Uma história de superação capaz de motivar qualquer um que deseja vencer na vida. Assim podemos definir a biografia do empresário João Roberto Chagas. Muitos não imaginam o que ele já passou até se tornar um dos empresários mais conhecidos da cidade. Quem não lembra do Adones Supermercado?
João Roberto Chagas, mora em Camaçari há 36 anos, tem 54 anos e é natural de Camacan. É graduado em filosofia, história e teologia, pela Uninter, casado com Marineuza Santana Chagas, pai de três filhos e avô de quatro netos. Também é pastor evangélico, componente da diretoria do Conselho de Ministros Evangélicos de Camaçari (COMEC), e pré-candidato a vereador pelo Republicanos. Em entrevista ao Bahia Ligada, João Roberto contou um pouco da sua história:
Bahia Ligada: Eu queria que o senhor contasse um pouco da sua história. Como foi a vida do pastor João Roberto até chegar aqui?
João Roberto: Eu fui criado na cidade de Ubatan, sul da Bahia, por minha mãe adotiva, que já dorme no Senhor, dona Marcelina Maria Gomes. Ela me aceitou dentro de sua casa porque minha mãe, Bertolina, não podia trabalhar e por isso não teria condições de ficar com uma criança. Naquela época, os pais não aceitavam uma filha que tivesse um filho sem se casar, ou seja, um filho que não tivesse pai, era assim que eles entendiam. Minha mãe sofreu muito e por essa dificuldade, me entregou a essa senhora para me criar. Dona Marcelina teve todo um cuidado comigo e me criou até os 18 anos, foi quando eu saí de lá de Ubatan e vim para Camaçari, na tentativa de conseguir uma vida melhor, para que eu pudesse ajudar a minha mãe, essa de quem estou falando, que já dorme no senhor, dona Marcelina. E Deus tem me abençoado aqui em Camaçari (…)
A surpresa de encontrar a mãe biológica em Camaçari
(…) Ao chegar, fui surpreendido, porque não sabia que a minha mãe biológica morava aqui, pois perdemos o contato. Em dezembro de 1984, fui convidado por meu tio para participar de um congresso de jovens em Salvador, e depois desse congresso, eu tive o desejo de conhecer Camaçari, pelo fato de meu tio estar morando aqui. Já tinha uma intenção de buscar em um outro lugar uma maneira melhor de vencer, pelo fato de lá na cidade em que eu vivia eram muito difíceis as oportunidades de emprego. Chegando em Camaçari, para visitar o meu tio, eu fui surpreendido quando ele pediu para que o irmão Onofre me levasse até a casa de minha mãe, que morava, naquela época no (bairro do) Cristo Redentor, ali na praça do Cristo Redentor. E quando eu vi a minha mãe, foi um impacto muito grande, por que fazia tempo que não conseguia vê-la, e dali eu estive mais de perto dos meus irmãos. Morei ali, com ela por trinta dias até me equilibrar no emprego, em função da casa ser pequena e tantos irmãos, eu não pude ficar com ela todo o tempo (…)
Temporada na casa do tio
(…) Aí fui para a casa do meu tio, pastor Manoel Domingos, e depois lá continuei trabalhando e, sete meses depois, comprei a minha primeira casa em Camaçari. Daí então reformei a casa e passei para morar nela, ou seja, um ano depois da minha chegada a Camaçari. Então, durante esse período eu morei de favor na casa do meu tio porque me recebeu com muita alegria e se tornou um grande amigo. Até hoje a nossa amizade é preservada com muito carinho, com muito zelo, com muito respeito, muita consideração e muito amor.
Bahia Ligada: Como começa sua trajetória no ramo empresarial? Foi muito desafiador se estabilizar por aqui?
