Ainda em meio à pandemia do novo coronavírus, alguns dos principais destinos turísticos da Bahia começam a retomar ou planejar a volta das atividades, em busca de um disputado mercado nacional.
Além da reabertura de resorts e hoteis no Litoral Norte, Sul e Extremo Sul do estado, há a perspectiva de uma retomada em setembro em Morro de São Paulo e Maraú, de acordo com o secretário estadual de Turismo, Fausto Franco. Em Salvador, a reabertura do Mercado Modelo foi vista como um pontapé inicial, pelo menos simbólico, por integrantes do trade turístico. Na próxima semana, será inaugurado o Centro de Recuperação do Turismo nna capital.
Além disso, houve retomada de voos para cidades como Ilhéus e Porto Seguro. Em Salvador, a entrega da pista principal do aeroporto, que aconteceria no dia 15 de agosto, foi reagendada para 1ª de setembro.
Em Mata de São João, onde ficam Praia do Forte e Imbassaí, serão reabertos hoje restaurantes e parques temáticos. O complexo hoteleiro de Costa do Sauípe, também localizado no município, foi reaberto há duas semanas. Embora já com o funcionamento autorizado, outros grandes estabelecimentos da região devem retornar as atividades em setembro, diz o prefeito Marcelo Oliveira.
O gestor afirma que a infraestrutura montada no município pode suportar uma eventual alta dos casos de coronavírus com a reabertura. “Hoje temos maior número de curas do que de novos casos. São 82 casos em tratamento domiciliar e um hospital com infraestrutura, sem nenhum paciente internado no momento. O último paciente recebeu alta na segunda-feira”, diz o prefeito. Oliveira destaca que bares e barracas de praia ainda não serão reabertos.
Em Itacaré, o prefeito Antônio de Anízio anunciou, na última quarta-feira (29), que os equipamentos turísticos serão reabertos a partir do dia 14 de agosto, de forma gradual. Em Prado, desde julho foram autorizadas atividades relacionadas ao turismo, como o funcionamento de hoteis e alugueis por temporada.
Franco diz que, na retomada, o turismo regional será o foco. Segundo o titular da Setur, antes da pandemia os próprios baianos já eram responsáveis por metade do fluxo turístico, o que traz boas perspectivas. “Neste segundo semestre, temos três feriadões que serão o termômetro do comportamento das pessoas”, aponta o secretário. O número de voos, que chegou a cair 90%, atualmente representa entre 25% e 30% do fluxo anterior à crise, acrescenta Franco.
“Vai ser uma briga de foice no escuro. São poucos os turistas, todo mundo vai ter que disputar o mercado nacional. Ainda mais depois de quatro meses, com as pessoas sem dinheiro. E nossa imagem está muito feia no mercado internacional”, reforça Silvio Pessoa, presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Fehba).
Conforme o dirigente da Fehba, o turismo é responsável por 20% do Produto Interno Bruto (PIB) de Salvador. Na pandemia, afirma Pessoa, foram mais de 80 mil postos de trabalho perdidos no estado – 60 mil em bares e restaurantes e 20 mil na hotelaria.
Presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens na Bahia (Abav-BA), a empresária Ângela Carvalho lembra que a retomada será lenta. “Não estamos esperando uma grande demanda. A expectativa é pelo verão de 2021, mas temos que dar esse start e é o que está acontecendo”, afirma.
Os representantes do trade também torcem por uma reabertura próxima dos bares e restaurantes em Salvador. Para isso, a taxa de ocupação de leitos de UTI para a Covid-19 deverá se manter em, no máximo, 70% até a próxima sexta-feira (7). Os presidentes da Fehba e Abav argumentam que, para uma retomada sustentada da atividade turística, a rede de serviços precisa acompanhar o movimento.
Tradicional destino turístico, a Chapada Diamantina não interrompeu completamente as atividades turísticas na pandemia. Em alguns municípios, como Palmeiras, Itaetê e Iraquara, pousadas chegaram a utilizar o apelo da quarentena, convidando pessoas a passarem o isolamento na região. “Loucura, né? É de uma irresponsabilidade incalculável. Eu não concordo, não apoio, mas infelizmente muitas vezes esse era o sustento de muita gente”, afirma o prefeito de Lençóis, Marcos Airton.
Apesar de Lençóis só ter registrado os primeiros casos de Covid-19 em julho, o prefeito, conhecido como Marcão, diz que ainda não há previsão de retomada do turismo na cidade. “Vamos reabrir gradualmente. Por enquanto, continuam fechados hoteis, agências de turismo e restaurantes só funcionam em delivery. O prejuízo deles será maior se a gente reabrir. Não vai ter turista”, argumenta.
Em Porto Seguro, onde atividades ligadas ao turismo seriam autorizadas a partir de hoje, a prefeitura expediu um novo decreto municipal, no qual foi determinado o fechamento, até 10 de agosto, de restaurantes, barracas de praia, bares e quiosques, além da proibição do acesso às aldeias indígenas e parques. Informações do Portal A Tarde.