O Centro de Operações de Emergência em Saúde (Coes) se reúne neste sábado com a secretária de Estado da Saúde, Carmen Zanotto, para revisão dos decretos de contenção da pandemia. As informações são de que um lockdown estadual está fora de cogitação.
A mensagem está clara nos bastidores, e ficou evidente nas falas públicas da governadora em exercício, Daniela Reinehr. Na quinta-feira (1º), durante a apresentação da nova secretária de Saúde, Daniela voltou a afirmar que o Estado seguirá com restrições, mas sem medidas proibitivas.
– Algumas vezes é necessário recuar e, quando é possível, se avança de novo – disse.
Sob o governo interino, a Saúde deve priorizar a comunicação e a conscientização em relação à pandemia – mas apostará na continuidade da linha de trabalho que vinha sendo executado por André Motta Ribeiro em relação às restrições. Carmen Zanotto foi enfática, por exemplo, ao se referir à necessidade de medidas como uso de máscaras e distanciamento físico. A ideia é reforçar a importância do cuidado individual.
– Aprender a conviver com isso será aprender a respeitar que o meu direito individual não pode ferir aquele que está do meu lado, colocando em risco a vida dele – afirmou a secretária.
Para a reunião do Coes deste sábado, foi convocado o grupo decisório ligado ao governo, que inclui a Secretaria de Saúde, Defesa Civil, Ministério da Saúde e Conselho dos Secretários Municipais de Saúde (Cosems). Outros órgãos, que participam no nível tático e estratégico de tomada de decisões – como as entidades que representam os profissionais de saúde, por exemplo, não terão participação no encontro.
Há pelo menos duas razões para que o governo descarte medidas de lockdown, que são recomendadas pelos especialistas como forma de alcançar uma redução concreta no número de internações e óbitos por Covid-19. A primeira é a ligeira melhora nos índices – reportagem do colega Cristian Weiss, jornalista especializado em dados, que atua no monitoramento da Covid-19 na NSC, aponta que o número de infectados reduziu 33% ao longo do último mês.
É importante observar que o resultado foi puxado pelo Oeste, onde a curva acelerou antes de todo o restante do Estado, e onde foram adotadas medidas mais restritivas do que nas demais regiões de Santa Catarina. A redução na transmissão não reflete, ainda, na ocupação hospitalar do Estado.
O segundo motivo é a posição da governadora em exercício sobre medidas restritivas. O alinhamento ideológico de Daniela é o do presidente Jair Bolsonaro, contrário a restrições. Além disso, Daniela tem expectativa de seguir no governo – o que pode ocorrer se Moisés for apeado do cargo em definitivo, no julgamento final do processo de impeachment. Para isso, assim como o antecessor, a governadora interina faz os cálculos sobre quem pode, e quem não deve desagradar. Do Portal NSC Total.