O secretário-geral da ONU participou nesta segunda-feira de um debate aberto do Conselho de Segurança sobre “Desarmamento Nuclear e Não-proliferação”, proposto sob a presidência do Japão.
António Guterres lembrou que a nação asiática “conhece melhor do que qualquer país do mundo o custo brutal da carnificina nuclear”.
Maior risco de guerra nuclear em décadas
Ele lamentou que quase oito décadas após a “incineração de Hiroshima e Nagasaki, as armas nucleares ainda representam um perigo claro e presente para a paz e a segurança globais”.
Para o líder das Nações Unidas, os dias atuais representam um momento em que as tensões geopolíticas e a desconfiança “aumentaram o risco de guerra nuclear ao seu ponto mais alto em décadas”.
Segundo ele “o relógio do Juízo Final está batendo alto o suficiente para que todos possam ouvir”.
Guterres alertou que os esforços para impedir uma tragédia nuclear estão debilitados, pois os Estados que possuem armas nucleares estão ausentes da mesa de diálogo.
Além disso ele chamou atenção para o fato de que os “investimentos em ferramentas de guerra estão ultrapassando aqueles em ferramentas de paz” e os orçamentos para o armamento estão crescendo, enquanto os para a diplomacia e o desenvolvimento estão diminuindo.
Ican/Darren Ornitz
Em 26 de novembro de 2023, os ativistas em Nova Iorque juntaram-se a pessoas de todo o mundo no Dia Global de Ação contra as armas nucleares
Seis passos para o desarmamento
O líder das Nações Unidas ressaltou que só existe um caminho para vencer “esta sombra insensata e suicida, de uma vez por todas”, que é o desarmamento imediato. Ele pediu que os Estados detentores de armamento nuclear liderem o processo por meio de seis ações.
As duas primeiras consistem em aumentar o diálogo para prevenir o uso de armas nucleares e acabar com a troca de ameaças. Em terceiro lugar, Guterres disse que é preciso reafirmar as moratórias sobre os testes nucleares, tornando a entrada em vigor do Tratado de Proibição Total de Ensaios Nucleares uma prioridade.
O quarto passo proposto é transformar os compromissos com desarmamento em ação e o quinto um acordo conjunto de primeira utilização, no qual todos os países com esse tipo de arsenal devem concordar que nenhum deles será o primeiro a utilizar armas nucleares.
A última ação da lista é a redução no número de armas nucleares. Guterres defendeu que esta medida deve ser liderada pelos detentores dos maiores arsenais nucleares, os Estados Unidos e a Rússia, que devem encontrar um caminho de regresso à mesa de negociações para implementar plenamente o Novo Tratado START.
Para o chefe da ONU, a responsabilidade de agir estende-se aos Estados sem armas nucleares. Além de cumprirem as suas próprias obrigações de não proliferação, eles devem apoiar esforços para garantir que o desarmamento nuclear seja verificável e irreversível.
O secretário-geral afirmou que é dever de todos os países fortalecer a arquitetura global de desarmamento, incluindo o Tratado sobre a Não Proliferação de Armas Nucleares e a Proibição de Armas Nucleares.
Novas tecnologias mortais
Outro ponto de preocupação apresentado pelo chefe da ONU tema a ver com as tecnologias emergentes, como a inteligência artificial e os domínios cibernéticos e espaciais, que “expuseram novas vulnerabilidades e criaram novos riscos”.
O secretário-geral disse que os países estão investindo recursos em “novas tecnologias nucleares mortais e a espalhando a ameaça em novos domínios”.
Guterres fez alusão a declarações que levantaram a perspectiva de desencadear um “inferno nuclear” e afirmou que essas são ameaças “que todos devemos denunciar com clareza e força”.
Ele afirmou que as armas nucleares são as mais destrutivas já inventadas, capazes de eliminar toda a vida na Terra e que uma guerra nuclear nunca deve ser travada porque ela “nunca pode ser vencida”.
Fonte: ONU