Nino é punido com sete jogos de suspensão por confusão na final da Copa do Nordeste

A briga entre jogadores de Ceará e Bahia na decisão da Copa do Nordeste entrou na pauta desta terça-feira do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). A Terceira Comissão Disciplinar julgou nesta manhã os atletas envolvidos na confusão ocorrida no Castelão, em Fortaleza, no último dia 8 de maio. O atacante Steven Mendoza, do Vozão, pegou a pena mais dura, com oito jogos de suspensão.

Jael, também do Ceará, e Nino Paraíba, do Bahia, foram punidos com sete jogos de gancho. Daniel e Juninho, pelo lado tricolor, e Gabriel Dias, pelo alvinegro, foram condenados a seis jogos de suspensão. O Ceará informa que vai recorrer da decisão e solicitar efeito suspensivo. O Bahia também pode recorrer da decisão.

Como a Copa do Nordeste já chegou ao fim, os atletas precisarão cumprir a pena na Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro, competições que também são organizadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Suspensos preventivamente, Nino já cumpriu duas partidas, enquanto Mendoza ficou fora de uma.

Todos os jogadores haviam sido denunciados com base no artigo 254-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). Porém, Rodrigo Raposo, relator do processo, decidiu absorver a pena da infração ao artigo 257, que trata de participar de rixa, tumulto ou conflito. A maioria dos auditores acompanhou o voto. A única dissidência foi do auditor Alexandre Monguilhott.

Também com base no artigo 257, Bahia e Ceará foram multados em R$ 15 mil cada. O Vozão ainda foi condenado a multa de R$ 1,6 mil por atraso.

Confira os depoimentos de cada jogador:

Bahia

Nino Paraíba – Sete jogos de suspensão
Relato da súmula:
 “Informo que após finalizada a partida, houve um confronto generalizado devido a invasão ao campo de jogo do atleta do EC Bahia, não relacionado na partida, identificado como Sr. Severino de Ramos Clementino da Silva, após ter provocado de forma verbal e com um tapa no braço de seu adversário, Sr. Jael Ferreira Vieira, número 9. Em seguida, o atleta invasor chutou o rosto e deu um soco no peito em momentos distintos, no seu adversário, Sr. John Steven Mendoza Valencia, número 10”.

Depoimento de Nino: – No momento que saí da arquibancada junto com Luiz Otávio, Patrick, o presidente e o vice. Não falei “chupa” dentro do campo. Falei fora. Saímos comemorando, em nenhum momento falei diretamente para o Jael. Ele veio me dizer para respeitar. Respondi que respeitava, mas que eu era campeão. Ele colocou o dedo no meu rosto, tirei e ele veio querendo me bater. Douglas segurou ele e foi espancado. Mendoza veio e tentei me defender. Ele nem sabia como a situação tinha começado e veio daquele jeito. Tive que me defender ou ia levar.

Daniel – Seis jogos de suspensão
Relato da súmula: 
“Expulsei com cartão vermelho direto, após finalizada a partida, o Sr. Daniel Sampaio Simoes, número 8 da equipe do EC Bahia, por dar dois chutes em momentos sequenciais na altura da barriga do seu adversário, Sr. John Steven Mendonza Valencia, número 10”.

Depoimento de Daniel: – Na hora que acabou a disputa de pênaltis, estávamos comemorando, todo mundo junto próximo à área, a confusão começou mais perto do meio-campo. Não sabia o que estava acontecendo. Mendoza veio na minha direção, Nino estava do meu lado, não sabia que eles já tinham iniciado um conflito. Dei um primeiro golpe nele. Ele voltou e acertei um segundo golpe. Depois ele se afastou e foi pegar uma cadeira. Fui para trás do gol, não queria confusão. Não é de minha índole. Depois que vi que estava fora de perigo, voltei.

Juninho – Seis jogos de suspensão
Relato da súmula:
 “Expulsei com cartão vermelho direto, após finalizada a partida, o Sr. José Carlos Ferreira Junior, número 40 da equipe do EC Bahia, por dar dois chutes em momentos distintos, um nas costas e um na perna de seu adversário, Sr. John Steven Mendoza Valencia, número 10”.

Depoimento de Juninho: – Tudo começou quando o Conti bateu o pênalti, a gente saiu para comemorar. Eu não sabia da proporção da confusão. Eu estava de costas quando tudo começa, entre Jael e Nino. Eu não sabia o que tinha ocorrido. Nino consegue sair do Jael e vai correndo para onde a gente está. Mendoza passa correndo. A gente tenta segurar o Mendoza para proteger o Nino, não ter confusão. A gente não consegue, ele é muito rápido, furioso. A gente não sabia o que tinha ocorrido antes. Depois, ele sai correndo de novo atrás do Nino. Eu creio que o chute que tentei dar em Mendoza não pegou. Logo depois, o segundo chute na perna, em seguida tomo um soco. O Vinícius me segura, fico conversando com ele em relação a Copa do Nordeste do ano passado. Eles foram campeões na nossa casa e não tivemos atitude antidesportiva. Fomos para o vestiário. Em seguida, eu ajudo Vinícius e Vizeu a tirar Nino de campo para parar a confusão. Isso não é bom não apenas para a gente, mas para a grandeza da Copa do Nordeste.

