A Ford recorreu hoje de liminares concedidas pelas Varas do Trabalho de Camaçari (BA) e de Taubaté (SP) aos Tribunais Regionais do Trabalho de ambas regiões proibindo a demissão coletiva de funcionários das duas fábricas. A montadora alega estar “engajada ativamente no processo de negociação com todos os sindicatos” sobre a decisão de fechamento das fábricas no País, anunciada em 11 de janeiro, e que vem realizando reuniões com os sindicatos.
As liminares atenderam pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT) e foram concedidas na noite de sexta-feira. Ambas estabelecem que nenhum funcionário da empresa seja demitido até o fim das negociações com os sindicatos e que, ao longo desse período, todos os salários sejam pagos. Também impedem a empresa de retirar maquinários das fábricas.
Os juízes que concederam as liminares estabeleceram multa de R$ 1 milhão em caso de descumprimento da medida e pagamento de mais R$ 50 mil por trabalhador atingido em Camaçari – onde trabalhavam 4 mil funcionários – e de R$ 100 mil por trabalhador no caso de Taubaté, que tem 740 funcionários, segundo a montadora.
Em nota, a Ford afirma que “vem trabalhando de forma próxima com seus parceiros no desenvolvimento de um plano justo e equilibrado para minimizar os impactos do encerramento da produção no Brasil” e que “continuará a buscar um processo de negociação justo e equilibrado com os sindicatos”. Ressalta ainda acreditar “fortemente nas instituições brasileiras e no devido processo legal”.
Ford convoca funcionários
Ontem, a Ford voltou a convocar cerca de 40 trabalhadores da fábrica de motores no interior de São Paulo para a produção de peças com componentes que estão estocados mas, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos local a orientação é para que ninguém retorne. Desde o anúncio do fechamento, um grupo de funcionários se reveza 24 horas em frente à planta para evitar que pessoas entrem ou que máquinas sejam retiradas.
Há duas semanas a Ford já havia pedido a um grupo de funcionários de Camaçari o retorno para concluir a produção de alguns veículos, mas também não foi atendida. A unidade produzia os modelos Ka e EcoSport. Até agora não houve avanços nas negociações, informa Júlio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari.
Segundo o sindicato de Taubaté, há um impasse nas reuniões com a empresa que quer apenas discutir as indenizações e encerrar rapidamente o processo de saída do Brasil, enquanto os trabalhadores e o sindicato buscam, prioritariamente, reverter a decisão da montadora. Em assembleia realizada na manhã desta quarta-feira, 10, foi aprovada a realização de uma carreata na cidade na sexta-feira, 12, em protesto contra o fechamento. Do Estadão.