João Roberto: Depois de dois anos e seis meses, eu saí da empresa Raimundo Santana S/A, a sapataria Santana, e montei o meu próprio negócio, foi aí que começou a minha vida empresarial. Depois da sapataria, eu ainda voltei a trabalhar, porque o ramo de atividade que eu escolhi foi continuar vendendo sapatos, só que já era uma coisa particular, já era por conta própria, eu não tinha empresa aberta ainda, mas eu já tinha um comércio estabelecido e vendia calçados e confecções. Já com a empresa estabelecida, uma certa dificuldade que tive, foi arrombamento, da minha loja. Levaram tudo, todas as mercadorias, me deixaram sem condição de trabalhar (…)
(…) Eu tive que voltar para o mercado de trabalho e tive a oportunidade de trabalhar no posto de combustível, ali era o Posto Texaco, que inaugurou, o posto de Ferreira, na Radial B, e dali foi que eu recomecei a minha história, e isso já estava ali, chegando ao ano de 1989, foi a primeira barreira difícil que eu enfrentei em Camaçari, quando eu fiquei, realmente, sem nada, porque eu tinha perdido tudo o que tinha ganhado com o arrombamento, mas voltei para o mercado de trabalho, trabalhei uma ano (…)
O emprego no Polo e retorno do empreendedorismo
(…) Depois de um ano de trabalho, eu recebi uma proposta de emprego no Polo Petroquímico, na Caraíba Metais, e foi uma proposta muito boa. Comecei ali como auxiliar de escritório e concluí com dois anos e oito meses já sendo nível três da empresa, o nível máximo. Só que nesse período já estava com a minha vida recuperada, minha vida financeira já estava melhorada, e continuei com aquele ramo de atividade, que era calçados e confecções. Ganhava o salário, comprava roupa, comprava calçados e ia vendendo aos próprios companheiros de trabalho, que era a oportunidade que eu tinha, e quando chegava em casa, eu tinha os amigos, eu continuei vendendo e aí foi que fortaleceu a empresa, cresceu (…)
O pedido de demissão da Caraíba Metais e a surpresa lá na frente
(…) Eu pedi para sair da empresa e dei seguimento na vida de empreendedor. Um tempo depois assumimos um restaurante ao lado da rodoviária de Camaçari, que foi também um outro sucesso. O restaurante que eu comprei era uma barraca bem pequenininha e a gente foi ampliando e dentro de pouco tempo nós fizemos a maior barraca ali ao lado da rodoviária, onde foi o nosso primeiro restaurante. Mas dada a necessidade da reforma da rodoviária, ainda na gestão do então prefeito Tude, a nossa barraca foi derrubada, e aí eu voltei à estaca zero (…)
Sem emprego e sem restaurante; a vida dando voltas
(…) Eu tinha trocado a atividade do ramo de calçados pelo restaurante e agora fiquei sem restaurante, sem emprego, sem lugar de trabalhar, foi outra dificuldade que eu enfrentei, mas aí eu tinha saído da empresa, eu tinha recebido o tempo de serviço, comprei uma casa no (bairro do) Fican, onde era um ponto estratégico, e coloquei ali uma mercearia. Chamava Mini Mercearia, na época (…)
Nasce o Adones Supermercado
(…) E o trabalho foi dando certo e foi crescendo, se tornou mini mercado, depois de mini mercado, se tornou um supermercado, e nós fomos crescendo e se tornou o Adones Supermercado e que ficou bastante conhecido em Camaçari. Enfrentando uma dificuldade ali por volta de 2008 até 2010, tivemos em nossa loja diversos assaltos naquele período, e foi necessário que a gente mudasse de Camaçari. Eu tive que Morar em Dias D’ávila durante um ano por conta dessas dificuldades que eu enfrentei. Um ano depois, retornando para morar e dar seguimento na empresa, aproveitamos para fazer investimentos em outras áreas empresariais também (…)
A hora de deixar tudo para trás para atender um chamado
(…) Hoje eu já não estou mais no ramo de atividade de supermercado, no ramo empresarial. Eu já passei para os meus amigos para que tocassem as empresas, isso já faz tempo e não tenho mais essa atividade porque eu ingressei para o cenário espiritual e me tornei pastor da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, pela Ceadeb. No ano de 2006 eu já era consagrado, mas não exercia ainda o cargo, só cuidava de algumas congregações e ajudava no campo ao mesmo tempo que cuidava das empresas. Em função dessa consagração e de me dedicar mais à obra espiritual, eu fui abrindo mão das empresas para que eu pudesse tocar essa obra social, essa obra espiritual. A partir dali eu comecei a cuidar de congregações e Deus foi abençoando cada lugar que nós chegávamos, Deus nos deu a graça de ampliar alguns trabalhos, de começar do zero e depois o trabalho crescer, a gente passar para outro ministro e a começar um outro do zero e estabelecer passar para outro ministro. Essa foi a nossa vida.
