O Brasil vive uma transformação religiosa significativa. Dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que os evangélicos já representam 26,9% da população brasileira — um aumento considerável em relação a 2010, quando o índice era de 21,6%. Atualmente, são mais de 47 milhões de pessoas que se identificam com essa fé, consolidando uma mudança no perfil religioso do país.
Mais do que números, o avanço dos evangélicos reflete uma presença concreta em áreas carentes, onde o Estado nem sempre chega. Igrejas e instituições ligadas ao segmento têm se destacado por iniciativas sociais que vão desde a assistência a moradores de rua até projetos educacionais, de saúde e geração de renda.
Trabalho social que transforma vidas
Em Salvador, por exemplo, a Associação Missionária Evangélica (AME Brasil) realiza mutirões de saúde, atividades esportivas, atendimento jurídico gratuito e distribuição de alimentos em comunidades periféricas. Já no sertão do Piauí, o Instituto Livres, liderado pelo cantor Juliano Son, desenvolve o projeto “Impacto Sertão Livre”, que leva água potável, educação e ações de cidadania a centenas de famílias.
Outro exemplo marcante é o projeto “10 na Bola, 10 na Escola”, mantido por uma comunidade batista no Acre. Voltado para jovens de áreas vulneráveis, o programa oferece esporte, reforço escolar, atendimento médico e assistência psicológica, reduzindo os índices de evasão escolar e vulnerabilidade social.
Além disso, a Fundação Reviver, ligada à Igreja Pentecostal Deus é Amor, tem atuação em diversos estados, com creches, unidades móveis de saúde e cursos profissionalizantes. No semiárido nordestino, a fundação já perfurou dezenas de poços artesianos e promove doações de alimentos para comunidades atingidas pela seca.
Presença onde o Estado não alcança
As igrejas evangélicas ocupam um papel essencial em áreas esquecidas pelo poder público. Nas periferias dos grandes centros urbanos, em favelas, vilarejos distantes e até em regiões de risco, é comum encontrar a presença constante de líderes religiosos e voluntários oferecendo apoio, conselhos, cuidado espiritual e ajuda prática.
Muitas dessas iniciativas não dependem de verbas públicas e são mantidas com doações dos próprios fiéis, revelando um modelo de engajamento que une fé e responsabilidade social. Em tempos de crise econômica e instabilidade política, o papel dessas instituições se torna ainda mais relevante.
Crescimento com impacto
O crescimento dos evangélicos no Brasil é um reflexo direto da atuação ativa em diversas frentes. Mais do que um grupo religioso, o segmento se consolidou como agente de transformação em milhares de comunidades. A fé, aliada à ação, tem sido ferramenta de inclusão e dignidade para milhões de brasileiros.
No cenário atual, o avanço dos evangélicos não é apenas um dado estatístico — é um sinal de que a fé pode, sim, fazer a diferença onde o poder público não alcança.