O grupo preso em operação nesta terça-feira (26) comandava um tribunal do crime em Camaçari e outras cidades da Região Metropolitana de Salvador, segundo a Polícia Civil. Usuários de drogas com dívidas, pessoas flagradas praticando furtos em áreas comandadas pelo grupo, rivais e ex-comparsas foram vítimas desse “tribunal”. A operação aconteceu após um ano de investigação.
“Eles criaram, para retaliar, uma espécie de julgamento. E faziam o que? Matavam, ali naquelas dunas de Abrantes, na região de Camaçari, matavam seus rivais, ou aquelas pessoas que de algum modo contrariassem, ou devessem, até usuários envolvidos com drogas”, conta o delegado Yves Correia. Não foi informado quantas pessoas foram mortas nesse “tribunal”.
“Eles retaliavam simplesmente por quaisquer motivos, sobretudo assim… ‘Ele caguetou’, ‘Ele tá devendo droga aqui, não pagou, vamos chamar ele pra disciplina’. Os próprios ex-integrantes do grupo eram levados para lá e aplicada essa chamada “disciplina”. Por isso o nome da operação disciplina”, explica. “Eles torturavam as vítimas e de fato matavam”, acrescenta. As mortes eram por arma de fogo, mas a polícia diz que as vítimas também era surradas violentamente.
A delegada Maria Danielle acrescenta: “Eles agiam na região explorando o tráfico de drogas. Aí os traficantes que perdiam drogas, que não atendiam ao comando da organização criminosa, e pessoas que faziam furtos e roubos lá, que eles identificavam, eles faziam esse tribunal da disciplina e assassinavam”.
Doze pessoas foram presas, quatro delas em Salvador – onze em cumprimento a mandados e um em flagrante. Além disso, três suspeitos que reagiram à abordagem morreram em troca de tiros, diz a polícia. Entre os presos, dois são considerados suspeitos pela morte do guarda municipal Tiago Duarte Barbara, em fevereiro deste ano em Salvador. Três deles também são suspeitos de participar da morte do percussionista Renato Santos Evangelista Sobrinho, em dezembro do ano passado.
“(A gente) acabou desarticulando inclusive um esquema de entrada de celulares nos presídios onde figuravam os maiores líderes criminosos na Bahia”, acrescenta o delegado Yves. “A gente focava em algo mais direcionado ali em Abrantes e acabou acertando coisas ainda mais importantes”. Informações do Correio.