Bahia
Multa de R$ 15 mil pela rixa, tumulto ou conflito (artigo 257).

Ceará

Mendoza – Oito jogos de suspensão
Relato da súmula:
 “Expulsei com cartão vermelho direto, após finalizada a partida, o Sr.John Steven Mendonza Valencia, número 10 da equipe do Ceará SC, por dar um chute na perna do atleta do EC Bahia não relacionado na partida, Sr. Severino de Ramos Clementino da Silva, após ter sido agredido com um chute no rosto pelo atleta não relacionado. Após isso, o atleta infrator, pegou uma cadeira na tentativa de agredir o referido atleta não relacionado e precisou ser contido por companheiros de equipe”.

Depoimento de Mendoza: – Estava no banco. O jogo acabou e fui para o banco, fiquei bastante triste pela derrota na final. No momento em que estou sentado no banco, vejo Nino entrando e falando com Jael. Jael foi atrás dele e pensei o que ele [Nino] estava fazendo no campo, estava suspenso. Fui atrás dele. Mas não foi para brigar. Fui para perguntar o que ele estava fazendo em campo. Fui, parei, ele me agrediu. Eu só queria falar. Ele me deu uma voadora. Os outros jogadores do Bahia também bateram em mim. Não peguei ninguém, nem queria, só queria falar com Nino. Não sou um cara agressivo. Pensei que tinha algo errado, todo mundo estava batendo em mim e eu não queria bater em ninguém.

Jael – Sete jogos de suspensão
Relato da súmula: “Expulsei com cartão vermelho direto, após finalizada a partida, o sr. Jael Ferreira Vieira, número 9 da equipe do Ceará SC, por golpear com um soco nas costas o atleta do EC Bahia não relacionado na partida, Sr. Severino de Ramos Clementino da Silva, após provocação desse atleta não relacionado. Após isso, o atleta infrator, desferiu um chute na perna de seu adversário, de número 1, Sr. Douglas Alan Schuck Friedrich e golpeou também com um soco no peito do seu adversário de número 7, Sr. Rosicley Pereira da Silva. Esclareço que: 1- após esta agressão, que teve início a partir da provocação do atleta não relacionado que invadiu o campo para comemorar, teve início um confronto generalizado; 2- devido o tumulto generalizado não foi possível a apresentação do cartão vermelho ao atleta expulso. 3- As infrações relatadas foram por mim verificadas durante uma revisão sugerida pelo var na área de revisão (ara) ”.

Depoimento de Jael: – Aconteceu que, se vocês passarem os vídeos, tem três ou quatro jogadores que joguei junto pelo Bahia. Estava parabenizando Thaciano, Lucas Araújo, Thonny Anderson. Estava acalmando ele [Thonny], tinha perdido o pênalti, estava um pouco triste. Nisso, estava saindo, junto com meus companheiros, o Nino corre na minha direção e grita “Chupa, chupa”. Nisso, eu fui para o encontro dele para pedir respeito. Naquele momento que fui pedir respeito, coloquei o dedo e ele encostou. Ali ele tira o meu braço do rosto dele, acaba me acertando no rosto. Aquilo foi o estopim para tudo. No vídeo, com 30 segundos do ocorrido, já estou mais calmo. Fiquei envergonhado com a forma que aquilo ocorreu. Apagou um pouco o brilho da competição, que é muito bem vista no Brasil.

Gabriel Dias – Seis jogos de suspensão
Relato da súmula: 
“Expulsei com cartão vermelho direto, após finalizada a partida, o sr. Gabriel Dias de Oliveira, número 94 da equipe do Ceará SC, por dar um chute na perna do atleta não relacionado na partida, Sr. Severino de Ramos clementino da silva. Em seguida, agrediu com um chute na perna e um soco no rosto o seu adversário, número 40, José Carlos Ferreira Junior”.

Depoimento de Gabriel Dias: – Eu estava ao lado do Mendoza, no banco de reservas, quando começou a confusão. Fui na direção da primeira discussão. Vi Mendoza correndo atrás do Nino e levando o primeiro golpe. Fui atrás dele, ele estava sozinho no meio dos jogadores do Bahia. Na segunda, ele novamente está sozinho e, se não me engano, Luiz Otávio do Bahia, que não estava relacionado, deu um chute ou uma voadora nas costas do Mendoza, ele cai pela segunda vez. Fui tentar proteger meu companheiro e, no meio do tumulto, tentar me proteger. Infelizmente foi um erro. Eu desferi um golpe no Juninho na reação de tentar sair e proteger meu companheiro.

Ceará
Multas de R$ 15 mil pela rixa, tumulto ou conflito (artigo 257) e R$ 1,6 mil pelo atraso de dois minutos na entrada da equipe para o início e mais dois minutos de atraso no reinício da partida (artigo 206). Informações do Globo Esporte Bahia.