Sagasti assume presidência do Peru em meio a profunda crise política

Francisco Sagasti tomou posse na terça-feira (17) como presidente do Peru com a promessa de dar ao país, especialmente aos jovens, confiança e esperança depois de uma semana de profunda tensão política e violência na repressão a protestos populares.

Segasti fez discurso sensível e dedicado a Jack Pintado e Inti Sotelo, que tinham 22 e 24 anos quando foram assassinados durante os protestos que marcaram a crise política e institucional que o país enfrenta e que ele tentará resolver.

Em notável contraste com seu antecessor, Manuel Merino, que tinha assumido a presidência na última terça-feira após a destituição de Martín Vizcarra pelo Congresso – um acontecimento considerado “ilegítimo” pela grande maioria dos peruanos -, Sagasti ofereceu um discurso conciliatório, aberto e com constantes acenos aos jovens.

Governo plural

O novo presidente, que ainda não confirmou quem fará parte de seu governo, disse que formará um gabinete “plural” com a vontade de ser “um ponto de encontro” para várias ideias que “alcancem compromissos reais de ação compartilhada”.

Sagasti indicou que seu primeiro compromisso e desafio será assegurar que as eleições de abril de 2021 sejam “realizadas sem contratempos e absolutamente limpas”. Ele também garantiu que o governo manterá “absoluta neutralidade no processo”.

Como segundo pilar, ele disse que enfrentará “a grave crise causada pela pandemia na saúde e na economia”, com a promessa de promover serviços públicos de qualidade em saúde e educação, com ênfase especial na promoção da ciência e tecnologia como soluções para ambos os problemas.

Segasti declarou ainda que será feito um trabalho para melhorar a “segurança dos cidadãos”.

“Mas a primeira coisa será redobrar esforços para encontrar aqueles que desapareceram (nos protestos) e instigar o Ministério Público a realizar mais investigações sobre as ações que causaram a tragédia. Não haverá impunidade”, frisou, em uma clara referência às exigências dos cidadãos após a repressão policial dos últimos dias.

Sem despesas

Sagasti, de tendência centro-liberal, também destacou que seu governo terá “gestão responsável das finanças” e que haverá “estabilidade econômica e equilíbrio fiscal”.

“Estamos cientes das lições de deixar de lado esta condição fundamental para uma melhor distribuição da riqueza, estabilidade e equilíbrio fiscal”, disse.

“Cuidaremos dos assuntos mais urgentes, e o faremos respondendo à estabilidade e ao equilíbrio, porque, se não o fizermos, todo o país perde. E, se perdermos, teremos desemprego e inflação”, acrescentou. Da Agência EFE.