Mulheres vivem mais do que homens na maior parte dos países, diz relatório da ONU

A expectativa média de vida global aumentou cinco anos e meio desde a virada do século, e as mulheres sobrevivem mais do que os homens “em todos os lugares”, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) na última quinta-feira (4). Diferentes atitudes de homens e mulheres em relação à saúde ajudam a explicar a discrepância na expectativa de vida entre os gêneros, sugeriu o relatório.

Em países com epidemia generalizada de HIV, por exemplo, os homens “são menos propensos a fazer o teste de HIV do que as mulheres, menos propensos a ter acesso à terapia antirretroviral e mais propensos a morrer de doenças relacionadas à AIDS do que as mulheres”, concluiu o estudo.

O mesmo princípio se aplica aos portadores de tuberculose, com pacientes do sexo masculino menos propensos a procurar atendimento do que as mulheres.

Em 2016, dados indicaram que a probabilidade de um homem de 30 anos morrer de uma doença não transmissível — como problemas cardíacos — antes dos 70 anos é 44% maior do que para uma mulher de mesma idade.

A expectativa média de vida global aumentou cinco anos e meio desde a virada do século, e as mulheres sobrevivem mais do que os homens “em todos os lugares”, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Seja homicídio, acidentes de trânsito, suicídio, doenças cardiovasculares — uma e outra vez, os homens estão pior do que as mulheres”, disse Richard Cibulskis, principal autor do Panorama Mundial de Estatísticas de Saúde da OMS 2019.

Além do aumento médio de 66,5 para 72 anos no geral, os resultados também mostraram que a expectativa de vida “saudável” — o número de anos que as pessoas vivem com saúde total — aumentou de 58,5 em 2000 para 63,3 em 2016.

Com base nos recentes riscos de mortalidade, meninos que nascerem no mundo este ano viverão, em média, 69,8 anos, e meninas, 74,2 anos — uma diferença de 4,4 anos.

Diferentes atitudes de homens e mulheres em relação à saúde ajudam a explicar a discrepância na expectativa de vida entre os gêneros, sugeriu o relatório.

Em países com epidemia generalizada de HIV, por exemplo, os homens “são menos propensos a fazer o teste de HIV do que as mulheres, menos propensos a ter acesso à terapia antirretroviral e mais propensos a morrer de doenças relacionadas à AIDS do que as mulheres”, concluiu o estudo.

O mesmo princípio se aplica aos portadores de tuberculose, com pacientes do sexo masculino menos propensos a procurar atendimento do que as mulheres. O relatório também descobriu que das 40 principais causas de morte, 33 delas contribuem de forma mais significativa para a redução da expectativa de vida em homens do que em mulheres.

Em 2016, dados indicaram que a probabilidade de um homem de 30 anos morrer de uma doença não transmissível – como problemas cardíacos – antes dos 70 anos é 44% maior do que para uma mulher de mesma idade.

Outros resultados demonstraram que as taxas globais de suicídio foram 75% mais altas nos homens do que nas mulheres, as mortes por lesões na estrada foram mais de duas vezes mais altas nos homens do que nas mulheres com mais de 15 anos e as taxas de mortalidade masculina ligadas ao homicídio foram quatro vezes maiores.

Mortes maternas

O estudo também indicou que a diferença de expectativa de vida entre homens e mulheres diminui quando falta acesso para as mulheres a serviços de saúde, com as mortes maternas contribuindo “mais do que qualquer outra causa” para reduzir a expectativa de vida feminina, de acordo com Samira Asma, diretora-geral assistente de dados da OMS.

“Há diferenças chocantes no risco de morte materna entre países de alta e baixa renda”, disse a jornalistas em Genebra, com base em dados indicando que uma em cada 41 mulheres morre de causas maternas em países de baixa renda, comparada a uma em cada 3,3 mil nos países de alta renda.

Essa conclusão também atende à insistência do relatório de que em quase todos os países em desenvolvimento há menos de quatro enfermeiras e parteiras por 1.000 pessoas, e que a expectativa de vida é fortemente afetada pela renda.

Isso é mais evidente em países de baixa renda, onde as pessoas vivem em média 18,1 anos a menos do que em países de alta renda, e onde uma criança em cada 14 morrerá antes do quinto aniversário.

“Essas estatísticas ressaltam a necessidade de priorizar urgentemente os cuidados primários de saúde para gerenciar com eficácia as doenças não transmissíveis e reduzir os fatores de risco”, afirmou Samira. “Por exemplo, algo tão simples como controlar a pressão arterial simplesmente não está acontecendo na escala necessária e o uso do tabaco continua sendo a principal causa de morte prematura.”

Embora as Estatísticas da Saúde Global da OMS tenham sido desagregadas por gênero pela primeira vez, a agência da ONU advertiu que muitos países ainda estão tendo dificuldades para fornecer informações desagregadas por gênero que poderiam ajudar a avaliar melhor as necessidades individuais.

Uma das tendências confirmadas no relatório é o aumento das doenças não transmissíveis em países de baixa e média renda, associado a um aumento dos fatores de risco, como tabagismo, consumo de álcool e dietas não saudáveis.

A tendência é particularmente acentuada no continente africano, onde é exacerbada pela falta de acesso a cuidados primários de saúde e medicamentos, segundo a OMS.

Clique aqui para acessar o relatório (em inglês).

Fonte: ONU