Bahia Ligada: Sobre o seu trabalho como pastor, quando ele começa, de fato, aqui na cidade do Polo? Quais foram os maiores desafios?
Nossa primeira obra, comecei ali no Parque Satélite, onde nós conseguimos comprar o terreno e na construção já estava próximo a cobertura, eu tive que sair dali por conta de uma chamada do ministério, eu saí da suplência da congregação e fui assumir a suplência na Gleba B-1, passei três anos trabalhando ali onde eu fui consagrado ao presbitério.
(…) Saí da Gleba B-1 e fui abrir um novo trabalho lá no Parque das Mangabas, tomando posse debaixo de um pé de cajueiro, não tinha congregação, não tinha terreno. Só tinha uma pessoa que tinha se convertido que morava lá. E dali a gente começou o trabalho do zero, dois anos e meio depois nós já estávamos inaugurando a bonita congregação do Parque das Mangabas, já com muitos membros e Deus abençoou de maneira maravilhosa (…)
(…) Saí do Parque das Mangabas, achando que ia descansar um pouquinho, o presidente da Igreja, que era o pastor Davi, na época, me disse que o nosso descanso é no céu, e eu dei seguimento a outro trabalho, começando do zero, que foi a congregação do Fican 2, a gente começou ali também do zero. Eu comecei num pavimento de um prédio que eu já tinha, a gente usou esse pavimento para a igreja, e ali trabalhamos em um período de aproximadamente dois anos.
A igreja já não cabia os membros, eu tive que trabalhar para comprar um terreno e construir a congregação, onde hoje está localizada a congregação do Fican 2. E dali nós começamos o trabalho, nós começamos a construção e depois dessa construção, a obra foi inaugurada (…)
(…) já quando inaugurou a congregação eu já estava cuidando de uma outra congregação, do Alto da TVC. Deus abençoou de maneira maravilhosa, e eu tive que sair de lá para também cuidar de uma outra congregação que também estava precisando de um apoio. E a gente foi para o Gravatá 2. No Gravatá 2, Deus abençoou a obra de uma maneira maravilhosa e hoje Gravatá 2 está na Gleba A, onde já está lá uma congregação sendo construída, mas eu fui dirigente ali num período de quase dois anos. Saindo de lá do Gravatá 2, eu fui para congregação da Gleba H.
(…) Chegando na Gleba H, Deus também nos abençoou, tinha aproximadamente 30 irmãos, e quando eu passei cinco anos e oito meses em Gleba H e ao sair de lá, Deus abençoou o trabalho, nós já tínhamos mais de 200 irmãos, entre membros e congregados. Aí está um pequeno relato que nós estamos fazendo no cenário ministerial.
Bahia Ligada? Como foi que o senhor se converteu ao Cristianismo?
João Roberto: Eu fui criado no Evangelho, quando minha mãe adotiva me tomou para ciar, com trinta dias depois ela se converteu e eu tive o privilégio de ser criado na igreja e me decidir por Cristo logo cedo.
Bahia Ligada: O senhor já foi presidente do capítulo da Adhonep Camaçari – Associação de Homens de Negócio do Evangelho Pleno. Como avalia sua passagem pela instituição?
João Roberto: A Adhonep foi mais uma escola que eu tive em Camaçari, fui convidado para participar de uma reunião da Adhonep, por alguns amigos meus, na época. Um dos grandes amigos que eu tive em Camaçari, que hoje já dorme no senhor, irmão Rubinho. O Rubinho me convidou para participar desta reunião, e eu fui atender ao convite dele e eu não sabia o que era Adhonep. Naquele momento ali, da reunião eu fiquei conhecendo a Adhonep e no final da reunião, houve uma eleição para eleger um presidente (…)
(…) Eu jamais imaginava que o meu nome ia ser citado, mas para a minha surpresa, o meu nome aprovado por unanimidade, naquele momento. Eu terminei assumindo o capítulo; fui presidente durante quatro anos, e para a glória de Deus, Deus restaurou o capítulo, e até hoje, para a glória de Deus, este capítulo está de pé, sempre bem gerido por grandes líderes que passaram por ele, e dentre esses líderes, a sua maioria, toda foi formada naquele período nosso, onde nós participamos dessa gestão. Sou grato a Deus pela vida de todos os adhonepianos de Camaçari, todos os presidentes que passaram(…)
Bahia Ligada: E sobre a política, porque decidiu disputar uma vaga na Câmara em 2020?
