Duas em cada dez pessoas inadimplentes, emprestaram o nome para fazer compras

Emprestar nome para outra pessoa consumir é sinônimo de treta, segundo um levantamento divulgado nesta quarta-feira (5) pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

Dois em cada dez consumidores (24%) que limparam o nome nos últimos 12 meses entraram para a lista de inadimplentes porque emprestaram o próprio nome a terceiros.

Mais da metade (51%) emprestou o nome com a intenção de ajudar quem fez o pedido, enquanto 16% ficou com vergonha de dizer não. Em 27% dos casos, o pedido de nome emprestado partiu de amigos. Em seguida aparecem os pais (14%), filhos (14%) e cônjuges (13%).

Do ponto de vista legal, quem emprestou o nome é sempre o responsável pela dívida feita. Todo cuidado é pouco, já que quem pede esse tipo de favor geralmente já tem nome com restrições ou está com a vida financeira bagunçada.

“O recomendável é nunca emprestar ou pedir o nome emprestado, mesmo que seja para algum parente próximo ou amigo íntimo”, diz José Vignoli, educador financeiro do SPC Brasil. “Negar esse tipo de pedido pode até abalar a amizade, mas se a pessoa aceita sem pensar nas consequências do ato, corre o risco de perder não somente o amigo, mas também dinheiro.

Climão para cobrar

Misturar relações pessoais com financeiras definitivamente não dá certo. Após cobrar a dívida, 94% dos entrevistados garantem que o relacionamento ficou abalado e, para 32%, a amizade foi interrompida.

Além de perder a amizade, a maioria ainda levou calote. Mais da metade dos entrevistados (53%) estão arcando sozinhos com o pagamento da dívida feito por terceiros.

Em apenas 32% dos casos, a pessoa que pediu o nome emprestado assumiu inteiramente o compromisso de quitar a pendência e 14% estão pagando a dívida conjuntamente.

Além de emprestar o nome para outra pessoa e ter que arcar com a dívida, a pesquisa identificou que 30% desses entrevistados nem mesmo cobraram o amigo ou familiar pelo dinheiro não devolvido.

Entre os 68% que fizeram a cobrança da dívida, mas não obtiveram o pagamento, a maior parte (48%) ouviu que a pessoa não teria dinheiro para pagar ou então que pagaria quando tivesse condições (38%). Há ainda 8% dos casos em que a pessoa que devia desapareceu sem dar satisfações.

O erro se repete

Apesar dos transtornos financeiros gerados pela atitude, 45% dos entrevistados voltaram a emprestar o nome a outras pessoas, principalmente pelo pedido ter vindo de alguém muito próximo (22%) ou por não querer prejudicar o relacionamento com a outra pessoa (10%).

Na maior parte dos casos, o empréstimo de nome se deu por meio do cartão de crédito (35%). O cartão de loja (20%) é o segundo meio mais comum nesse tipo de prática, seguido dos financiamentos (17%) e dos empréstimos pessoais (14%).

A pesquisa ainda revela que nem sempre há transparência entre as partes no que diz respeito às condições em que o empréstimo é feito.

Quase um terço (32%) dos entrevistados reconhece que emprestou o nome sem nem ao menos ter conhecimento do valor que seria gasto.

Outro 26% até acordaram uma quantia, mas o combinado não foi cumprido e a pessoa acabou gastando mais do que deveria.

Por Extra Online