Nações Unidas alertam para perigo de transformação de tecnologias digitais em armas  

ONU/Manuel Elias Secretário-geral, António Guterres, mencionou ainda a ação daqueles que chamou de mercenários cibernéticos

Em debate sobre as ameaças da segurança cibernética, em Nova Iorque, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que os perigos de transformação das tecnologias digitais em armas têm aumentado a cada ano.  

Na sessão realizada esta quinta-feira no Conselho de Segurança, o líder das Nações Unidas chamou a atenção para a escalada da atividade maliciosa no ciberespaço. Os envolvidos são atores estatais, agências não estatais ou criminosos declarados.  

Graves incidentes de segurança cibernética  

Entre os graves incidentes de segurança cibernética, o secretário-geral listou as violações de serviços públicos essenciais como saúde, bancos e telecomunicações.   

Guterres mencionou ainda a ação daqueles que chamou de mercenários cibernéticos com “atividade ilícita implacável, incluindo por organizações criminosas”.   

Graves incidentes de segurança cibernética incluem violações de serviços públicos essenciais

Unsplash/Jefferson Santos

Graves incidentes de segurança cibernética incluem violações de serviços públicos essenciais

Para ele, a lista de ameaças inclui “comerciantes de ódio enchendo a superestrada da informação com medo e divisão” e o “uso crescente do ciberespaço como outra arma em conflitos armados que está em andamento”.  

O discurso assinalou o emergir dos usuários de atividades de computação que promovem causas políticas, sociais ou ideológicas. Para o chefe da ONU, os chamados “hacktivistas” dissipam as fronteiras entre combatentes e civis.   

Uso indevido da tecnologia digital   

Ele apontou ainda a fragilidade da crescente integração de ferramentas digitais com sistemas de armas, incluindo os autônomos. Para Guterres, ao mesmo tempo, o uso indevido da tecnologia digital se torna mais sofisticado e furtivo.  

Essas ações são alargadas pela ação dos que usam códigos maliciosos, como malware, wipers e trojans, e pelas operações cibernéticas apoiadas pela inteligência artificial.  O secretário-geral destacou que a computação quântica pode quebrar sistemas inteiros com a capacidade de violar a criptografia.  

Entre as áreas em perigo da atividade maliciosa estão as instituições públicas

© Unsplash/Markus Spiske

Entre as áreas em perigo da atividade maliciosa estão as instituições públicas

A ação de bloquear dados por códigos para depois exigir resgate às vítimas para terem acesso é “um exemplo grave de vulnerabilidades de softwares sendo exploradas e recursos de intrusão cibernética vendidos pela internet”. Guterres aponta o ransomware como uma “ameaça às instituições públicas e privadas e à infraestrutura crítica da qual as pessoas dependem”.  

O discurso enfatiza estimativas revelando que em 2023 os pagamentos totais de ransomware atingiram US$ 1,1 bilhão.   

Custos financeiros e para a paz   

O chefe da ONU destaca que além dos custos financeiros estão a consequências do tipo de atividade para a paz, a segurança e a estabilidade dentro e fora dos países.  

Entre as áreas em perigo da atividade maliciosa estão as instituições públicas, os processos eleitorais e a integridade online quando é afetada a confiança, são alimentadas as tensões e até mesmo disseminada a violência e o conflito.  

Para Guterres, a Nova Agenda para a Paz enfatiza a prevenção nos esforços de paz. Ele defende que os avanços no ciberespaço devem ser orientados para o bem e que a tecnologia digital oferece oportunidades por um “futuro mais justo, igualitário, sustentável e pacífico para todos.” 

Fonte: ONU