Reformulação do futebol, perfil do elenco e contratações: Bellintani explica planejamento para 2021

Foto: Felipe Oliveira/ EC Bahia

O Bahia pretende fazer, a curto prazo, até sete contratações para repor a saída de atletas que tiveram o contrato encerrado ao fim do Campeonato Brasileiro.

A informação foi dada pelo presidente do clube, Guilherme Bellintani, em entrevista concedida na noite desta quarta-feira para revelar o planejamento para a temporada. Segundo o presidente, serão contratados um goleiro, um zagueiro, até três volantes e dois atacantes de beirada.

– A gente também tem que repor as saídas que tivemos. Precisamos de um goleiro, sofremos com a quantidade de goleiros que tínhamos na reta final do Brasileiro. Precisamos de um goleiro que nos dê segurança e componha bem a opção que vai ser dada aos treinadores para escolha dos goleiros. Precisamos de um zagueiro, em curto prazo, para repor a saída de Ernando, estamos providenciando. Dois volantes, por causa das saídas de Gregore e Ronaldo. Precisamos de um ou dois jogadores de beirada, porque são setores do time em que a gente está visivelmente carente desde a saída de Élber. Pode chegar um terceiro volante, porque a gente terminou o ano com três volantes, então talvez precisemos dar mais opções ao treinador. Outras mudanças só vão acontecer, outras contratações, quando alguns que estão aqui saírem ou mais perto do Brasileiro, quando a gente identificar o aproveitamento dos jogadores do time de transição, a evolução financeira do clube e a necessidade a partir dos jogos que tivermos na Copa do Brasil e do Nordeste – afirmou.

O presidente tricolor também explicou como vai funcionar a reestruturação do departamento de futebol do clube, que será alicerçado em dois pilares: um técnico, para desenvolver a inteligência no futebol; e outro gerencial, de relacionamento com o mercado.

O primeiro pilar, responsável por prospectar atletas e aproveitar os talentos da base, será de responsabilidade de Júnior Chávare, confirmado pelo presidente. O segundo, de relação com empresários e equipes, ficará a cargo de Lucas Drubscy.

Na prática, um determina a política de contratação, enquanto o outro executa.

– Com dois pilares muito claros: um que diz respeito a um pilar técnico, trabalho que vai ser realizado para desenvolver inteligência de futebol do clube, análise de talentos, conhecer talentos do futebol, promover a observação de jogadores que não estão aqui. Da porta para dentro, conseguir mais dinamismo desde a base até o time de transição e o profissional. Esse novo pilar vai ser responsável por toda a estratégia de captação de talentos e aproveitamento dentro do clube. Além disso, relação com comissão, profissionais do departamento técnico de futebol. Do outro lado, o pilar mais focado na parte gerencial e relacionamento com mercado e outros clubes. Esse outro pilar, que tem a presença de Drubscky, responsável pelo relacionamento com instituições, clubes, mercado. Em síntese, haverá o núcleo do futebol propriamente dito, que vai desenvolver estratégias de captação e contratação. E outro de relacionamento com mercado, que vai fazer um vínculo maior com o mercado, os empresários. Isso acaba com a figura central do diretor de futebol, que acumulava as duas funções e ficava sobrecarregado. Drubscky é o responsável por todo o relacionamento e negociação com empresários. Hoje a gente tem a chegada de Chávare, que já foi um pouco divulgado na imprensa, que vai assumir outra função, de projeto, planejamento do futebol do Bahia dentro das quatro linhas, que envolve um vínculo com as comissões das categorias de base, time de transição e profissional. Junto com uma reformulação do departamento de análise e estatísticas, que vai ter uma ampliação grande, e toda a política de contratação, no que se refere à escolha de jogadores, parte técnica e todo o desenvolvimento de contratação. A antiga diretoria de futebol está dividida entre Chávare e Drubscky. Além disso, teremos a reformulação grande do departamento de análise, com a chegada de profissionais, e um novo coordenador das divisões de base. Assim completamos o departamento de futebol. Tirando uma figura mais centralizadora de diretor e desmembrando, ampliando o processo de decisões de contratação, análise de desempenho, mercado e relacionamento com clubes – afirmou.

Ao lado de Vitor Ferraz, Guilherme Bellintani afirmou que o ano de 2021 será marcado por muitas mudanças, após uma temporada em que o clube acumulou decepções e brigou até o fim do Campeonato Brasileiro contra o rebaixamento.

– A diretoria de futebol não existe mais. Mas agora a gente passa a um grupo maior, que tem discutido muito desde o final do Brasileiro, a formação do elenco. E a gente já vê mudanças. Talvez seja o ano em que tenha mais mudança em relação aos três anos anteriores. A gente não teve o alcance de resultados que a gente projetava. Qualquer mudança que seja só na estrutura do departamento de futebol não completa a mudança que a gente quer fazer. A gente tem que mudar o elenco. E já começou. Não renovamos com ninguém que tinha contrato encerrando. Além disso, alguns jogadores que estão aqui também é possível que não continuem, mas ainda têm contrato. Então, enquanto não resolvemos essa situação, eles permanecem no clube. Mas não estamos vislumbrando tanto um futuro, e deve haver ainda mais saídas em relação ao elenco que se reapresentou – disse.

