Após a repercussão da morte do soldado Wesley Soares Góes, caso que teve um alcance muito grande nesse domingo (28), deputados estaduais que representam a categoria, se manifestaram sobre o ocorrido.
O deputado estadual Capitão Alden (PSL), saiu em defesa da Polícia Militar e criticou a orientação do estado sobre as ações da PM contra o coronavírus: “não cabe à polícia militar, ao policial militar, estar determinando, mandando fechar, mandando tirar cadeira, apreendendo materiais, produtos, isso é inconstitucional, isso é ilegal. Não é previsto nas diretrizes operacionais de funcionamento da PM esse tipo de atribuição”, defendeu.
Sobre o surto psicótico que o soldado teria sofrido no momento em que gritava palavras de ordem e disparava tiros para o alto e contra a tropa, Alden disse não ter sido uma ação desconexa, mas uma vociferação do sentimento de uma corporação e de maioria da sociedade: “a gente precisa analisar a mensagem mais do que simbólica que o policial militar Wesley deixou, eu acho que não foi à toa, ele não saiu de Itacaré, mais de 400km de distância de salvador para simplesmente surtar. Se ele tivesse apenas um surto psicológico lá mesmo ele ficava, lá mesmo ele fazia, (…) Ele deixou muito claro que não era uma questão apenas pessoal, não era o policial militar Wesley, mas também o cidadão, o ser humano Wesley, que assim como qualquer outro cidadão, tem vivenciado experiências difíceis”, defendeu.
E cobrou adoções de medidas incisivas do estado, no sentido de trabalhar o papel dos policiais nesse processo de formação psicológica muito mais do que técnica do profissional da segurança pública.
Em um dos vídeos que circula na internet, Wesley aparece dizendo: “eu não vou deixar, não vou permitir que violem a dignidade humana do trabalhador”. Para uma parte da categoria policial, o ato foi heroico, muitos policiais se reuniram nesta manhã, em frente ao Farol da Barra, num ato de protesto contra a morte do colega, e para pedir explicações sobre o desfecho trágico das negociações da PM.
O deputado defende que haveria outras formas de conter aquela crise, sem chegar ao extremo de tirar a vida do servidor: “existem, sim outras formas de contenção de indivíduos, sejam eles policiais militares, aliás, principalmente policiais militares que são da casa e merecem, deveria merecer todo esforço a mais. Se eu gasto três, quatro, cinco horas com civil ou mesmo com vagabundo que é um criminoso, que seja dado dez horas, que seja dada doze, não interessa”.
“Cadê as pistolas de utilidade elétrica? Que é tanto são utilizadas em situações contra os bandidos, com policiais civis em estado de nervosismo, cadê as pistolas taser, Cadê as bombas de efeito sonoro que entorpece as pessoas? Nada disso foi utilizado. Quer dizer, uma simples reação de disparo, da tropa de elite que treina diariamente. Não tinha atirador sniper que podia atirar no braço, imobilizar o braço, deixar a arma cair por exemplo?”, questionou.
Capitão Alden criticou ainda o estabelecimento de decretos estaduais, que limitam a circulação de pessoas nas ruas e o fechamento de comércios não essenciais: “ele apenas quer usar o braço armado do estado, que é usar a policiais militares fardados, arma em punho ameaçando, impondo decretos inconstitucionais”.
Para o também deputado estadual, soldado Prisco (PSC), os policiais não são de fato culpados pelo ato que culminou na morte do policial: “os policiais recebem ordem do órgão superior que é o governo do estado, o não cumprimento dessa ordem acarretará em prisão desse policial de dois a quatro anos e perda da função pública, a culpa ela é de cima para baixo, a questão maior é essa”, afirmou.
Na manhã desta segunda-feira (29), durante entrevista coletiva, o chefe da Secretaria de segurança Pública da Bahia, coronel Paulo Coutinho, afirmou que o soldado apresentou o surto psicótico, começou a atirar contra a tropa, colocando em risco a vida de moradores da região. Disse ainda que ele foi neutralizado e conduzido ao HGE, onde morreu.
O coronel afirmou ainda que foram utilizados recursos de uso progressivo da força no momento na atuação e que a a instituição está prestando todo o apoio à família. Veja aqui.