A menos de três meses de uma importante eleição presidencial nos EUA, o voto à distância se tornou uma das questões que podem decidir os rumos da principal economia do mundo. No entanto, antes de entrar nos possíveis desdobramentos, é necessário entender como funciona essa modalidade de votação.
Esse procedimento é adotado em pelo menos 17 países (Austrália, Áustria, Canadá, Finlândia, França, Alemanha, Hungria, Índia, Indonésia, Itália, Malásia, México, Filipinas, Espanha, Suíça, Reino Unido e EUA), normalmente para coletar votos no exterior, mas também para agilizar o processo de votação.
Quem pode votar à distância?
Segundo o jornal The New York Times, 76% dos eleitores norte-americanos têm a opção de votar à distância nesta eleição sem uma justificativa especial. Em cinco estados (Washington, Oregon, Colorado, Utah e Havaí), a votação é realizada inteiramente por cédulas despachadas pelo correio.
Nesses locais, todos os eleitores registrados recebem uma cédula por correspondência, preenchem e podem devolver pelo correio ou entregar o envelope fechado em uma seção eleitoral no dia da votação.
Em outros 29 estados, o cidadão precisa solicitar uma cédula à justiça eleitoral sem qualquer justificativa especial. Em geral, ela chega por volta de um mês antes da votação. Nos 11 estados restantes, a pessoa tem a opção de votar à distância, mas precisa de uma justificativa plausível para isso.
Em 2016, cerca de um quarto dos votos na eleição presidencial foram feitos pelo correio. Agora, devido à pandemia do novo coronavírus e ao fato de que os EUA seguem como o país mais atingido pela covid-19 no mundo, o voto à distância ganhou uma importância ainda maior.
Estudos indicam que a possibilidade de votar sem precisar comparecer às seções eleitorais tende a aumentar a quantidade de pessoas que votam nas eleições norte-americanas. Nas disputas primárias deste ano, 31 estados que facilitaram o voto à distância tiveram um aumento no comparecimento eleitoral.
O debate de 2020
Em 2020, em plena disputa eleitoral, o voto à distância se tornou um ponto de atrito entre o presidente Donald Trump e os democratas, que formam a oposição. Há alguns meses, Trump vem afirmando que pode haver uma fraude em massa na eleição deste ano se a maioria dos votos for feita pelo correio.
Em entrevistas, ele afirmou que o resultado da eleição, que será realizada no dia 3 de novembro, deverá ser conhecido rapidamente, e não se comprometeu em reconhecer uma eventual derrota nas urnas.
Pesquisas, no entanto, mostram que as fraudes em cédulas entregues pelo correio são muito pouco significativas. Um estudo realizado com ajuda do jornal The Washington Post detectou 372 cédulas fraudadas em quase 15 milhões utilizadas nas duas últimas eleições norte-americanas, em 2016 e 2018.
Mudanças recentes promovidas pelo governo Trump no Serviço Postal dos EUA (USPS, na sigla em inglês), fizeram os democratas levantarem a hipótese de favorecimento ao presidente. Ele colocou um aliado de longa data, Louis DeJoy, para chefiar a instituição de junho.
A medida, somada a cortes de orçamento, levou alguns dos administradores regionais do USPS a se demitirem, citando pressões políticas. Para os opositores de Trump, o serviço postal administrado dessa forma pode levar a atrasos na apuração e ao ‘sumiço’ de cédulas em novembro.
Nesta semana, Trump recusou uma proposta para ampliar o orçamento do USPS em US$ 28,5 bilhões (cerca de R$ 153 bilhões) e melhorar serviços e a situação financeira da empresa. Informações do R7.