam por uma planta piloto antes de chegar às fábricas propriamente ditas e posteriormente ao consumidor.
Numa fábrica piloto, é possível checar se o produto funciona como esperado. “É muito arriscado decidir fazer um investimento diretamente da bancada para a escala industrial, porque você está falando de um investimento numa escala que vai de milhões até bilhões”, diz Breda.
Espaço para unidades piloto não faltam no centro de pesquisa em Camaçari.
É muito comum a indústria de uma maneira geral criar protótipos. Pode ser um protótipo virtual, baseado em um modelo matemático para simular as características daquele produto, ou pode ser um protótipo físico. Atualmente é possível simular o modelo virtualmente, ou matematicamente, dentro de um computador, ou em um dos supercomputadores do Cimatec. Mas existem casos em que há necessidade de simular o processo de produção e é aí que a planta piloto se torna importante para o processo.
Como uma extensão do Senai Cimatec, o centro em Camaçari vai dar continuidade ao processo de pesquisa. Existe uma tabela que mensura o nível de maturidade de uma determinada tecnologia, chamada de TRL (nível de prontidão tecnológica). Ela vai de 1 a 9. No caso do Senai Cimatec, é possível chegar até o nível 6, enquanto a unidade industrial chega até o nível 9. “Tem muitos testes que poderiam ser inadequados em um ambiente educacional e urbano. A gente precisa de um ambiente como este aqui. Temos um projeto para testar grandes equipamentos que serão utilizados no pré-sal. Isso exige um ambiente adequado”, exemplifica. Além do espaço, as empresas poderão utilizar serviços como soldagem, formação, usinagem, pintura, parte eletrônica e geração de protótipos, entre outros.
Saiba como participar, gratuitamente
O que O Agenda Bahia chega aos 10 anos promovendo discussões sobre inovação, compe-
titividade, qualificação e sustentabilidade.
Onde No Senai Cimatec, na Avenida Orlando Gomes, dia 3 de outubro, entre as 9 e 18 horas
Inscrições Inscreva-se grátis no endereço oferta.correio24horas.com.br/agendabahia10anos
SEMINÁRIO [A.R] EVOLUÇÃO – 03 de outubro
MANHÃ
ARENA DO CONHECIMENTO
08h00 às 9h00 – Credenciamento
09h00 às 09h30 – Palestra “Tudo muda o tempo todo”, com Peter Kronstrom, head para América Latina do Copenhagen Institute for Future
Studies e fundador do Future Lounge
09h30 às 10h00 – Bate-papo com Peter Kronstrom moderado por Flavia Oliveira, colunista do jornal O Globo e da Globonews
10h00 às 10h30 – Palestra “O Futuro é agora: como o empoderamento digital transforma vidas e cidades”, com Rodrigo Baggio, presidente da Recode, organização social presente em 8 países e 689 centros de empoderamento digital
10h30 às 11h00 – Bate-papo com Rodrigo Baggio moderado por Flavia Oliveira, colunista do jornal O Globo e da Globonews
11h00 às 12h00 – Painel “Distopia ou disrupção: como se preparar para o amanhã?”, com os palestrantes Peter Kronstrom e Rodrigo Baggio e moderação de Flavia Oliveira.
12h – Intervalo para almoço
TARDE
ARENA DA VIVÊNCIA
14h30 às 16h00 – Painel “Do robô ao roubo de dados: as novidades na Educação, na Agropecuária, na Construção Civil e na Saúde”, com Silas Cunha, CEO da Abitat, startup Construtech que busca a gestão mais eficiente de empreendimentos através de IoT (Internet das Coisas), Banco de dados e Machine Learning, Ana Carolina Monteiro, sócia da Hackel, consultoria em Marketing Conversacional e soluções em Educação que trabalha com tecnologias de automação e inteligência artificial. como Internet das Coisas e Chatbots, Matheus Ladeia, CEO do E-rural, o maior marketplace de pecuária do Brasil e especialista em agtech, growrth strategi e growth marketing e Vicente Vale, sócio da REP Educa, plataforma digital que utiliza Realidade Aumentada e Inteligência Artificial para ampliar a aprendizagem dos alunos.
14h30 às 16h00 – Oficina “Como programar um robô com sentimentos”, com Peterson Lobato, fundador da Mini Maker Lab e professor na área de robótica, programação e impressão 3D.
14h30 às 16h00 – Oficina “Circuito de Experiências em tecnologias para Educação e para Indústria”, com Fernanda Mikulski Guedes, coordenadora de ações de avaliação educacional, inovação e competições da Escola Técnica Senai-BA e Igor Nogueira Oliveira Dantas, coordenador de projetos de inovação educacional na unidade de Inovação e Tecnologias Educacionais do Senai-BA, Adalício Neto, especialista em Automação no SENAI CIMATEC e responsável pelo portfólio de serviços 4.0.
14h30 às 16h00 – Os desafios do Bitcoin no Brasil, com Thiago Avancinni, diretor de Educação e Tecnologia da DD Corporation.
16h00 às 17h00 – Desafio “Fórum Agenda Bahia/Olimpíada Brasileira de Robótica”, uma parceria jornal Correio e Sesi. Informações do Jornal Correio