Durante a inauguração do Ramal do Apodi, na Paraíba, nesta quarta-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que “Deus deixou o Sertão sem água porque sabia que eu ia ser presidente da República e que eu ia trazer água para cá”. A declaração, feita em tom de celebração pela entrega de uma obra hídrica, gerou reações negativas de opositores e críticas nas redes sociais.
O deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) repudiou a fala, afirmando que “Deus não é cúmplice de político corrupto” e que “falta humildade e sobra vaidade” na declaração do presidente.
Além disso, a fala de Lula foi interpretada por críticos como insensível diante do sofrimento histórico causado pela seca no Nordeste, que já resultou em tragédias como a Grande Seca de 1877-1879, responsável por centenas de milhares de mortes.
Em seu discurso, Lula também criticou gestões anteriores e destacou que a fome causada pela seca é resultado da “falta de vergonha na cara das pessoas que governam esse país”. Ele ressaltou que a transposição do Rio São Francisco é uma demonstração de que “a natureza pode ser controlada em benefício da sociedade”.
A declaração ocorre em um momento de queda na popularidade do presidente, especialmente no Nordeste, onde sua aprovação caiu 16 pontos percentuais, chegando a 33%.
A fala de Lula reacende debates sobre a sensibilidade no trato de questões históricas e religiosas, além de evidenciar os desafios enfrentados pelo governo na comunicação com a população nordestina.