João Roberto: A minha resposta é uma resposta simples, como a maioria já sabe, mas eu tenho uma história para isso. O que aconteceu? No período do pastor Monteiro, aqui, que foi no ano de 2008, nessa faixa, eu fui chamado para presidir o conselho político da Assembleia de Deus em Camaçari. Nós escolhemos uma direção, coordenação; a coordenação foi um trabalho muito bonito, nós conseguimos redigir o regimento, foi uma coisa maravilhosa, onde conseguimos ali, formar um grupo coeso, no propósito de trazer a conscientização e quebrar os paradigmas que existiam na nossa instituição com relação à política (…)
(…) E foi um período assim de muito sucesso, onde, para alegria de todos nós, conseguimos formar aí, um dos representantes da denominação, que foi o nosso irmão, vereador Oziel, que já são dois mandatos que ele exerce, e isso foi fruto desse trabalho que nós começamos (…)
O primeiro teste para a vida política
(…) e por conta disso, desse propósito do regimento, a gente sentiu a necessidade, naquele período, de colocar o nosso nome para apreciação dos irmãos, e eu queria colocar apenas como vereador, pela necessidade que eu sentia, do trabalho que precisava ser feito, mas acharam por bem ter colocado o meu nome como pré-candidato a prefeito, na época. Eu fui analisar as bases, ver as estruturas de como funcionaria, mas analisando de maneira mais fria, de maneira mais sensata, eu percebi que não era aquele momento para que a gente pudesse dar esse start, mas que a gente precisava se preparar primeiro, para que pudéssemos fazer um trabalho que não decepcionasse a população(…)
”Responsabilidade a gente tem que assumir”
(…) Daí então veio, nasceu esse interesse de estar também cooperando com esse cenário político do nosso município, mas não tinha mais a intenção de ser candidato, eu queria que outras pessoas, que outros líderes se manifestassem, que líderes nascessem entre nós e pudessem dar apoio, até porque, eu não tinha tanta disponibilidade de tempo para estar atuando na política. Eu tinha uma vida empresarial, bem-sucedida, graças a Deus, e achava que essa ala era para ser transferida para outra pessoa e eu apenas dar apoio e acompanhar, mas veio a acontecer. Agora que eu percebi, analisando de maneira mais fria, como sempre faço as coisas. Analisando, percebi que era o momento de agente lançar o nosso nome por conta de um trabalho que precisa ser feito e eu não posso transferir essa responsabilidade para mais alguém, porque, quando a gente tem um sonho, uma visão, muitas vezes, infelizmente, não dá para passar para outras pessoas. Têm coisas que a gente não pode transferir; responsabilidade, a gente tem que assumir (…)
Bahia Ligada: Para finalizar, deixa uma mensagem para o seu público
João Roberto: Eu quero, aqui, agradecer aos meus amigos que têm me ajudado, que têm cooperado, que têm participado conosco de todo esse processo, e eu deixo aqui uma mensagem dizendo que Deus é bom em todo o tempo e em todo o tempo Deus é bom! E Deus está conosco em todos os momentos, precisamos reconhecer a sua presença. Quero dizer a todos aos meus amigos, que não é somente neste momento que estamos juntos, nós queremos estar juntos dentro do lema que eu sempre tenho defendido: “é antes, durante e depois”, porque essa questão da política é um momento, o momento passa; esse momento agora, do pleito, passa, mas a nossa amizade, ela permanece, a nossa união permanece e o respeito tem que estar acima de tudo, quando se trata de família, de amizade, de irmãos, a gente precisa manter o respeito e a consideração acima de tudo, não permitindo que situações que levem à violência, venham a ter espaço, ocupar espaço em nosso meio, em nossa vida. Um abraço a todos vocês, até a próxima!