O Projeto Bichos do Pantanal, criado pelo Instituto Sustentar e patrocinado pela Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental, lançou o concurso É o Bicho, que recebe fotos de animais silvestres até o dia 30 de maio, publicadas no Facebook ou no Instagram por pessoas de todas as idades e de todo o país.
“[Com o objetivo de] aliviar um pouco o estresse do isolamento das pessoas na quarentena, a gente está criando algumas atividades virtuais”, destacou à Agência Brasil a diretora executiva do Instituto Sustentar, Jussara Utsch. Uma delas é a campanha É o Bicho.
Jussara informou que o prêmio visa promover a reconexão das pessoas com a natureza. O projeto foi trazido dos Estados Unidos pelo ecólogo Douglas Trent, diretor de pesquisas e mentor do Projeto Bichos do Pantanal. Na avaliação de Trent, dificilmente se encontra um brasileiro que saiba de forma correta quantas espécies de aves ou árvores, por exemplo, existem na região onde ele mora. “Nós brasileiros estamos no país com a maior biodiversidade do planeta, mas não temos essa conexão com a vida silvestre”, disse a diretora executiva do Instituto Sustentar. “Os gringos vêm para cá e promovem observações de aves, de macacos, onças. E os brasileiros, não.”
Ampliando o conhecimento
Por isso, o prêmio tem o objetivo de reconectar as pessoas com a natureza, ampliar o conhecimento sobre essa biodiversidade brasileira. “Ele é restrito a zonas habitadas, porque agora as pessoas estão em casa. Mas qualquer pessoa, em qualquer lugar do Brasil, pode participar observando qual a espécie de vida silvestre ela consegue ver no quintal dela, no jardim, através da janela, na praça em frente, na árvore em frente à janela dela”, afirmou a diretora.
Douglas Trent destacou que o prêmio não deve ser visto somente como um concurso. “Essa é também uma ação de registro nacional da vida silvestre em centros urbanos e rurais habitados, possibilitando um grande inventário da fauna presente nas regiões do país”, afirmou. “A finalidade do concurso é quantificar a vida silvestre. As pessoas vão ajudar a fazer um inventário das espécies de vida silvestre pelo país afora. A gente vai reunindo essas informações”, complementou Jussara.
O tema do concurso é “Vida Silvestre com mamíferos, aves, répteis, peixes e anfíbios”. Os registros poderão ser fotográficos ou videográficos. Os materiais postados deverão ser acompanhados da localização da foto. Serão contabilizados somente os registros de diferentes indivíduos por espécies. Isso significa que não serão contabilizados para o concurso fotos de um mesmo animal. Todas as postgens deverão conter a marcação do perfil do Projeto Bichos do Pantanal nas redes sociais, por meio da hashtag #Premioeobicho e do perfil @projetobichosdopantanal, no Facebook e no Instagram.
Restrições
Jussara Utsch salientou que só poderão ser fotografados animais silvestres em liberdade na natureza. Não serão aceitas fotos de animais domésticos, nem de animais em cativeiro em zoológicos e reservas comerciais de caça, entre outras condições estabelecidas pela premiação. Mais informações podem ser obtidas aqui.
Os dois primeiros colocados, que enviarem o maior volume de fotos, receberão um kit do Projeto Bichos do Pantanal, com chapéu safari, boné, camiseta, garrafas, sacola ecológica com caneta, lápis e bloco, cartilha e livro do projeto. Eles serão conhecidos em junho próximo.
Jussara ressaltou que o vencedor mais bem colocado poderá ainda acompanhar o pesquisador do projeto em uma expedição de barco pelo Rio Paraguai. “É legal porque, além de vivenciar toda a beleza do Pantanal, a pessoa vai ter um aprendizado bacana. Se for criança, tem que ir acompanhada de um responsável”. A expedição parte de Cáceres, Mato Grosso, e não inclui custos de transporte, hospedagem ou alimentação. A diretora executiva do Instituto Sustentar esclareceu que, em virtude da pandemia do novo coronavírus, a expedição só será realizada quando as atividades de campo do projeto, que estão paralisadas agora, voltarem a ser feitas.
Hors concurs
Uma comissão formada pelos coordenadores do Projeto Bichos do Pantanal, dos quais três são fotógrafos profissionais, vai escolher as dez melhores fotos hors concurs, ou seja, consideradas excepcionais e fora do concurso, pelos critérios de criatividade, estética, qualidade artística e pertinência com o tema proposto. Depois dessa pré-seleção, que será feita em junho, haverá uma votação aberta no Instagram para os usuários participarem e, por fim, escolherem a melhor foto. O resultado será divulgado ainda no primeiro semestre, disse Jussara Utsch.
Os participantes que puderem colaborar voluntariamente com o Projeto Bichos do Pantanal, fornecendo dados de localização da espécie registrada, poderão preencher o formulário disponibilizado no site e incluir os dados de GPS neste link.
Educação ambiental
O biólogo Mahal Massavi Evangelista, coordenador de Educação Ambiental do Projeto Bichos do Pantanal, explicou à Agência Brasil que o projeto segue a linha de educação ambiental voltada ao contato com a observação das espécies, a estar próximo ou no ambiente das espécies, “pensando na questão do conhecimento em etapas”.
Como pesquisador e educador, Mahal Evangelista vê a educação ambiental como uma possibilidade de prática pedagógica. De alguma forma, disse que ela já está inserida em alguns currículos escolares, mas ainda não é dominante em todo o país. A proposta do projeto é atuar diretamente nas escolas com a crianças, junto com os professores, dentro dos parâmetros nacionais curriculares, englobando desde o ensino fundamental até o ensino médio. Nas duas fases do projeto, mais de 100 mil crianças já foram impactadas, das quais 35 mil na segunda fase que está em andamento. “Nossa intenção é que a nossa experiência sirva como base, modelo ou forma de reflexão, tendo a educação ambiental como princípio pedagógico.”
O Projeto Bichos do Pantanal faz pesquisas para conservação de espécies do pantanal, educação ambiental e desenvolvimento local para geração de emprego e renda. Ele atua na área de educação ambiental desde 2013, em escolas das redes municipal e estadual de ensino nos municípios de Cáceres e Porto Estrela, em Mato Grosso. A partir da base criada, o pesquisador afirmou que a meta é levar a experiência para outras cidades, a partir de parcerias no estado. EBC.