Uma das mudanças será na característica do elenco. Em vez de jogadores mais rodados, o torcedor deve esperar por atletas jovens, menos badalados e mais baratos no mercado.

– A gente viu que, em 2020, trouxe jogadores caros, com capacidade técnica analisada e aprovada, mas que não conseguiram mostrar, em muitos casos, a capacidade técnica ou fazer diferença competitiva em campo. O que vamos buscar é um elenco om perfil mais intenso, mais jovem, e menos estruturado em jogadores tarimbados ou que estejam com preço acima do que podemos pagar. Naturalmente, a gente não concorda em dizer que o elenco tem perfil único, só de jovens, só de jogadores de marcação forte. Elenco bom é o que mescla perfis diferentes de jogadores – afirmou o presidente tricolor.

Confira outros trechos da entrevista de Bellintani

Déficit orçamentário
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O Bahia traçou um orçamento para 2021, que reflete o déficit orçamentário vindo de 2020. A gente arrecadou R$ 60 milhões a menos do que estava projetado. Dos clubes de orçamento médio do Brasil, o Bahia foi um dos que mais sentiu, porque grande parte do faturamento é alocado na torcida, na presença no estádio e no sócio Acesso Garantido. Lembrando que a gente chegou a bater 34mil acessos garantidos antes da pandemia. Desenvolvemos o orçamento de 2020 lastreados neste número. Mesmo tendo a permanência de muito grande de sócios que entenderam a necessidade, tivemos uma perda significativa, somado à queda do mercado, mercado comprador de atletas, a redução de faturamento em bilheteria. A gente vê um déficit no orçamento de 2020 que a gente carrega para 2021. Vai ser um ano de situação financeira muito delicada, com a formação de um elenco. Sem dúvida, não vamos fazer grandes investimentos, salários de 400 mil, comprar jogadores. E isso requer mais competência e habilidade para identificar jogadores que sejam financeiramente abaixo do que a gente investia, mas com condições técnicas, barriga vazia, para querer fazer história dentro do clube. Em toda dificuldade, há uma oportunidade. Quando a gente tem a dificuldade de não poder investir no mercado, a gente tem que ter competência para encontrar jogadores com mais intensidade, vontade de vencer e que venham na realidade financeira de 2021, que é delicada. Se a gente já tinha muita coerência e cuidado ao investir, em 2021, isso vai ser ainda mais intenso.

Perfil da equipe
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Não diria que a gente rendeu apenas de forma reativa. A gente conseguiu ser mais fechado, mas conseguiu jogar com qualidade quando tinha a bola. Um dos principais problemas foi a tentativa de ser um time mais técnico e propositivo. Com isso, perdemos intensidade, a proteção maior da nossa zaga, o jogo corpo a corpo, intenso. E a gente trocou por um time mais técnico. Não deu resultado. Para 2021, queremos um equilíbrio maior. Que não seja um elenco reativo, porque não é o nosso modelo de jogo, não está no DNA do Bahia. Mas que não seja um time tão desprotegido e pouco intenso no dia a dia, nas batalhas que a gente tem que enfrentar, com times que vêm de maneira intensa e tecnicamente superior a nós. A gente precisa de equilíbrio. Então eu diria que nem um time só reativo nem tão técnico quando a gente tentou ser.

Temporada atípica
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A gente vem de uma temporada muito atípica, tanto fora de campo, quando a gente passou alguns meses afastados do futebol, com reflexos diretos no dia a dia do clube, um ano absolutamente atípico para a sociedade brasileiro e para o mundo inteiro. Isso tem reflexo dentro de campo. Sofremos dentro e fora de campo. Não quero colocar que a temporada ruim foi reflexo da pandemia e dos problemas da covid. Naturalmente, não. Mas, de fato, a gente vem de uma temporada que requer a nossa observação de tudo que a gente fez. A partir daí, promover uma nova temporada. A gente começa com o olhar para trás, olhando o que aconteceu para projetar 2021, para que o que aconteceu tenha reflexos no futuro do clube, não só no curto prazo, mas no triênio da gestão.

Vitor Ferraz, sobre feminino
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Planejamento avançado. Já trouxemos algumas atletas para repor aquelas que nos deixaram. Há um entendimento da necessidade de elevar o nível, já que passamos à primeira divisão. Novidade é que estamos iniciando um processo de profissionalização dessas atletas, que tinham contratos amadores com o clube. Elas passam a ter contratos profissionais. É uma forma de reconhecimento da modalidade, do trabalho das meninas e mérito delas. O planejamento está em curso, ainda fechando algumas contratações. Em breve, vamos apresentar todo o elenco. Vamos ganhar em competitividade.

Sobre Ramírez
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Cirurgia dele foi bem sucedida. Caiu nas graças da torcida, agradou à comissão. Foi um investimento importante. A gente tem até o fim do ano para exercer a compra de 50% dos direitos econômicos e federativos dele, temos tempo para isso. A expectativa dele de voltar no segundo semestre é grande. Vai nos ajudar. Naturalmente, a gente conseguindo exercer opção de compra no final do ano, montar estratégia para que fique aqui conosco por mais tempo. Informações do Globo Esporte Bahia.