11 dos 22 criminosos mais procurados do Brasil estão recebendo o auxílio emergencial de R$ 600 pago pelo governo federal. Segundo o “Fantástico”, da TV Globo, a lista conta com traficantes, assassinos e ladrões de banco.
O noticiário dominical da Globo revelou uma série de fraudes no programa do Ministério da Cidadania. Além dos foragidos, brasileiros que moram no exterior também foram beneficiados com o auxílio para os mais vulneráveis.
A investigação do “Fantástico” foi feita a partir da lista de foragidos, publicada no site do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A reportagem cruzou os nomes dos criminosos mais procurados do país com a base de dados de solicitantes do auxílio emergencial. Na identificação do cadastro de 11 deles, os recursos constavam como liberados.
Ao todo, 58 milhões de brasileiros tiveram o requerimento aprovado e liberado pela Caixa e Dataprev, responsável pela análise dos cadastros.
A lista de beneficiários irregulares inclui nomes como William Moscardini, o Baixinho, acusado de participar do roubo de R$ 60 milhões de uma empresa de transporte de valores no Paraguai, em 2017. Ele nunca foi preso por esse crime, mas recebeu duas das três parcelas do auxílio.
Outro foragido beneficiado é Leomar de Oliveira Barbosa, o “Playboy”. Condenado a 36 anos de prisão, ele era o braço direito de Fernandinho Beira-Mar.
Especialistas ouvidos pelo “Fantástico” suspeitam que não tenha havido o cruzamento de informações prestadas no cadastramento do auxílio com outras bases de dados disponíveis, como a do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
27 mil foragidos
Segundo o relatório de investigação da Controladoria-Geral da União (CGU), obtido pela reportagem, mais de 27 mil foragidos tiveram o auxílio emergencial aprovado pela Caixa. Só com o pagamento da primeira parcela o governo federal gastou mais de R$ 16 milhões. Em São Paulo, por exemplo, o benefício foi liberado para 6.879 foragidos.
Além de criminosos, a investigação da CGU identificou golpistas que receberam os recursos utilizando dados de pessoas que já morreram, além de presos que se cadastraram com celulares que circulam dentro das cadeias.
Moradores no exterior também estão recebendo os recursos de modo irregular. Em Portugal, brasileiros confirmaram, em conversas em grupos de aplicativos de mensagens, que deram entrada no benefício. Em chats também obtidos pelo “Fantástico”, uma das brasileiras chega a brincar: “Já dá pra fazer um churras (churrasco).”
Uma outra pessoa tentou justificar, alegando a alta carga tributária paga quando morava no Brasil: “Tanto desconto lá e nunca fui beneficiada. Eu fiz e deixei na poupança das crianças.”
Em nota ao “Fantástico”, o Ministério da Cidadania informou que há “casos em reanálise que estão passando por filtro de checagem” para evitar o pagamento indevido. A pasta disse, ainda, que as parcerias com órgãos de controle auxiliam na fiscalização e que, quando identificado, será cobrada a devolução do valor recebido indevidamente. Informações do Correio.