Insustentável: empresários de Camaçari protestam por abertura do Comércio

Diversos lojistas de Camaçari protestam na manhã desta quinta-feira (18) contra o fechamento do comércio de bens e produtos não essenciais na cidade, medida adotada por conta da pandemia do novo Coronavírus.

Os comerciantes cobram do poder público municipal, um acordo para a retomada do comércio, paralisado há pelo menos três meses (desde o dia 21 de março). Acordo que até o momento não aconteceu.

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Em manifestação, empresários com lojas localizadas no centro da cidade, abriram seus comércios, com faixas pretas expostas na entrada, identificando o número de funcionários demitidos desde que, por meio de decreto municipal precisaram paralisar as atividades. Nos próximos dias devem acontecer buzinaço e carreatas como continuidade dos protestos.

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Uma pesquisa divulgada pela Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, em maio deste ano, mostrou que os números de seguros desemprego tiveram um crescimento exponencial naquele mês, se comparado com o mesmo período do ano passado. Foram 76,2% somente na primeira quinzena do mês.

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O empresário camaçariense Lucas Araújo, perdeu, pelo menos 80% do faturamento de sua loja nos três últimos meses deste ano. Contrário ao fechamento do comércio ele critica a forma como vem sendo conduzido o processo do isolamento social: “não concordo (com as medidas de isolamento), pois são muito falhas, e não há fiscalização, o pessoal está vivendo normal, apenas com comércio fechado”, afirmou o empresário do ramo de acessórios e confecções.

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Araújo disse ainda que caso o problema permaneça por um prazo maior, pode ser que não consiga tocar o negócio por muito tempo: “estou tentando manter, creio que consiga sobreviver ainda uns três meses, caso as medidas continuem, infelizmente não conseguirei suportar”.

Comércio baiano perdeu 33% do faturamento em um mês

De acordo com o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), Carlos André, a consultoria de pesquisas econômicas da federação tem divulgado uma série de análises desde o início da pandemia. A mais recente, segundo ele, traz informações sobre o prejuízo do comércio na Bahia, entre o início de abril e a segunda quinzena de maio: “nesse período, o varejo do estado da Bahia deve ter faturado R$ 5,8 bilhões. Esse montante representa uma queda de 33% em relação a igual período do ano passado, quando o faturamento do varejo baiano foi de R$ 8,6 bilhões. A diferença chega próxima dos R$ 3 bilhões, o que é algo muito significativo porque, em grande parte, as vendas não realizadas, são vendas perdidas.

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Ainda segundo a federação, o estrago causado pela pandemia no estado, pode ser medido pelos 13,4 mil empregos formais que foram perdidos somente entre março e abril deste ano, conforme levantamento do último boletim do Caged/ MTE.

Índice de confiança do empresário

Para endossar os números negativos da economia baiana ante a pandemia, o representante da Fecomércio-BA expôs os índices da confiança do empresário do comércio na capital. Segundo ele, os números se igualam aos de 2016: “o último Índice de Confiança do empresário de Salvador, caiu 28,9% em maio e voltou ao nível de 2016, que corresponde à área de pessimismo, abaixo dos 100 pontos, ao atingir os 81,5 pontos, menor patamar desde maio de 2016”.

E completou: “Em maio, o ICF (índice de Confiança das Famílias) da cidade de Salvador registrou queda de 18,3% ao passar de 104,3 pontos em abril, para os atuais 85,2 pontos, o menor patamar desde janeiro de 2018”. 

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O cancelamento do São João também impactará na arrecadação

Com o cancelamento do São João, no estado da Bahia, também há estimativa de retração no faturamento do comércio de itens relacionados ao festejo, para este ano. A primeira previsão era de queda de 23% na segunda quinzena de junho, se comparada com o mesmo período de 2019. Os números foram atualizados: “a retração atualizada é de 32% e com o varejo de supermercados e vestuário faturando cerca de R$ 810 milhões de reais, ou seja, R$ 375 milhões a menos do que em 2019”, estimou.

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O empresário Lucas Araújo defende o retorno da atividade comercial, e sugere que se adotem medidas de controle como acontece no comercio essencial: “precisamos estruturar uma forma segura e eficiente para o retorno da vida normal. Com novas práticas, com novos cuidados. Manter o distanciamento, usar máscara, exigir álcool em gel nos estabelecimentos; mesmas práticas já adotadas nos supermercados”, concluiu.

Já a Fecomércio, defende uma reabertura mais periódica: “defendemos a abertura paulatina e responsável, obedecendo todos os protocolos de saúde”.