Conab reafirma que não há indícios de desabastecimento no país

Trabalhadores da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), uma das principais empresas estatais brasileiras de abastecimento

Ao anunciar os números do 4º Boletim Prohort de Comercialização de Hortigranjeiros nas Centrais de Abastecimento (Ceasas), pesquisa que aponta o total de frutas e hortaliças comercializadas no país, técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) voltaram a afirmar hoje (16), em Brasília, que, apesar da corrida inicial a centrais de abastecimentos e supermercados, por conta da covid-19, o Brasil não corre risco de desabastecimento. Eles falaram também sobre a influência das medidas de enfrentamento ao novo coronavírus na dinâmica da comercialização desses produtos.

Segundo o presidente da Conab, Guilherme Bastos, “as centrais de abastecimento estão em pleno funcionamento e adotaram diversas medidas de controle sanitário para a segurança, na prevenção ao novo coronavírus, com o objetivo de assegurar à população o acesso aos mais variados produtos, não havendo, portanto, indícios de desabastecimento de hortifruti no país”, disse Bastos ao abrir entrevista online. “Caso sejam identificados problemas, atuaremos para que sejam mitigados [reduzidos] o quanto antes”, acrescentou.

O diretor executivo de Operações, Abastecimento e de Política Agrícola da Conab, Bruno Cordeiro, disse que, enquanto estabelecimentos de hortifrutis e supermercados intensificaram as compras em razão de uma maior demanda, observou-se também a redução do fluxo de movimentação nas centrais de abastecimento, devido ao fechamento de bares e restaurantes e das recomendações de isolamento social.

“Essas variáveis geraram um cenário atípico que repercutiu nas cadeias produtivas e no elo de comercialização”, disse Cordeiro, antes de detalhar as altas identificadas em março nos preços de produtos como batata, cenoura tomate, cebola e de frutas. Segundo ele, as exceções ficaram com a maçã, que teve baixas variando entre -3,38% (em Minas Gerais) e -7,14% (Pernambuco) e folhosas perecíveis, como o alface, que registrou baixas de -15,69% no Espírito Santo, e de -9,84% em São Paulo.

Entre os aumentos destacados na entrevista estão a batata (29% na Ceasa de MG e de 1,49% em SP); cenoura (52% em Pernambuco e 13,15% em Goiás); tomate (alta de 44,4% no Espírito Santo e de 1,66% em Goiás); e a cebola (85% no Rio de Janeiro, 26,28% em São Paulo). “É importante frisar que esses aumentos são sazonais, pois o excesso de chuvas em importantes regiões produtoras prejudica o cultivo”, disse Cordeiro.

Frutas

Em relação às frutas analisadas, com exceção da maçã todas as demais apresentaram alta de preços, com destaque para banana (17,39% na Ceasa de Pernambuco, e de 1,73% na de Minas Gerais); laranja (alta de 35,9% em Pernambuco e de 2,78% em Goiás); mamão (35,26% em Goiás e de 0,56% no Rio de Janeiro); e melancia (65% em Goiás e 9% no Espírito Santo). Já a maçã teve uma baixa de -7,14% em Pernambuco e de -3,38% em Minas Gerais.

No caso de citros como laranja, tangerina e limão, os aumentos na procura estão relacionados à pandemia, já que são frutas ricas em vitamina C. “A demanda por citros aumentou. O motivo principal está ligado à pandemia do novo coronavírus, que está levando as pessoas a modificarem hábitos de consumo. Frutas ricas em vitamina C auxiliam no aumento da imunidade. Por isso, passaram a ser mais procuradas, elevando a demanda e pressionando cotações”, explicou a gerente de modernização do mercado hortigranjeiro da Conab, Joice Fraga.

A safra 2019-2020 no cinturão citrícola se encerrou com a produção de 386,79 milhões de caixas. Essa quantidade é 35,2% maior do que a da safra anterior. Joice ressaltou que, em termos de produtividade, a safra de cítricos foi recorde com 1.045 caixas por hectare. 

Na avaliação da gerente, a expectativa é de normalização da oferta nos meses seguintes, tanto para a indústria de suco como para o varejo, o que, segundo ela, pode contribuir para uma redução de preços.

Para ela, a comercialização total do setor de frutas mostrou redução de 10% em relação a março de 2019, e incremento de 2% em relação ao mês anterior, o que pode ser explicado em função de fevereiro ser um mês com menos dias (29 este ano).

4º Boletim Prohort

De acordo com o levantamento da Conab, no primeiro trimestre a exportação de frutas apresentou um acumulado de 236,8 mil toneladas (-1,96% na comparação com o mesmo período de 2018). Isso corresponde a US$ 203 milhões, valor 8,73% menor do que o registrado no ano anterior.

O setor hortigranjeiro comercializou 16,81 milhões de toneladas de frutas e hortaliças em 2019, o que representou uma movimentação de mais de R$ 41 bilhões em todo o país. Na comparação com 2018, estes números demonstram estabilidade na quantidade comercializada. No entanto, com relação aos valores das transações, representam um aumento de 12,97%. EBC.