A Polícia Federal fez nesta terça-feira (26) buscas no Palácio das Laranjeiras, residência oficial em que mora o governador Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro. A operação, autorizada pelo ministro Benedito Gonçalves, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), apreendeu ‘equipamentos eletrônicos de qualquer espécie’ dos investigados, entre eles Witzel. A investigação mira um suposto esquema de desvios de recursos públicos destinados ao combate ao coronavírus no estado.
As mídias descritas na decisão datada de 21 de maio incluem pen drives, notebooks, HDs e smartphones tendo a PF recolhido três computadores e três celulares na residência do governador. Ao todo 12 buscas foram realizadas.
Entre os alvos da Operação da Polícia Federal estavam o Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador Wilson Witzel, o Palácio da Guanabara e sede oficial do Executivo fluminense. Também foram vasculhados o escritório de advocacia da primeira dama Helena Witzel e ainda uma casa em que Witzel morava antes de assumir o governo Rio, no Grajaú, zona norte.
O inquérito no STJ foi aberto no último dia 13, com base em informações de autoridades de investigação do estado do Rio. Os mandados em cumprimento nesta quarta-feira foram solicitados pela PGR (Procuradoria-Geral da República) na semana passada.
Ao todo, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em 11 endereços. O governador seria ouvido nesta terça-feira, mas pediu para que o depoimento fosse adiado para que possa falar depois de ter acesso aos autos.
Witzel é desafeto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que recentemente mudou a cúpula da Polícia Federal, gesto que motivou a saída do governo do então ministro da Justiça, Sergio Moro.
Bolsonaro parabeniza a PF
Questionado sobre as buscas no Palácio das Laranjeiras na frente do Palácio do Alvorada, Bolsonaro afirmou com um sorriso: “Parabéns para Polícia Federal”. Em nota, o governador do Rio disse que a operação comprova a interferência do presidente Jair Bolsonaro no órgão. “A interferência anunciada pelo presidente da República está devidamente oficializada”.
Na decisão que determinou a abertura da operação, Benjamin registrou que provas compartilhadas pelo Ministério Público do Estado e do Ministério Público Federal no Rio apresentam ‘elementos que, em juízo de cognição limitada e superficial, propiciam convicção quanto a indícios veementes de autoria e materialidade’. Tanto a promotoria quanto a procuradoria realizaram operações para apurar desvios na Saúde no Rio nas últimas semanas.
Segundo o magistrado, as ordens de busca e apreensão se mostravam imprescindíveis para assegurar a preservação de elementos comprobatórios de materialidade e autoria. “É necessário que se obtenha o material relacionado à prática de crime especialmente anotações, arquivos de computador, contratos, agendas de telefone, eletrônicos que arquivem dados, comprovantes de pagamentos ou de depósitos e mídias, sem prejuízo de qualquer outra prova de cometimento de crime”.
De acordo com o jornal O Globo, decisão do ministro Benedito Gonçalves se baseou em dois fatos conhecidos durante as investigações. Durante a Operação Favorito, foi encontrado um contrato entre o escritório de advocacia da primeira-dama, Helena Witzel, e a empresa DPAD serviços diagnósticos limitada, que possui como sócio Alessandro de Araújo Duarte, apontado como operador do empresário Mário Peixoto. Na decisão, também são citados depósitos feitos em nome da mulher do governador.
O ministro Benedito Gonçalves citou ainda em sua decisão um almoço entre Mário Peixoto e o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, revelado pelo jornal carioca na semana passada. Informações do Portal A Tarde.