O caso do menino Rhuan e o tratamento dado pela mídia

O caso do garoto Rhuan Maycon da Silva Castro, de 9 anos, morto de forma cruel no dia 31 de maio, pela mãe, Rosana Auri da Silva Cândido, de 27 anos, e sua companheira Kacyla Pryscila Santiago Damasceno Pessoa, de 28, teve uma pequena repercussão na imprensa, se comparado a outros casos de assassinatos brutais no Brasil, como o caso Nardoni, por exemplo, onde o casal Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá jogaram a filha Isabella do sexto andar do edifício onde moravam, em São Paulo, em março de 2008.

Semelhante fato aconteceu com o garoto de apenas 9 anos, que de acordo com investigação da Polícia Civil do Distrito Federal, foi decaptado ainda vivo e esfaqueado 11 vezes pela mãe, enquanto dormia.

O garoto ainda teve o seu rosto desfigurado e o pênis decepado um ano antes da sua morte. O motivo? Ideologia de gênero. A mãe, que é lésbica, odiava o garoto por ser menino.

E de forma cruel, quando cometia a brutalidade, Rosana desferia os golpes de faca na vítima, enquanto Kacyla a segurava.

O assunto causou indignação na internet, onde as pessoas usaram as redes sociais para externarem o seu sentimento de repulsa, principalmente sobre como a imprensa olhou para o assunto.

Entre as personalidades que usaram as redes para falar do assunto estão o pastor Silas Malafaia e o jornalista Alexandre Garcia.

Em um vídeo de quase três minutos, o religioso disse estar indignado com a omissão da imprensa brasileira por tratar de maneira desigual o caso do menino que foi assassinado por duas lésbicas.

Ele chega a comparar este caso com o da vereadora Marielle, e diz que não aguentava mais a repercussão que a grande mídia deu para aquele acontecimento. Em um trecho do vídeo, afirma que “(…)tudo que é para enaltecer essa cambada, essa imprensa dá voz, agora aquilo que denigre, eles escondem. Isso é uma vergonha! Um crime bárbaro desse, eu não vi um dia em destaque…” , disse.

O jornalista Alexandre Garcia, além de citar a gravidade do crime, também reportou o tratamento raso da imprensa. Em comparação, citou o caso Nardoni, pincelado no início desta matéria.

No vídeo, publicado em 09 de junho, em que o veterano trata de diversos assuntos, começa falando sobre o caso Rhuan, a partir do minuto 3’:49’’: “Não se fala mais, gente, o maior crime que eu já vi, desse menino, que primeiro deceparam o pênis (do menino) e depois costuraram. As duas, a dupla que vivia junto, um par de mulher e depois esquartejaram o menino na frente da menina, a irmã dele. A menina e o menino filhos de uma delas, incrível, a crueldade, a maldade! E não se fala disso, passa-se um tempão falando dos Nardoni e tal, e não se fala disso. Por que será?(sic) (…)” , comentou o jornalista.

Acompanhe o vídeo na íntegra acessando esse link

Há pouco mais de um ano, o Brasil assistiu o caso da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), que foi brutalmente assassinada, quando retornava de um encontro com militantes do partido, num evento na Casa das Pretas, no bairro da Lapa, Rio de Janeiro. A vereadora, defensora das causas LGBTQ+, foi assassinada com vários tiros, juntamente com o seu motorista.

O caso teve repercussão nacional, ainda hoje há manifestações cobrando explicações sobre a causa do crime. Inclusive há suspeitas de que tenha tido motivações políticas, fala-se também em ligação com milícias do Rio de Janeiro.

E a posição da grande mídia quando tratou o caso Marielle, foi no sentido de reverberar o assunto, de fortalecer a discussão sobre a questão do racismo, do preconceito de gênero, não que não seja importante tratar um assassinato brutal, de uma pessoa pública, como foi aquele, mas se colocados na balança, o caso do menino Rhuan teve um tratamento diferenciado.

Se bem que os holofotes apontaram imediatamente para o caso Neymar e para os vazamentos do Intercept, na intenção de desviar o foco, numa tentativa de ignorar o fato, como relatou muito bem, um parlamentar por meio de um vídeo.

Quando se lê holofote, não significa que o caso Rhuan deva ser tratado como um espetáculo midiático, mas com a devida atenção, primeiro pela gravidade e sordidez, depois pela frieza com a qual agiram mãe e madrasta do garoto.

Quando a imprensa quer escolher o que deve ser assunto principal das rodas de conversas, na fila do banco, na praça, nas mesas de bar, no dia-a-dia, ela trabalha para que assim aconteça. E assim segue, a grande imprensa pautando o que vai ser de maior relevância quando as pessoas pararem para refletir sobre os fatos colocados à mesa. E porque um fato pesa mais do que o outro, dado a crueldade de um deles, ou de ambos?